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Em visita a Nagasaki, Ban pede a eliminação das armas nucleares

O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, com Sumiteru Taniguchi, um sobrevivente da bomba atômica. Atrás de ambos, uma conhecida foto de Taniguchi mais novo, pouco tempo após os ataques dos EUA. Foto: ONU.O Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, honrou hoje (5) as vítimas do bombardeio atômico de Nagasaki, lembrando que sua visita à cidade japonesa reforçou sua convicção de que as armas nucleares devem ser banidas.

“A única maneira de garantir que tais armas nunca voltarão a ser usadas é a sua eliminação”, disse, ao colocar uma coroa de flores no monumento que lembra as vítimas. “Este é um monumento à convicção de que nunca devemos permitir que tal devastação seja infligida em qualquer população, em qualquer lugar, nunca mais”, frisou.

Na cidade, Ban encontrou-se com hibakusha, ou vítimas das explosões. “Suas feridas são chocantes. Sua coragem, inimaginável”, disse aos repórteres na catedral Urakami, a uma curta distância do local do bombardeio. O uso de suas experiências para promover a paz e o desarmamento é inspiradora e humilde.”

Amanhã, Ban Ki-moon será o primeiro Secretário-Geral a assistir à Cerimônia do Memorial da Paz, no 65º aniversário do ataque nuclear em Hiroshima.

Quando Hiroshima foi bombardeada, em 6 de agosto 1945, e Nagasaki, três dias depois, mais de 200 mil pessoas morreram devido à radiação nuclear, as ondas de choque das explosões e a radiação térmica provocadas pelas bombas. Desde 1945 até hoje, mais 400 mil pessoas perderam suas vidas devido aos efeitos da radiação.

Especial Copa do Mundo: Coreia do Norte, primeiro adversário do Brasil

Mapa da Coreia do Norte. Fonte: UNA Seleção Brasileira de futebol estreia hoje (15) contra a seleção da Coreia do Norte na Copa do Mundo de Futebol da FIFA, realizada na África do Sul. Esta é a primeira vez que uma Copa do Mundo é realizada no continente africano.

O Mundial da África do Sul é a segunda Copa do Mundo de futebol na qual participa a Coreia do Norte. Em 1966, o país se classificou para as quartas-de-final. Agora, em seu retorno após 44 anos, o país mantém uma postura de sigilo e cautela não apenas com relação a suas táticas de jogo, mas também no tocante aos pronunciamentos à imprensa por parte de toda a equipe de futebol (mais detalhes ao final).

A Coreia do Norte – oficialmente República Popular Democrática da Coreia (RPDC) – tem, ao longo da sua história, se caracterizado por ser um país misterioso, isolado cultural e politicamente. O UNIC Rio apresenta um breve resumo dos principais acontecimentos do país desde suas origens.

História

A fundação da República Popular Democrática da Coreia se deu em 1948, como consequência direta da derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial e inserida no contexto das tensões internacionais que desencadearam na Guerra Fria. Em 1910, tropas nipônicas assumiram o controle da Península da Coreia e só saíram em 1945, quando as tropas aliadas tomaram o controle da região, dividindo suas áreas de atuação a partir do Paralelo 38, sendo o sul administrado pelos Estados Unidos e o norte pela União Soviética.

Em 1947, a Coreia do Norte convocou eleições com a proposta de unificação socialista do país e a saída progressiva das tropas soviéticas e americanas para o fim das influências externas. Ante à negativa do Sul, foi estabelecida formalmente a República Popular Democrática da Coreia. Em 1950, tropas norte-coreanas invadiram a Coreia do Sul em nome da reunificação e da chamada “Libertação da Terra Mãe”. A ONU decidiu enviar forças lideradas pelos Estados Unidos, que lançaram o contra-ataque e deram início à Guerra da Coreia. O conflito durou aproximadamente três anos (1950-1953), ocasionando terríveis perdas humanas e materiais pra ambos os países e mantendo a divisão da península.

Reunificação

Apesar de nenhum acordo de paz ter sido assinado por nenhuma das partes, atualmente os dirigentes políticos de ambas as Coreias estão comprometidos com um processo de reunificação pacífica. Com mais de 5.000 anos de história comum, a reunificação poderia parecer simples e inevitável, mas encontra obstáculos nas diferenças culturais surgidas nos últimos 60 anos, assim como na grande desigualdade econômica entre os países. Existe o medo de que a forte economia sulcoreana entre em colapso após a unificação.

Programa nuclear

A Coreia do Norte possui um programa nuclear existente desde meados dos anos 60, quando especialistas treinados na União Soviética criaram um complexo de pesquisa atômica em Yongbyon, cidade próxima a Pyongyang. Em 1985, autoridades norte-americanas anunciaram a presença de um reator nuclear em Yongbyon e a Coreia do Norte foi pressionada a assinar o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). Em 2003, a Coreia foi acusada de manter um programa clandestino e decidiu sair do TNP.

Em 2006, a Coreia do Norte realizou seu primeiro teste nuclear, que foi condenado pela ONU e pela comunidade internacional. O Conselho de Segurança, em sua Resolução 1718 do mesmo ano, determinou a aplicação de uma série de sanções econômicas à Coreia do Norte. Em 2009, foi registrado um novo teste nuclear realizado pelos norte-coreanos, gerando medo e decepção na comunidade internacional.

No último dia 07 de junho, o Conselho de Segurança aprovou em resolução unânime a extensão do mandato dos especialistas que monitoram o programa nuclear norte-coreano desde junho de 2009. O mandato trata de sanções das Nações Unidas sobre a República Popular Democrática da Coreia (RPDC). O Conselho insistiu que todos os Estados-Membros, a ONU e outras partes interessadas apresentem à comissão competente “todas as informações de que disponham sobre a aplicação das medidas impostas pelas resoluções 1718/2006 e 1874/2009”. Além disso, para estender o Painel de Peritos até 12 de junho de 2011, a resolução aprovada na semana passada solicitou ao grupo apresentar ao Conselho um relatório de meio período, até o prazo de 12 de novembro deste ano.

A Resolução 1718, aprovada pelo Conselho logo após a acusação de Pyongyang (capital da Coreia do Norte) ter conduzido testes nucleares em outubro de 2006, impôs sanções contra o país e exigiu que cessasse sua busca por armas de destruição em massa. E em junho de 2009, o Conselho aprovou a Resolução 1874, impondo uma série de medidas à Coreia do Norte, incluindo inspeções mais severas de carga suspeita de conter itens proibidos relacionados às atividades nucleares e mísseis balísticos do país. Um embargo de armas mais rigoroso, com exceção das armas ligeiras e novas restrições financeiras. Isto se deu na sequência do teste nuclear de 25 de maio de 2009, conduzido em “violação e flagrante de desrespeito” das resoluções do Conselho. O teste foi condenado pelo Conselho, que exigiu que a Coreia do Norte “não realize mais nenhum teste nuclear ou lançamento usando a tecnologia de mísseis balísticos”.

Incidente com navio de guerra

No começo de junho, a Coreia do Sul pediu formalmente ao Conselho de Segurança que investigue o naufrágio de um de seus navios de guerra. A República da Coreia – nome oficial da Coreia do Sul – alega que os ataques foram realizados pela vizinha Coreia do Norte.

No mês passado, Seul divulgou conclusões de um relatório internacional em que declara que seu o navio Cheonan foi atingido por um torpedo oriundo do país vizinho no final de março, reivindicando as vidas de 46 dos seus soldados.

Em um discurso à Korea Society no início deste mês, em Nova York, o Secretário-Geral da ONU Ban Ki-moon observou que o incidente é um “forte lembrete” da urgência em garantir a paz duradoura e a estabilidade na região. “Estou confiante de que a comunidade internacional e o Conselho de Segurança atendarão ao chamado para uma posição unificada em prol da paz”, concluiu.

Coreia do Norte na Copa

O Mundial de 2010 é a segunda Copa do Mundo de futebol na qual participa a Coreia do Norte. Em 1966, o país se classificou para as quartas-de-final, tendo participado de 16 jogos na fase eliminatória para a Copa – com 9 vitórias, 5 empates e 2 derrotas – e 4 jogos no torneio principal. Agora, em seu retorno após 44 anos, o país mantém uma postura de sigilo e cautela não apenas com relação a suas táticas de jogo, mas também no tocante aos pronunciamentos à imprensa por parte de toda a equipe de futebol.

Tal postura tem levado a mídia a questionar se isso ocorre apenas pelo fato dos jogadores não falarem inglês fluentemente, como justifica o técnico Kim Jong-Hun, ou se é uma questão política, seguindo as determinações do regime de Kim Jon-Il.

Recentemente a rede de televisão sul-coreana SBS acusou o serviço de televisão da Coreia do Norte (KBS) de ter pirateado seu sinal para transmissão da partida entre a África do Sul e o México, a primeira da Copa 2010. Entretanto, a Asia-Pacific Broadcasting Union afirmou que a Coreia do Norte transmitiu o jogo de forma legal. Nesta terça-feira (15), o sindicato do setor audiovisual asiático confirmou que o país conseguiu o direito de transmissão pela FIFA, assegurando não ter havido pirataria.

A próxima partida da equipe norte-coreana será contra Portugal, dia 21, na Cidade do Cabo – mesma seleção que eliminou os asiáticos em 1966, nas quartas-de-final. A Coreia do Norte encerra a fase de grupos contra a Costa do Marfim, dia 25, em Nelspruit.

(Por Javier Abi-Saab, Juliana de Paiva Ferreira e Clarissa Montalvão)

Conselho de Segurança impõe nova rodada de sanções ao Irã

O Conselho de Segurança votou nesta quarta-feira (09) a imposição de uma quarta rodada de sanções ao Irã, pedindo para o país suspender suas atividades de enriquecimento de urânio e solucionar pacificamente as questões pendentes sobre a natureza do seu programa nuclear. A nova resolução prevê restrições econômicas, políticas e militares.

O texto, que recebeu o apoio de 12 membros do Conselho, citou o risco que o programa nuclear iraniano representa e a contínua falha do país em cooperar com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Brasil e Turquia votaram contra a resolução. O Líbano se absteve.

O programa nuclear iraniano tem sido um tema de interesse internacional desde a descoberta, em 2003, de que o país escndera as suas atividades nucleares por 18 anos, violando as suas obrigações com o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

O Conselho de Segurança impôs várias rodadas de sanções ao Irã desde 2006, incluindo a proibição de todos os itens que possam contribuir para o enriquecimento de urânio do país, um passo necessário para ambos os usos, pacífico e militarista, da energia nuclear. Também restringiu as vendas de armas e congelou ativos. A Resolução 1929, o último texto, se baseia em sanções prévias, decidindo que o Irã não deve ter participação em qualquer atividade comercial com outro Estado-Membro envolvendo mineração de urânio, produção ou utilização de materiais e tecnologias nucleares.

O Conselho de Segurança também decidiu que todos os Estados-Membros devem impedir o fornecimento, venda ou transferência para o Irã de tanques e navios de guerra, veículos blindados de combate, sistemas de artilharia de grande calibre, aviões de combate, helicópteros de ataque, mísseis ou sistemas de mísseis. Ele ainda pediu aos Estados para tomarem todas as medidas necessárias a fim de impedir a transferência ao Irã de tecnologia ou assistência técnica relacionada a mísseis balísticos capazes de transportar armas nucleares.

Além disso, a resolução contém disposições para facilitar o bloqueio do país na utilização do sistema financeiro internacional, particularmente seus bancos. A medida busca evitar que essas instituições possam ser usadas para financiar as atividades e a proliferação de armas nucleares.

Por fim, a resolução alerta os Estados-Membros para a potencial ligação entre as receitas do setor energético do Irã e tecnologias relacionadas com a propagação de tecnologia nuclear militar. Assim, estabelece um Painel de Peritos da ONU para ajudar a fiscalizar e aplicar as sanções.

No mês passado, o Secretário-Geral Ban Ki-moon disse que a iniciativa do Brasil e da Turquia em relação ao combustível nuclear para um reator iraniano poderia ser um passo positivo e ressaltou a necessidade de transparência para ajudar a resolver as preocupações sobre o programa nuclear iraniano. Ban também pediu pessoalmente ao presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad para restabelecer a confiança internacional na natureza pacífica do programa nuclear de seu país, respeitando as resoluções do Conselho de Segurança e da AIEA.

Leia a resolução completa, de número 9948, no original em inglês clicando aqui.

Conselho de Segurança: Brasil se posiciona contra novas sanções ao Irã

Representante do Brasil na ONU justifica voto contra as sanções ao Irã. Foto: UN.Na reunião do Conselho de Segurança sobre a não-proliferação de armas nucleares desta quarta-feira (9), onde uma nova rodada de sanções contra o Irã foi aprovada, Brasil e Turquia foram os únicos países entre 15 votantes a se manifestarem contra a resolução. A representante permanente do Brasil junto às Nações Unidas, Maria Luiza Viotti, expressou seu descontentamento com a medida adotada ao se dirigir ao Conselho.

Viotti justificou o voto como um ato de respeito ao acordo assinado em 17 de maio entre Brasil, Turquia e Irã. Adotar as sanções na conjuntura atual seria ir contra os esforços brasileiros e turcos de negociar uma solução com o Irã. Ela declarou que sanções não seriam efetivas no momento e que levariam sofrimento ao povo iraniano, além de favorecer aqueles que não queriam uma resolução pacífica da questão.

Descrevendo a Declaração de Teerã como uma oportunidade única que não deveria ser descartada, Viotti destacou que o acordo foi aprovado por altos oficiais iranianos, assim como pelo Parlamento. O acordo previa o uso de energia nuclear e oferecia maneiras de verificar de forma plena seus objetivos pacíficos. Ela afirmou que a Declaração mostrava que diálogos funcionam melhor que sanções, além de expressar seu profundo lamento pelo documento não ter tido o reconhecimento merecido nem tempo suficiente para mostrar resultados.

A Representante também mostrou preocupação com a carta do Grupo de Viena – composto por EUA, França e Rússia – ter chegado algumas horas antes da reunião, sem dar tempo da reação do Irã. Também foi preocupante, acrescente, o fato de que os membros permanentes do Conselho, junto com um Estado que não é membro, negociarem a portas fechadas durante um mês. O Brasil reafirmou a importância de manter toda a atividade nuclear sob a guarda da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), enfatizando que as atividades do Irã não são exceção.

Viotti também afirmou que a resolução atrasaria o progresso das negociações e que as desconfianças sobre o programa nuclear do Irã não se resolveriam até que os diálogos se iniciem. Segundo ela, ao adotar as sanções o Conselho escolhe um de dois caminhos para se resolver a questão. Na opinião do Brasil, o Conselho de Segurança escolheu o caminho errado.

Programa nuclear iraniano é um “caso especial”, segundo chefe de Agência da ONU

Diretor Geral do AIEA discursa em VienaO chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse segunda-feira (07) que as dimensões do potencial militar do programa nuclear iraniano tornam o país um “caso especial” para a agência. Ele encorajou o país a tomar medidas para garantir que sejam plenamente aplicadas as obrigações internacionais do país.

O Diretor Geral da Agência, Yukiya Amano, disse ao corpo do Conselho de Governantes da AIEA,em Viena, que “o Acordo de Salvaguardas do Irã exige que a Agência tente verificar tanto o não-desvio de material nuclear das atividades declaradas quanto a ausência de material e atividades nucleares não declarados”.

O programa nuclear iraniano – que seus representantes tem declarado ser para fins pacíficos, mas outros países afirmam ser impulsionado por ambições militares – tem sido uma questão de interesse internacional desde a descoberta, em 2003, de que o país tinha escondido suas atividades nucleares por 18 anos, em violação às suas obrigações com o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

Amano disse que a “cooperação necessária” por parte do Irã incluiria a implementação de resoluções, tanto do Conselho de Governantes da AIEA quanto do Conselho de Segurança, como também a inserção do Protocolo Adicional, um conjunto de garantias destinadas a reforçar a capacidade da Agência de assegurar que um Estado não tenha material nuclear não-declarado.

Sob um acordo mediado no mês passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e pelo primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, da Turquia, o Irã enviaria seu urânio pouco enriquecido para fora do país em troca de urânio altamente enriquecido para a pesquisa nuclear civil na capital iraniana. Essa iniciativa segue um projeto de fornecimento de combustível para o Irã, aprovado pela França, Rússia e pelos Estados Unidos, mas que não fora aceito pelo Irã. O urânio pouco refinado pode ser usado para reatores de energia civis, mas quando purificado a um grau bem mais elevado também pode ser usado para fazer armas nucleares.

No final do mês passado, o Secretário-Geral Ban Ki-moon pediu ao Irã para acabar com o enriquecimento contínuo do metal radioativo, estabelecendo sua pureza em 20%, de modo a reforçar a confiança mútua em relação ao programa nuclear do país. Mesmo depois de concordar com o pacto entre Brasil e Turquia, o Irã prometeu continuar este processo de enriquecimento, conforme observou Ban.

Em seu discurso ao Conselho de Governantes, Amano também relatou que a Síria não coopera com a AIEA desde junho de 2008. O Diretor Geral observou também que a Conferência Geral da AIEA aprovou uma resolução no ano passado, na qual se manifestava preocupação acerca da capacidade nuclear de Israel, chamando o país a aderir ao TNP. Ele disse que está aguardando a entrada dos Estados-Membros na busca dos objetivos da resolução.