Escola-familia: uma interação necessária para o sucesso escolar

Como construir uma relação entre escola e família que favoreça a aprendizagem de crianças e adolescentes? Esta pergunta é o fio condutor da publicação Interação Escola-Família – subsídios para práticas escolares, que a UNESCO no Brasil e o Ministério da Educação (MEC) lançam no dia 26 de abril, às 17h, no Resort Costão do Santinho, em Florianópolis. O lançamento do estudo, com a distribuição de exemplares, será realizado no âmbito do GT Grandes Cidades que, em sua 11ª edição, reunirá representantes de 174 municípios — entre eles todas as capitais de estado — com mais de 150 mil habitantes, entre 26 e 28 de abril.

Interação escola-família: subsídios para práticas escolaresO estudo parte da premissa de que a escola pública deve ser capaz de garantir, a cada aluno, independentemente das condições de seu grupo familiar, o direito de aprender. E para que esse aprendizado seja efetivo, é necessário que a escola melhore seu conhecimento e compreensão sobre os alunos, aprimore sua capacidade de comunicação e promova uma adequação das estratégias didáticas e pedagógicas, aumentando assim as chances de um trabalho escolar bem-sucedido.

Todo esse processo, segundo o estudo, passa pela participação consistente das famílias na vida escolar de seus filhos e pela compreensão da singularidade de cada aluno, percebido em seu contexto mais amplo. A conquista da tão desejada participação das famílias na vida escolar de alunos deve ser vista como parte constituinte do trabalho de planejamento educacional, preconiza a publicação. Pesquisas internacionais e nacionais têm demonstrado que quando a escola investe na compreensão do contexto de vida dos alunos, sua capacidade de comunicação e adequação das estratégias didáticas aumentam e com elas as chances de um aprendizado mais efetivo.

A publicação alerta que tal desafio passa, inclusive, pela superação de expectativas de docentes, que podem funcionar como uma “profecia autor-reguladora” de seus alunos. Também conhecido como Efeito Pigmaleão, tal profecia foi fundamentada por Rosenthal e Jacobson e diz que professores tendem a tratar os alunos conforme expectativas prévias que terminam por influenciar o desempenho efetivo deles. Por exemplo, se um professor classifica um aluno como desatento ou não acredita na sua capacidade de aprendizado, passa então a agir em relação a este aluno segundo essas crenças e, com o tempo, o aluno pode acabar se convencendo de que é mesmo desatento ou possui deficiências no processo de aprendizagem, intensificando comportamentos que confirmem a profecia original.

O estudo Interação Escola-Família argumenta ser este um desafio complexo posto que a aproximação do universo social de alunos implica no enfrentamento de problemas que extrapolam as atribuições e competências dos profissionais de educação. Ou seja, é preciso que os gestores e demais responsáveis pela educação tenham uma visão intersetorial. Ele é ainda maior quando se leva em consideração a enorme diversidade que caracteriza o Brasil e os diferentes núcleos familiares que a escola se propõe a conhecer e com os quais terá que interagir para ter um conhecimento, o mais completo possível, de cada um de seus alunos.

Um levantamento realizado no processo de elaboração do estudo identificou a existência de apenas 18 experiências coordenadas por Secretarias Municipais de Educação e 14 realizadas por escolas sem intervenção direta das secretarias. Tal fato demonstra que mesmo considerando este um apoio importante para o aprimoramento escolar de alunos, ele ainda é muito pouco praticado em nossas escolas e pouco utilizado na elaboração de políticas públicas de combate às desigualdades e promoção da inclusão social.

Considerando-se que no Brasil 32% das matrículas na educação básica — 17 milhões de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos — têm sua origem em famílias que recebem até R$ 140,00 per capita/mês, percebe-se a magnitude do desafio social que está presente nas escolas brasileiras.

Além da mesa de lançamento, a programação do GT Grandes Cidades prevê a realização de uma mesa de debates, intitulada Interação Escola-Família. Esta atividade será realizada no dia 28 de abril e contará com a participação de representantes da Secretaria de Educação Básica – SEB/MEC, da UNESCO, da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – Undime e da Frente Nacional de Prefeitos – FNP, que realiza, durante o GT Grandes Cidades, seu 57º encontro.

Princípios de interação

Com o objetivo de buscar reverter um quadro construído e alimentado ao longo de décadas, o estudo propõe alguns princípios que poderão nortear a interação entre escola e família. São eles:

  • Educação de qualidade, como direito fundamental de todas as pessoas, tem como elementos essenciais a equidade, a relevância e a pertinência, além de dois elementos de caráter operativo: a eficácia e eficiência.
  • O Estado é o responsável primário pela educação escolar.
  • A escola não é somente um espaço de transmissão de cultura e de socialização. É também espaço de construção de identidade.
  • O reconhecimento de que a escola atende alunos diferentes uns dos outros possibilita a construção de estratégias educativas capazes de promover a igualdade de oportunidades.
  • É direito das famílias ter acesso a informações que lhes permitam opinar e tomar decisões sobre a educação de seus filhos e exercer seus direitos e responsabilidades.
  • O sistema de educação, por meio das escolas, é parte indispensável da rede de proteção integral que visa assegurar outros direitos das crianças e adolescentes
  • A proteção integral das crianças e adolescentes extrapola as funções escolares e deve ser articulada por meio de ações que integrem as políticas públicas intersetoriais.

Conheça a íntegra livro Interação Escola-Família – subsídios para práticas escolares no site da UNESCO no Brasil e do Ministério da Educação.

Mais informações:
UNESCO no Brasil – Assessoria de Comunicação
Ana Lúcia Guimarães e Jair Barbosa Jr.
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