Ban Ki-moon fala sobre o “suicídio global”

Ban Ki-moon em Davos (Suíça)O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu uma “ação revolucionária” para alcançar o desenvolvimento sustentável, alertando que o consumo desatento de recursos do último século é “um pacto de suicídio global” com o tempo cada vez mais curto para garantir um modelo econômico sustentável. “Destaco o recurso que é o mais escasso de todos: o tempo,” disse ao Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça) durante sessão dedicada à redefinição do desenvolvimento sustentável. “Estamos correndo contra o tempo. Tempo para combater as alterações climáticas. Tempo para garantir um crescimento verde, adaptável às mudanças climáticas e sustentável. Tempo para iniciar uma revolução de energia limpa.”

Ban Ki-moon referiu-se ao desenvolvimento sustentável como a agenda de crescimento do século 21 e enumerou uma série de erros de desenvolvimento com base em uma falsa crença na infinita abundância de recursos naturais que alimentou a economia no século passado. “Minamos nosso caminho para o crescimento”, disse. “Queimamos o nosso caminho para a prosperidade. Acreditamos no consumo sem consequências. Aqueles dias se foram. No século 21, os recursos estão se esgotando e a temperatura global está muito alta.”

Ele pediu aos líderes empresariais presentes para se juntarem ao Pacto Global, criado há onze anos pelas Nações Unidas como a maior iniciativa de responsabilidade corporativa do mundo, para que as empresas alinhem suas operações com dez princípios aceitos universalmente nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. O Secretário-Geral também pediu aos governos de todo o mundo que tomem as medidas necessárias à construção de uma economia verde.

Em entrevista coletiva, Ban Ki-moon apontou sua dedicação em Davos para a criação de uma dinâmica sobre os esforços ligados às alterações climáticas, destacando que o acordo entre todas as nações é necessário e possível. “Pode não ser fácil, mas raramente o são aquelas coisas que valem a pena fazer,” disse.

As conferências promovidas pela ONU em Copenhague (Dinamarca) e Cancún (México) nos últimos treze meses reduziram algumas diferenças e incluíram promessas de ajuda aos países em desenvolvimento na atenuação dos efeitos das alterações climáticas e medidas para o combate ao desmatamento, que responde por quase um quinto das emissões de carbono responsáveis pelo aquecimento global. Mas os principais componentes de um acordo para limitar o aumento da temperatura média mundial continuam a ser trabalhados.