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Patrícia Campos Mello e Glenn Greenwald. Fotos: Felipe Campos Mello (Divulgação)/David dos Santos (My News Desk)

Patrícia Campos Mello e Glenn Greenwald serão homenageados com Prêmio Especial Vladimir Herzog 2019

Patrícia Campos Mello e Glenn Greenwald. Fotos: Felipe Campos Mello (Divulgação)/David dos Santos (My News Desk)
Patrícia Campos Mello e Glenn Greenwald. Fotos: Felipe Campos Mello (Divulgação)/David dos Santos (My News Desk)

Os jornalistas Patrícia Campos Mello (Folha de S.Paulo) e Glenn Greenwald (The Intercept Brasil) receberão o Prêmio Especial Vladimir Herzog neste ano. Além deles, Hermínio Sacchetta (in memoriam), ícone das antigas redações e de gerações inteiras de jornalistas brasileiros, será homenageado.

A decisão foi anunciada na quarta-feira, 21 de agosto, pela comissão organizadora do 41º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, que acontece no dia 24 de outubro deste ano.

Desde 2009, as instituições promotoras retomaram a proposta original do prêmio, que previa homenagear a cada edição personalidades ou jornalistas com atuação destacada no período, assim como pelos relevantes serviços prestados às causas da democracia, paz e justiça.

Nessas últimas quatro décadas, já foram homenageados Lourenço Diaféria (in memoriam), David de Moraes, Audálio Dantas, Elifas Andreato, Alberto Dines, Lúcio Flavio Pinto, Perseu Abramo (criador do Prêmio, in memoriam), Marco Antônio Tavares Coelho, Raimundo Pereira, Sandra Passarinho, Rubens Paiva (in memoriam), Mino Carta, Mauro Santayana, Daniel Herz (in memoriam), Eduardo Galeano (in memoriam), Elio Gaspari, Cláudio Abramo (in memoriam), Tim Lopes (in memoriam), D. Paulo Evaristo Arns (in memoriam), Rose Nogueira e Bernardo Kucinski

Os homenageados de 2019

Patrícia Campos Mello atua como repórter especial e colunista da Folha de S. Paulo. Foi recentemente agraciada com o Prêmio Internacional da Liberdade de Imprensa do Comitê de Proteção ao Jornalista após sofrer represálias e ameaças na Internet por reportagem sobre envios em massa de mensagens políticas por aplicativo durante as eleições de 2018.

A homenagem especial desta edição do prêmio refere-se não apenas à sua trajetória no jornalismo mas também “pela coragem, resistência e persistência que demonstra ter nas adversidades da profissão – o que estimula a sua e as novas gerações a lutar pela liberdade de expressão e pelo direito à informação no Brasil”, segundo os organizadores.

Glenn Greenwald, advogado e jornalista, é um dos fundadores do The Intercept Brasil – site responsável pela série de reportagens intitulada Vaza Jato, que indica condutas suspeitas do Judiciário brasileiro a partir de conversas no aplicativo Telegram.

Ele ganhou o Pulitzer de Jornalismo, em 2014, por artigos no The Guardian sobre o sistema de vigilância da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos denunciada por Edward Snowden.

Segundo os organizadores, a homenagem do prêmio deste ano é o “reconhecimento da sua trajetória no Jornalismo e de sua vida de luta, coragem, resistência e persistência – exemplo para tantas gerações”.

“Ao homenageá-lo, a Comissão também enaltece a aguerrida equipe do The Intercept Brasil, cujo trabalho excepcional vem igualmente estimulando, em muitos níveis, a defesa da liberdade de expressão e do direito à informação em nosso país.”

Hermínio Sacchetta começou carreira no jornalismo em 1928. Atuou em redações como as do Correio Paulistano, Folha da Manhã, Folha da Noite e Folha de S. Paulo. Militante político, foi editor do jornal A Classe Operária e preso na ditadura do Estado Novo.

Por reconhecer que as trilhas que ligam política, sociedade, ética e jornalismo passam, necessariamente, pelo que já defendia Sacchetta – a Comissão entendeu que a homenagem do prêmio “dignifica ainda mais os propósitos e as lutas na esfera das liberdades democráticas”.

O Prêmio Herzog

Considerado entre as mais significativas distinções jornalísticas do país, o Prêmio Vladimir Herzog reconhece, desde a sua primeira edição, concedida em 1979, trabalhos que valorizam a Democracia e os Direitos Humanos.

Em 2019, teve recorde histórico de inscritos: foram 692 produções que já estão em avaliação pelos 33 jurados convidados em seis categorias: Artes (ilustrações, charges, cartuns, caricaturas e quadrinhos), Fotografia, Produção jornalística em texto, Produção jornalística em vídeo, Produção jornalística em áudio e Produção jornalística em multimídia.

A divulgação dos finalistas está programada para o dia 27 de setembro e a escolha dos vencedores será em 11 de outubro, em sessão pública de julgamento na Sala Oscar Pedroso Horta da Câmara Municipal de São Paulo.

O 41º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos é promovido e organizado por uma comissão constituída pelas seguintes instituições: Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ; Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo; Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo – ABRAJI; Sociedade Brasileira dos Estudos Interdisciplinares da Comunicação – Intercom; Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP; Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo; Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo; Conectas Direitos Humanos; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB Nacional; Ordem dos Advogados do Brasil – Secção São Paulo, coletivo Periferia em Movimento, Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil – UNIC Rio e Instituto Vladimir Herzog.

Calendário
41º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos
Júri de seleção: 11 de agosto a 22 de setembro
Divulgação dos finalistas: 27 de setembro em premiovladimirherzog.org
Júri de premiação e divulgação dos vencedores: 11 de outubro, sexta-feira, em sessão pública de julgamento na Câmara Municipal de São Paulo / Sala Oscar Pedroso Horta
Transmissão ao vivo pela internet, das 10h às 14h, em: http://www.camara.sp.gov.br/transparencia/auditorios-online/
Roda de Conversa com os Ganhadores: 24 de outubro, quinta-feira, das 14h às 18h
Solenidade de premiação: 24 de outubro, quinta-feira, às 20h
Local: Tucarena (Rua Monte Alegre, 1024, Perdizes – São Paulo/SP)

Mais informações em www.premiovladimirherzog.org

UNIC Rio participa da jornada de políticas públicas do Centro de Estudos de Pessoal do Forte Duque de Caxias

Nesta sexta-feira (26), o diretor do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), Maurizio Giuliano, participou da III Jornada de políticas públicas do Centro de Estudos de Pessoal do Forte Duque de Caxias.

O evento teve como tema “a dimensão humana nas forças militares”, e contou com a participação de militares do Exército, Marinha e Força Aérea, bem como a Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e representantes da academia e sociedade civil. Na primeira mesa de debate, as palestrantes apresentaram realidades e desafios na experiência de atendimento à população civil.

A segunda mesa, da qual o diretor do UNIC Rio participou, tratou das ações voltadas para militares e população civil em missões de paz. O diretor abordou a complexidade envolvendo as ações militares e civis no terreno.

Em primeiro momento, conceituou e diferenciou o que são United Nations Civil-Military Coordination (UN-CIMIC) e United Nations Humanitarian Civil-Military Coordination (UN-CMCoord). Delimitou a UN-CIMIC como a função do componente militar de facilitar a cooperação com o componente civil a fim de atender os objetivos do mandato.

UN-CMCoord, por sua vez, é o diálogo e a interação entre os atores civis e militares para operar em situações de emergência humanitária. Seu objetivo é proteger e promover princípios humanitários, evitar a competição, minimizar inconsistências e atender objetivos comuns.

Giuliano exemplificou que possíveis inconsistências podem se manifestar quando a missão possui mandato que implique o enfrentamento com grupos rebeldes e a interação humanitária com a população local seja prejudicada devido ao conflito entre forças da ONU e os grupos armados.

“A minha tarefa em Bunia [na República Democrática do Congo] era fornecer assistência humanitária a comunidades que apoiavam um grupo armado de oposição”, disse, lembrando sua experiência anterior. “Mas não era nada fácil dialogar sobre isso com as comunidades, quando os nossos colegas militares têm o mandato de combater o grupo que eles apoiam. Por isso, é essencial trabalhar junto com o braço militar para evitar inconsistências, e idealmente priorizar a ajuda humanitária ante das considerações politicas.”

O diretor também diferenciou a ação humanitária da ação cívico-social, e encerrou sua fala com os três ‘tiers’ de Proteção de Civis. Explicou como funciona cada um dos tiers e como UN-CIMIC e Un-CMCoord se relacionam neste processo. “Levar a proteção a civis vulneráveis é uma responsabilidade conjunta que envolve o âmbito do dialogo politico e de negociação, a ação militar, e o entorno protetor.”

A mesa debateu, também, sobre o acompanhamento da saúde física e mental dos trabalhadores das missões de paz e a relevância da participação brasileira junto às Nações Unidas.

UFF realiza evento sobre as Nações Unidas; UNIC Rio participa

Durante os dias 18 a 21 de abril, alunos de Relações Internacionais e áreas das Ciências Sociais se reuniram na Universidade Federal Fluminense para debater questões da política internacional.

O Modelo de Nações Unidas Sérgio Vieira de Mello, SeViM, na sua quinta edição, contou com cerca de 200 estudantes, que debateram assuntos pertinentes para a atualidade, como a crise dos refugiados venezuelanos, tema do comitê ACNUR.

No dia 18, o diretor do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), Maurizio Giuliano, foi convidado para compor a mesa de abertura para falar sobre sua experiência profissional dentro das Nações Unidas e sobre como a questão humanitária dessa crise de refugiados é importante para a ONU.

“Além de refugiados e deslocados internos, tem o problema dos apátridas”, enfatizou Giuliano. “É uma situação onde a pessoa se vê sem pátria. São 10 milhões de pessoas que vivem nestas condições atualmente.”

Giuliano mencionou a situação pessoal da sua esposa, originária do Afeganistão e que foi refugiada durante mais de vinte anos. “É bem difícil imaginar o que sofrem pessoas que não podem estar no seu país, que vivem sempre como estrangeiros, e que facilmente não tem uma casa fixa e muitas vezes nem documentos de identidade.”

“O Brasil tem uma grande tradição em acolher refugiados e apátridas”, disse.

Após sua fala, Diogo Félix, assessor de comunicação da Cáritas Rio, reiterou os pontos da fala de Giuliano e dialogou sobre a questão do Rio de Janeiro com a chegada de refugiados ao longo dos anos.

José Joaquin Rodriguez, venezuelano e engenheiro civil, contou sua história desde 2015 como refugiado. Dialogando com o trabalho humanitário das agências, como ACNUR e Cáritas, Rodriguez compartilhou sua experiência de refúgio e como criou um negócio de culinária com a sua família para viver no Rio de Janeiro.

O UNIC Rio apoia diversos Modelos das Nações Unidas, assim como o SeViM. Para mais informações, envie e-mail para [email protected].

O "Open Day" reuniu 20 alunos de cinco universidades do Rio de Janeiro, que conheceram a rotina do UNIC Rio. Foto: UNIC Rio

Estudantes de Relações Internacionais visitam sede de Centro de Informação da ONU no Rio

Estudantes de Relações Internacionais e áreas afins das cinco principais universidades estaduais do Rio de Janeiro estiveram no Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) na última quinta-feira (28) para conhecer a rotina de trabalho da equipe de informação e comunicação da ONU no país.

O “Open Day” reuniu 20 alunos e teve início com uma visita no Museu do Palácio do Itamaraty. Em seguida, os estudantes tiveram uma conversa com o diretor do UNIC Rio, Maurizio Giuliano, sobre as possibilidades de atuação dentro das Nações Unidas.

A conversa fez parte da iniciativa “Brasileiros na ONU”. Ao final, os estudantes tiveram contato com alguns dos estagiários que abordaram sua experiência acadêmica e sua função no UNIC Rio.

“Foi possível perceber claramente que todos os estudantes querem trabalhar na ONU, embora em breve possam escolher outros caminhos como a diplomacia brasileira”, disse Giuliano. “Espero realmente que alguns deles, e entre os outros que participam destas conversas no Rio e remotamente no resto do Brasil, possam ver esse sonho se realizar”.

O Centro de Informação das Nações Unidas realiza regularmente as palestras “Brasileiros na ONU” e convida profissionais brasileiros a darem seu depoimento sobre o trabalho na organização internacional.

Segundo a Comissão Nacional da Verdade, mais de 8.000 indígenas e pelo menos 434 suspeitos de serem dissidentes políticos foram mortos ou desapareceram forçadamente durante a ditadura militar (1964-1985) Foto: TV Brasil

Brasil deve reconsiderar plano de comemorar aniversário do golpe militar, diz relator da ONU

Segundo a Comissão Nacional da Verdade, mais de 8.000 indígenas e pelo menos 434 suspeitos de serem dissidentes políticos foram mortos ou desapareceram forçadamente durante a ditadura militar (1964-1985) Foto: TV Brasil
Segundo a Comissão Nacional da Verdade, mais de 8.000 indígenas e pelo menos 434 suspeitos de serem dissidentes políticos foram mortos ou desapareceram forçadamente durante a ditadura militar (1964-1985) Foto: TV Brasil

O Brasil deve reconsiderar planos para comemorar o aniversário do golpe militar que resultou em graves violações de direitos humanos por duas décadas, afirmou nesta sexta-feira (29) um relator da ONU.

“Tentativas de revisar a história e justificar ou relevar graves violações de direitos humanos do passado devem ser claramente rejeitadas por todas as autoridades e pela sociedade como um todo”, disse o relator especial da ONU sobre a promoção de verdade, justiça, reparação e garantias de não repetição, Fabián Salvioli.

O apelo do relator da ONU é uma reação à ordem do presidente Jair Bolsonaro ao Ministério da Defesa de marcar neste fim de semana o 55º aniversário do golpe que resultou em uma ditadura entre 1964 e 1985.

Como é formalmente reconhecido pelo Estado brasileiro, esse período foi marcado por um regime de restrições aos direitos fundamentais e violenta repressão sistemática.

Segundo a Comissão Nacional da Verdade, mais de 8 mil indígenas e pelo menos 434 suspeitos de serem dissidentes políticos foram mortos ou desapareceram forçadamente. Estima-se também que dezenas de milhares de pessoas foram arbitrariamente detidas e/ou torturadas. No entanto, uma lei de anistia promulgada pela ditadura militar impediu a responsabilização pelos abusos.

“Comemorar o aniversário de um regime que trouxe tamanho sofrimento à população brasileira é imoral e inadmissível em uma sociedade baseada no Estado de Direito. As autoridades têm a obrigação de garantir que tais crimes horrendos nunca sejam esquecidos, distorcidos ou deixados impunes”, disse o relator.

“Quaisquer ações que possam justificar ou relevar graves violações de direitos humanos durante a ditadura reforçariam ainda mais a impunidade que os perpetradores desfrutam no Brasil, dificultariam esforços para impedir qualquer repetição de tais violações e enfraqueceriam a confiança da sociedade nas instituições públicas e no Estado de Direito.”

O relator especial ressaltou o direito das brasileiras e brasileiros de conhecer a verdade sobre crimes hediondos do passado e as circunstâncias que conduziram a esses crimes, bem como o dever do Estado de preservar as evidências de tal violência. “Isso poderia incluir a preservação da memória coletiva desses eventos e a proteção contra argumentos revisionistas e negacionistas”, disse ele.

Um relato preciso das violações sofridas pelas vítimas constitui parte de seu direito à reparação e satisfação. “Estou profundamente preocupado que as celebrações planejadas possam levar a um processo de revitimização para aqueles que sofreram”.