Cultura negra no Brasil é destaque em lançamento de exposição da ONU sobre tráfico de escravos

Exposição fica aberta até o final de setembro. Foto: UNIC Rio/Gustavo Barreto
Exposição fica aberta até o final de setembro. Foto: UNIC Rio/Gustavo Barreto

Contando a história do tráfico de escravos no mundo, a exposição “Forever Free – Livres para sempre” está aberta ao público no Museu da Justiça do Rio de Janeiro, com o apoio do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio).

O lançamento aconteceu nesta quarta-feira (14) com participação do público e de diversas autoridades. Presidiram a cerimônia de abertura o desembargador Antônio Isaías da Costa Abreu, a juíza Valéria Pachá – que representou a presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), a desembargadora Leila Mariano – e o diretor do UNIC Rio, Giancarlo Summa. A mesa promoveu uma reflexão sobre as questões dos afrodescendentes na sociedade brasileira.

O diretor do UNIC Rio, Giancarlo Summa; a juíza auxiliar da presidência do TJ-RJ, Valéria Pachá; o diretor do Museu da Justiça, Marco Antônio Sampaio; e o desembargador Antônio Isaías da Costa Abreu inauguram exposição. Foto: TJ-RJ/divulgação
O diretor do UNIC Rio, Giancarlo Summa; a juíza auxiliar da presidência do TJ-RJ, Valéria Pachá; o diretor do Museu da Justiça, Marco Antônio Sampaio; e o desembargador Antônio Isaías da Costa Abreu inauguram exposição. Foto: TJ-RJ/divulgação

O diretor da UNIC Rio reconheceu o bom desempenho do judiciário brasileiro no combate ao trabalho escravo e às situações análogas à escravidão, que ainda hoje persistem. “Como cidadãos conscientes, é nossa responsabilidade resolver as causas profundas da escravidão moderna, para proporcionar proteção e assistência às vítimas e para assegurar que não haja impunidade para os autores de tais práticas.”

Segundo Summa, no Brasil os últimos anos testemunharam grandes melhorias para os brasileiros afrodescendentes. “No entanto, construir pontes que aproximem as realidades de brancos e negros no país continua sendo um grande desafio a ser enfrentado pela sociedade brasileira como um todo”, destacou. As Nações Unidas têm contribuído com o poder judiciário brasileiro, nos últimos anos, em apoio às políticas públicas pró-ações afirmativas.

Como parte do evento, foi exibido o documentário “A rota do escravo – A alma da resistência”, produzido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e adaptado para o português pelo UNIC Rio, seguido de uma mesa-redonda com o tema “Negros e a lei: da abolição à ação afirmativa”.

Os pesquisadores Flávio Gomes, professor de história da UFRJ, e André Lázaro, professor de Comunicação e Cultura da UERJ, debateram temas como o acesso da juventude negra ao ensino público, o problema da falta de ações afirmativas em organizações estatais e as dimensões populares do pós-abolicionismo.

Gomes ressaltou que o combate ao racismo deve ser encarado de forma transversal. Para ele, muitos dos debates sobre temas que pedem o enfrentamento do racismo – como segurança, educação e saúde – excluem a questão racial, tratada muitas vezes de forma isolada como se fosse um tema totalmente independente e sem relação com a realidade social.

Lançamento da exposição da ONU no Museu da Justiça, no Rio. Foto: UNIC Rio/Gustavo Barreto
Lançamento da exposição da ONU no Museu da Justiça, no Rio. Foto: UNIC Rio/Gustavo Barreto

A exposição reúne um conjunto de painéis produzidos pelo Departamento de Informação Pública da ONU (DPI), além de documentos históricos referentes à libertação de escravos entre os anos de 1838 e 1886 e objetos do século XIX que pertencem ao Museu do Negro, da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos.

Parte das atividades de lançamento da Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024), a exposição pode ser visitada no Salão dos Espelhos do Museu da Justiça do Rio de Janeiro, no 3º andar do Antigo Palácio da Justiça (Rua Dom Manuel 29, Centro).

O Museu da Justiça fica aberto de segunda a sexta-feira, entre 11h e 17h. A entrada no local é gratuita. A exposição da ONU fica no espaço até o final de setembro. Assista ao documentário “A rota do escravo – A alma da resistência”.