Dia Internacional da Diversidade Biológica – 22 de maio de 2012

Mensagem do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon

Os oceanos cobrem quase três quartos da superfície do globo. Hospedam o maior animal conhecido que já habitou o planeta – a baleia azul – assim como bilhões e bilhões dos mais pequenos microrganismos. Dos areais costeiros à escuridão das profundidades do mar, os oceanos e a sua costa suportam uma rica teia de vida, da qual dependem as comunidades humanas. As pescas fornecem mais de 15% das necessidades globais de proteína animal. Os oceanos e as áreas costeiras proporcionam serviços ecossistêmicos valiosos – desde o turismo até a proteção contra tempestades. Os minúsculos organismos vegetais fotossintetizadores chamados fitoplânctons produzem 50% de todo o oxigênio da Terra.

No entanto e apesar da sua importância, a biodiversidade marinha, tema da comemoração deste ano do Dia Internacional da Diversidade Biológica, não tem sido bem cuidada pelos humanos. A superexploração comercial das reservas de peixe do mundo é grave. Muitas espécies têm sido pescadas até restarem pequenas frações das populações originais. Mais de metade do pescado do mundo está esgotado, e um terço mais já está caminhando para o fim. Estima-se que entre 30 e 35% dos principais ecossistemas marinhos, tais como algas marinhas, mangues e recifes de coral, já tenham sido destruídos. Os resíduos de plástico continuam exterminando a vida marinha, e a poluição terrestre está criando zonas de águas costeiras que estão quase totalmente desprovidas de oxigênio. Soma-se a tudo isto, o aumento do uso dos combustíveis fósseis que afetam o clima global, fazendo com que a superfície da água fique mais quente, ocasionando a elevação do nível do mar e o aumento da acidez do oceano, com consequências que só agora começamos a compreender.

Mas ainda existe esperança. Um estudo científico de 2011 revelou que, apesar de todos os danos causados à vida marinha selvagem e seus habitats ao longo de séculos, cerca de 10 a 50% das populações e ecossistemas mostraram alguma recuperação quando as ameaças e danos causados por humanos foram reduzidos ou eliminados. No entanto, comparando com a terra, onde quase 15% da superfície está sobre algum tipo de proteção, pouco mais de 1% dos ecossistemas marinhos são protegidos.

Recentemente tem havido algum progresso, em particular com o estabelecimento de reservas marinhas de larga escala e com a documentação de zonas de valor ecológico ou biológico em alto mar e habitats da profundeza marítima. Neste Dia Internacional da Biodiversidade, enquanto olhamos com expectativa para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) em junho, precisamos renovar o compromisso de trabalhar sobre estes progressos.

A Rio+20 deve mobilizar ações para melhorar a gestão e a conservação dos oceanos através de iniciativas das Nações Unidas, governos, e outros parceiros para controlar a sobrepesca, expandir as zonas marinhas protegidas e reduzir a poluição dos oceanos e o impacto da mudança climática. Se tomarmos ações a nível nacional, regional e global, incluindo a intensificação da cooperação internacional, podemos alcançar uma das Metas de Aichi para a Biodiversidade que aponta para a conservação de 10% das áreas marinhas e costeiras até 2020, um passo crucial para proteger a biodiversidade marinha para o futuro que queremos.