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ONU lança década de esforços para combater a desertificação

Fortaleza, Brasil e Nairóbi, Quênia

A Organização das Nações Unidas está lançando hoje (16) a Década para os Desertos e a Luta contra a Desertificação (2010-2020), um esforço de 11 anos para sensibilizar e estimular a ação por uma maior proteção e melhor manejo das terras secas do mundo, lar de um terço da população mundial, que enfrenta sérias ameaças econômicas e ambientais.

A terra é vida: Mantenham as terras áridas em boas condições

A terra é vida – Mantenham as terras áridas em boas condiçõesEm um momento em que há cada vez mais terras no mundo em risco de deterioração e degradação, a Assembleia Geral das Nações Unidas decidiu declarar a Década das Nações Unidas para os Desertos e a Luta contra a Desertificação (UNDDD), que será comemorada entre janeiro de 2010 e dezembro de 2020. Saiba mais aqui.

As terras áridas são importantes. Por que?

As terras áridas são importantes. Por que? Imagem: ONU.As terras áridas representam 41,3% da superfície terrestre, uma proporção significativa, como mostra o mapa incluído neste documento. Se as terras áridas não existissem, o que mudaria no planeta? Saiba mais aqui.

Dados essenciais sobre as terras áridas

Dados essenciais sobre as terras áridasAs terras áridas classificam-se por grau de aridez e abrangem quatro tipos de zonas (…) O termo terras áridas exclui geralmente os desertos quando é utilizado no contexto de questões relacionadas com o desenvolvimento sustentável. Saiba mais aqui.

Mensagem do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon

Leia aqui a mensagem do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, à Segunda Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semi-áridas por ocasião do lançamento da Década das Nações Unidas para os Desertos e a Luta Contra a Desertificação. Clique aqui.

“A degradação progressiva dos solos – seja por consequência da mudança do clima, das práticas agrícolas insustentáveis ou da má administração dos recursos naturais – representa uma ameaça à segurança alimentar, gerando fome entre as comunidades mais afetadas e roubando as terras produtivas do mundo”, declarou o Secretário-Geral da ONU Ban Ki-moon ao anunciar o lançamento da década.

“Ao iniciarmos a Década para os Desertos e a Luta Contra a Desertificação, comprometemo-nos a intensificar os nossos esforços para cuidar da terra de que necessitamos para implementar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e garantir o bem-estar humano”, adicionou.

A nível global, a desertificação – degradação da terra em zonas áridas – afeta 3.6 bilhões de hectares, somando 25% da massa terrestre, o que ameaça a subsistência de mais de um bilhão de pessoas em cerca de 100 países. Nesse contexto, os Estados-Membros das Nações Unidas abordaram a desertificação crescente e a degradação da terra ao adotar, em 2007, uma resolução que dedicará a próxima década para o combate à desertificação e a melhoria da proteção e do gerenciamento das terras secas do mundo.

O lançamento global da Década realizou-se no dia 16 de agosto em Fortaleza, Ceará – região semi-árida brasileira –, durante a Segunda Conferência Internacional: Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semi-Áridas. Também hoje aconteceu o lançamento para a África em Nairóbi, no Quênia, organizado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Outros lançamentos regionais estão agendados para acontecer em setembro em Nova York, para a Região norte-americana, e na República da Coreia, para a região asiática; na Europa, o lançamento será realizado no mês de novembro.

Embora a preocupação sobre a desertificação esteja crescendo, nem tudo está ruim. Esforços têm sido depositados para solucionar o problema de degradação da terra e, ao mesmo tempo que resultados positivos têm surgido, mais ação é necessária para conter e reverter a degradação dos solos e a progressiva desertificação em todo o mundo.

Luc Gnacadja, Secretário Executivo da Convenção da ONU de Combate à Desertificação, advertiu que a comunidade internacional encontra-se em uma encruzilhada e tem que decidir se manterá a abordagem usual, que será caracterizada por secas severas e prolongadas, inundações e escassez de água, ou um caminho alternativo, que “servirá de canal para nossas ações coletivas para a sustentabilidade”.

Gnacadja acrescentou que a mensagem da década salienta que terra é vida, “por isso, devemos assegurar que desertos continuem produtivos e produzindo” e que o objetivo da década é “criar uma parceria global para reverter e prevenir a desertificação e a degradação dos solos e para mitigar os efeitos da seca em áreas afetadas, a fim de contribuir com a diminuição da pobreza e a sustentabilidade ambiental”.

Nota aos editores

História e objetivos da década

Em 2007, a Assembleia Geral das Nações Unidas declararam 2010-2020 como a Década da ONU para os Desertos e a Luta Contra a Desertificação. Em dezembro de 2009, cinco agências da ONU foram encarregadas de liderar as atividades da década. Estas são: o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e outros órgão relevantes das Nações Unidas, incluindo o Departamento de Informação Pública do Secretariado.

A década é projetada para elevar a sensibilização pública sobre as ameaças de desertificação, a degradação dos solos e o papel das secas no desenvolvimento sustentável, além de caminhos que levem à sua redução.

Valor dos Desertos e das Terras Secas

  • 2.1 bilhões de pessoas, cerca de 40% da população mundial, habita os desertos e terras secas do mundo
  • 90% dessa população vive em países em desenvolvimento
  • 50% da pecuária do mundo é sustentada por pastagens
  • 46% do carbono global é armazenado em terras áridas
  • 44% de todas a terra cultivada localiza-se em zonas áridas
  • 30% de todas as plantas cultivadas são provenientes de terras secas

Ameaças da desertificação

  • A desertificação afeta 3,6 bilhões de hectares de terra no mundo inteiro – ou 25% da massa terrestre
  • 110 países estão em risco de degradação dos solos
  • 12 milhões de hectares de terra são perdidos a cada ano
  • A terra perdida anualmente poderia produzir 20 milhões de toneladas de grãos
  • Anualmente, US$42 bilhões são perdidos em renda devido à desertificação e à degradação dos solos

Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD)

Estabelecida em 1994, a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD) é o único acordo internacional legalmente vinculante que estabelece essa ligação entre meio ambiente, desenvolvimento e a promoção de solos saudáveis.

Os 193 países – ou Partes – signatários da convenção trabalham para amenizar a pobreza nas terras secas, manter e restaurar a produtividade da terra e mitigar os efeitos da seca. A convenção prevê o Iraque como seu 194º membro na próxima semana, com a adesão que acontecerá no dia 28 de agosto.

Para mais informações

Lançamento em Nairóbi

Links para materiais de divulgação

As terras áridas são importantes. Por que?

As terras áridas são importantes. Por que? Imagem: ONU.As terras áridas representam 41,3% da superfície terrestre, uma proporção significativa, como mostra o mapa incluído neste documento. Se as terras áridas não existissem, o que mudaria no planeta?

Segurança alimentar – O celeiro do mundo em risco

Aproximadamente 44% dos sistemas cultivados do mundo situam-se em terras áridas. As espécies vegetais endêmicas das terras secas representam 30% das plantas que são atualmente cultivadas. Os seus antepassados e parentes selvagens continuam crescendo nessas zonas. Tradicionalmente, as terras áridas têm sido utilizadas sua maioria para pecuária, mas estão sendo cada vez mais convertidas em terras de cultivo.

As pastagens naturais sustentam 50% dos animais de pecuária do mundo e são habitats de flora e fauna selvagens. A produção pecuária predomina nas zonas mais áridas. As terras de cultivo predominam nas zonas subúmidas secas.

Pobreza – Uma vida com pouco conforto

Os meios de subsistência de mais de um bilhão de pessoas de cerca de 100 países estão em risco devido à desertificação. Quase um bilhão das pessoas mais pobres e mais marginalizadas, que vivem nas zonas mais vulneráveis, poderão ser as mais gravemente afetadas pela desertificação.

Segundo o relatório de Avaliação Ecossistêmica do Milênio (AEM), o bem-estar humano dos habitantes das terras áridas é, de um modo geral, inferior ao das pessoas que habitam outros sistemas ecológicos. Por exemplo, em comparação com outros ecossistemas, nas terras áridas as taxas de mortalidade infantil são mais elevadas e o produto nacional bruto (PNB) per capita é menor. Isto significa que, nas terras áridas, habitam populações com níveis de bem-estar relativamente baixos.

População – O local de habitação de uma proporção considerável da população

A população total das terras áridas é de 2,1 bilhões de pessoas, o que significa que é nessas zonas que habita atualmente uma em cada três pessoas do mundo. Segundo o ONU-HABITAT, a taxa de crescimento de 18,5% das terras áridas é superior à de qualquer outra zona ecológica. A densidade populacional aumenta à medida que a aridez diminui. Variando de 10 pessoas por quilômetro quadrado nos desertos até 71 nas zonas subúmidas secas (pastagens naturais).

O processo de degradação dos solos nas terras áridas denomina-se desertificação. De um modo geral, pensa-se que a desertificação tem mais probabilidade de ocorrer em regiões com uma densidade populacional média. Um estudo realizado, em 2009, pelo Instituto Internacional de Pesquisa sobre Política Alimentares (IFPRI) revela ter-se registrado uma recuperação florestal em grande escala, mesmo em regiões densamente povoadas do Burkina Fasso e do Níger, através de atividades de recuperação de baixo custo geridas pelos agricultores.

Água – Está desaparecendo e o stress hídrico está aumentando

A aridez está ligada à existência ou escassez de água, que é importante para o bem-estar humano e para as duas funções principais da terra: a produção primária e a reciclagem de nutrientes. A escassez de água, ou seja, a diferença entre sua procura e oferta, é maior nas terras áridas e cresce à medida que a aridez aumenta. Para satisfazer as necessidades básicas do seu bem-estar, cada pessoa necessita de um mínimo de dois mil metros cúbicos de água por ano.

As populações das terras áridas têm acesso apenas a 1300 metros cúbicos e prevê-se que a disponibilidade de água venha a diminuir. Atualmente, a escassez de água afeta um a dois bilhões de pessoas, que vivem em sua maioria nas terras áridas. Devido às alterações climáticas, em 2030, quase metade da população mundial estará vivendo em zonas de elevado stress hídrico. Em algumas zonas áridas e semiáridas isso levará 24 a 700 milhões de pessoas a se deslocarem.

Biodiversidade – A grande incógnita

Continua sendo desconhecido em que estado se encontram as espécies das terras áridas, já que não foi realizada nenhuma avaliação até a data. Cerca de 8% das terras áridas são zonas protegidas, em comparação com aproximadamente 10% de outros ecossistemas.

Segundo o relatório de Avaliação Ecossistêmica do Milênio, oito dos 25 locais do mundo inteiro onde a situação é mais crítica encontram-se em terras áridas. Trata-se de locais onde 0,5% das espécies vegetais são endêmicas, mas a perda de habitats é superior a 70%.

Alterações climáticas – Absorvedores de carbono insaciáveis

As terras áridas desempenham um papel vital na regulação do clima local e também mundial. A degradação de solos liberta gases de efeito estufa na atmosfera, enquanto a melhoria dos solos é essencialmente um processo inverso, mediante o qual os solos absorvem o excesso de carbono da atmosfera. As terras áridas armazenam 46% do carbono mundial: seus solos contêm 53% do carbono do solo e as suas plantas 14% do carbono biótico do mundo inteiro.

As práticas de recuperação de solos como a cobertura com materiais orgânicos, a compostagem, a aplicação de estrume, a policultura e o reflorestamento, que aumentam o armazenamento de carbono no solo, contribuem diretamente para a captura do carbono. Estas técnicas também fazem parte da caixa de ferramentas tecnológicas conhecida como gestão sustentável dos solos (ver adiante).

Degradação dos solos – O cerne da questão

O termo desertificação designa a degradação dos solos em zonas áridas, semiáridas e subúmidas causada por vários fatores, como as variações climáticas e as atividades humanas. Quando a degradação dos solos se dá nas terras áridas do mundo, muitas vezes dá origem a condições semelhantes às dos desertos. 24% dos solos do mundo estão sofrendo um processo de degradação. Aproximadamente 1,5 bilhão de pessoas depende diretamente dessas zonas em degradação. Quase 20% dos solos que estão sofrendo degradação são terras de cultivo e 20% a 25% são pastagens naturais.

Degradação dos solos

A regeneração natural da cobertura vegetal e dos solos das zonas áridas demora cinco a 10 vezes mais tempo para ocorrer do que em zonas onde a precipitação é maior e mais regular. Entre 1981 e 2003, registrou-se uma melhoria de aproximadamente 16% dos solos, 20% dos quais são terras de cultivo e 43% são pastagens.

Fatores de degradação dos solos

Não existe uma relação linear de causa e efeito que conduza à degradação dos solos nas terras áridas, mas conhecem-se os fatores que determinam essa degradação, que interagem de formas complexas.

Os fatores diretos são climáticos, especialmente o baixo nível de umidade do solo, os regimes de precipitação e a evaporação. Os fatores indiretos são principalmente de origem humana e incluem a pobreza, as tecnologias utilizadas, as tendências dos mercados mundiais e locais e a dinâmica sociopolítica. A pobreza é simultaneamente uma causa e uma consequência da degradação dos solos.

Gestão sustentável dos solos – Uma solução

A utilização de práticas de gestão sustentável dos solos ajuda a combater a desertificação e a recuperar e a reabilitar os solos, a água e a vegetação. Por gestão sustentável dos solos entende-se a utilização multifuncional dos solos, por oposição à utilização monofuncional.

Já se demonstrou que a prática da gestão sustentável dos solos aumenta o rendimento das culturas entre 30% e 170%. Os solos que se perdem todos os anos poderiam produzir 20 milhões de toneladas de cereais. A desertificação e a degradação representam uma perda de rendimentos da ordem dos 42 bilhões de dólares por ano.

  • Zonas de seca: 8,2 bilhões de dólares
  • Terras de cultivo: 10,8 bilhões de dólares
  • Pastagens naturais: 23,3 bilhões de dólares

Bibliografia

  • 2010 GEF-STAP, Report of the Scientific and Technical Advisory Panel to the Fourth GEF Assembly.
  • 2009. IFPRI, Discussion Paper 00914, Reij, et al. Agroenvironmental Transformation
    in the Sahel
    .
  • 2009. Ficha informativa do IFAD.
  • 2009. World Water Development Report, Water in a Changing World.
  • 2008. UNCCD Down to Earth.
  • 2005. Millennium Ecosystem Assessment.

Dados essenciais sobre as terras áridas

Dados essenciais sobre as terras áridasDefinição de terras áridas [1]

As terras áridas classificam-se por grau de aridez e abrangem quatro tipos de zonas:

Terras áridas: Grau de aridez por ecossistema.

O termo terras áridas exclui geralmente os desertos quando é utilizado no contexto de questões relacionadas com o desenvolvimento sustentável.

Dimensão dos desertos e das terras áridas

  • 41,2% da superfície terrestre é constituída por desertos e terras áridas.
  • 6,6% são desertos e 34,6% são terras áridas.

Importância das terras áridas para os meios de vida

  • 2,1 bilhões de pessoas vivem nos desertos e terras áridas do mundo.
  • 90% da população vivem em países em desenvolvimento.
  • 50% dos animais de pecuária do mundo são criados em pastagens naturais.
  • 46% do carbono do mundo são armazenados em terras áridas.
  • 44% de todas as terras de cultivo situam-se nas terras áridas.
  • 30% de todas as plantas cultivadas provêm de terras áridas.

Degradação e melhorias dos solos [2]

Degradação

  • 24% das terras do mundo inteiro estão sofrendo um processo de degradação.
  • 20-25% dos solos degradados são pastagens naturais.
  • 20% dos solos degradados são terras de cultivo.
  • 1,5 bilhão de pessoas no mundo depende de solos em degradação.

Melhorias

  • 16% dos solos degradados foram melhorados no período de 1981-2003.
  • 43% eram pastagens naturais.
  • 18% eram terras de cultivo.

Impacto da inação em relação à degradação dos solos [3]

  • 110 países estão sofrendo os efeitos da degradação dos solos.
  • Todos os anos se perdem 12 milhões de hectares, o que corresponde à área do Benim.
  • As terras que se perdem anualmente poderiam produzir 20 milhões de toneladas de cereais.
  • Todos os anos se perdem rendimentos no valor de 42 bilhões de dólares devido à desertificação e à degradação dos solos.

NOTAS

  • [1] Todos os dados foram extraídos do relatório 2005 Millennium Ecosystem Assessment salvo indicação em contrário.
  • [2] Dados extraídos do New Science, New Opportunities for GEF-5 and Beyond, 2010, GEF-STAP. Relatório apresentado à 4ª Assembleia Geral do Fundo Mundial para o Ambiente (GEF).
  • [3] Dados extraídos do documento Securitizing the Ground, Grounding Security,2009, UNCCD.

A terra é vida – Mantenham as terras áridas em boas condições

A terra é vida – Mantenham as terras áridas em boas condiçõesObjetivo

Em um momento em que há cada vez mais terras no mundo em risco de deterioração e degradação, a Assembleia Geral das Nações Unidas decidiu declarar a Década das Nações Unidas para os Desertos e a Luta contra a Desertificação (UNDDD), que será comemorada entre janeiro de 2010 e dezembro de 2020.

O objetivo da Década é promover ações destinadas a proteger as terras áridas. A Década oferece uma oportunidade de efetuar mudanças críticas destinadas a garantir que, em longo prazo, as terras áridas possam contribuir para o bem-estar humano. Durante este período, a comunidade internacional procurará realizar os quatro objetivos da estratégia decenal aprovada no contexto da aplicação da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação:

  • Melhorar os meios de vida das populações afetadas;
  • Melhorar as condições dos ecossistemas afetados;
  • Gerar benefícios mundiais;
  • Mobilizar recursos para a aplicação da Convenção através de parcerias eficazes.

Valor mundial

Aproximadamente 2,1 bilhões de pessoas vivem em terras áridas, ou seja, uma em cada três pessoas no mundo. As terras áridas satisfazem as necessidades básicas de uma proporção significativa dos habitantes do mundo, mas atualmente estão em risco. Este é o habitat de algumas das espécies mais valiosas e mais raras do mundo, que proporcionam uma grande contribuição para o celeiro do mundo, considerando que atualmente um em cada três produtos cultivados provém de terras áridas.

Elas são bancos de alimentos indígenas valiosos, porque os antepassados e parentes dessas espécies vegetais continuam crescendo nessas zonas. As terras áridas sustentam 50% dos animais de pecuária do mundo, são os habitats de espécies de fauna e flora selvagens e representam quase metade de todos os sistemas cultivados.

O grande desafio

Segundo a Avaliação Ecossistêmica do Milênio de 2005, 10% das terras áridas estão sofrendo os efeitos de uma ou mais formas de degradação dos solos. A pobreza é uma das causas e é também uma consequência da desertificação.

Avaliações recentes que mostram que a erradicação da pobreza não está avançando suficientemente rápido nas terras áridas sugerem que isso não só está prejudicando a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, mas poderá também prejudicar esforços em curso para recuperar solos degradados. Com as alterações climáticas, a seca vai afetar novas áreas, tornando-as mais vulneráveis à degradação, enquanto nas zonas já afetadas pela seca, esta se tornará mais frequente e mais intensa.

Por que agora?

No entanto, há boas notícias. Com os cuidados necessários, as terras degradadas podem se recuperar. Segundo a última edição do relatório Avaliação Mundial da Degradação e Aperfeiçoamento de Terra (Global Assessment of Land Degradation and Improvement), publicado em 2008, a maior parte dos solos degradados recuperados entre 1981 e 2003 situam-se em terras áridas.

Os pesquisadores verificaram também que, nos lugares onde os solos haviam sido recuperados, se registraram melhorias dos meios de vida. A Década das Nações Unidas para os Desertos e o Combate à Desertificação visa dar continuidade aos esforços já desenvolvidos, e acelerar a recuperação e conservação das terras áridas e a erradicação da pobreza.

Coordenação

Os eventos e as campanhas da Década estão abertos à participação de todas as pessoas e são impulsionados pelos organismos das Nações Unidas encarregados de fazê-lo pela Assembleia Geral, em dezembro de 2009. Esses organismos são o Departamento de Informação Pública (DPI), o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (IFAD), a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (CNUCD), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Termos principais

As terras áridas incluem as zonas áridas, semiáridas e as zonas subúmidas secas e, de um modo geral, excluem os desertos, quando o termo é utilizado no contexto do desenvolvimento sustentável.

O termo desertificação designa a degradação dos solos em zonas áridas, semiáridas e subúmidas causada por vários fatores, como as variações climáticas e as atividades humanas. Quando a degradação dos solos se dá nas terras áridas mundiais, muitas vezes dá origem a condições semelhantes às dos desertos.

Origem da Década das Nações Unidas

Procurando dar continuidade ao êxito do Ano Internacional dos Desertos e da Desertificação em 2006, a Assembleia Geral das Nações Unidas, através da sua Resolução A/RES/ 62/ 195 de 2007, declarou o período de 2010 a 2020 a Década das Nações Unidas para os Desertos e a Luta contra a Desertificação (UNDDD).

A Assembleia reconheceu a persistência da desertificação, apesar dos esforços que a comunidade internacional já desenvolveu e está desenvolvendo em nível mundial, e o avanço lento da erradicação da pobreza entre as populações das terras áridas, declarando a Década um período para a realização de ações no mundo inteiro. Durante a Década, pretende-se sensibilizar as pessoas para os problemas da desertificação, da degradação dos solos e da seca, bem como para as suas soluções.

A campanha da Década das Nações Unidas destina-se a reforçar a execução da estratégia decenal para o período de 2008-2018, tendo em vista a aplicação da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação. Na 69.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, o Secretário-Geral apresentará um relatório sobre os progressos alcançados em relação à implementação da resolução.

Dados essenciais

Fontes:

  • [1] Dados extraídos do relatório 2005 Millennium Ecosystem Assessment.
  • [2] Nações Unidas, 2004. World Population Prospectus, in Population and Vital Statistics Report, Statistical Papers, Series A Vol. L1X, N.º 1, 1 de Janeiro de 2007. Quadro 1, p. 4.
  • [3] Banco Mundial, World Development Indicators, versão em linha, consultado em 24 de julho de 2010, disponível aqui.

Para mais informações, contatar:

Inter-Agency Task Force on UNDDD
Awareness Raising, Communication and Education Unit (ARCE)
UNCCD Secretariat
Hermann-Ehlers Str.10
53113 Bonn, Germany
E-mail: [email protected]