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‘Dar poder à mulher rural: acabar com a fome e a pobreza’

Mensagem de Michelle Bachelet, Diretora Executiva da ONU Mulheres para o Dia Internacional da Mulher 2012.

Neste dia Internacional da Mulher, me junto às mulheres de todo o mundo num gesto de solidariedade pelos direitos humanos, dignidade e igualdade. [Desde Marrocos, onde me encontro hoje, a todos os países] Este sentido de missão compele-me, a mim e a milhões de pessoas em todo o mundo a lutar pela justiça e inclusão. Olhando para atrás para o primeiro ano de existência da ONU Mulheres, quero aplaudir todas as pessoas, governos e organizações que têm trabalhado para o empoderamento das mulheres e igualdade de gênero. Prometo o máximo empenho em avançarmos.

A criação da ONU Mulheres coincidiu com mudanças profundas no mundo, desde a intensificação dos protestos contra a desigualdade até ao desenrolar de revoluções em nome da liberdade e da democracia no mundo árabe.

Estes eventos fortaleceram minha convicção de que um futuro sustentável só pode ser alcançado por mulheres, homens e jovens que juntos desfrutam de igualdade.

Desde o governo que altera as leis, à empresa que oferece um trabalho digno e igual salário, passando pelos pais que ensinam a sua filha e a seu filho que todos os seres humanos devem ser tratados de igual forma, a igualdade depende de cada um de nós.

Durante o século passado, desde que foi comemorado pela primeira vez o Dia Internacional da Mulher, assistimos à transformação dos direitos jurídicos das mulheres, conquistas na educação e na participação cívica. Em todas as regiões, os países aumentaram os direitos, liberdades e garantias das mulheres. As mulheres deram muitos passos para frente. Mais mulheres exercem cargos de liderança no mundo da política e dos negócios, mais meninas vão à escola e mais mulheres sobrevivem ao parto e podem melhor planejar suas famílias.

No entanto apesar do progresso alcançado, nenhum país pode afirmar ser inteiramente livre de discriminação de gênero. Esta desigualdade é visível nas diferenças salariais entre homens e mulheres e na desigualdade de oportunidades, na fraca representação das mulheres na liderança nos sectores público e privado, no casamento precoce e no desaparecimento de meninas por haver uma preferência por filhos rapazes e na persistência de todas as formas de violência contra mulheres.

No mundo rural as disparidades e as barreiras que as mulheres e moças enfrentam são ainda maiores. Uma em cada quatro pessoas do mundo é uma mulher ou menina do mundo rural. Elas trabalham longas horas por salários baixos ou por nenhum salário e produzem uma grande parte da produção alimentar, especialmente na agricultura de subsistência.

Elas são agricultoras, empresárias e líderes e sua contribuição sustenta famílias, comunidades, nações e todos nós.
No entanto elas enfrentam algumas das piores injustiças no acesso aos serviços sociais, terra e outros meios de produção. E isto retira-lhes e ao mundo o benefício de realizarem todo o seu potencial, o que me traz ao ponto principal deste Dia Internacional da Mulher.

Nenhuma solução duradoura para os maiores desafios dos nossos dias, tais como mudança climática, instabilidade política e econômica pode ser encontrada sem o empoderamento e participação das mulheres de todo o mundo. Simplesmente, já não podemos dar-nos ao luxo de deixar as mulheres de fora.

A plena e igual participação das mulheres na arena política e econômica é fundamental para a democracia e justiça que as pessoas estão exigindo. A igualdade de direitos e oportunidades são a base de sociedades e economias saudáveis.

Dar às mulheres agricultoras igual acesso aos recursos iria resultar na redução, em 100 a 150 milhões, do número de pessoas com fome. Dar às mulheres um rendimento, direito de propriedade a terra e acesso ao crédito significaria menos crianças desnutridas. Vários estudos revelam que níveis mais elevados de igualdade de gênero estão positivamente correlacionados com níveis per capita mais elevados produto nacional bruto. Dar oportunidades econômicas às mulheres iria resultar num aumento significativo do crescimento econômico e na redução da pobreza.

Este é o momento certo.

Todos os seres humanos têm o direito de viver em paz e com dignidade. Todos os seres humanos têm o direito de decidir sobre o seu futuro e sobre o futuro dos seus países. Esta é a exigência de igualdade que eu ouço onde quer que vá. Por isso a ONU Mulheres irá ao longo deste ano dar especial destaque à promoção do empoderamento, da participação e liderança das mulheres. Esperamos continuar mantendo parcerias fortes com mulheres, homens, jovens e governos, com a sociedade civil e o setor privado.

Hoje, no Dia Internacional da Mulher, vamos reafirmar nosso empenho pelos direitos da mulher e avançar com coragem e determinação. Vamos defender os direitos humanos, a dignidade e o valor inerentes da pessoa humana e direitos iguais para homens e mulheres.

Mulheres têm papel fundamental no combate à mudança climática

Relatório da ONU alerta para a necessidade de educação de mulheres e meninas para diminuição da taxa de fertilidade.

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) em seu relatório anual O Estado da População Mundial 2009, lançado recentemente revela que as mulheres sofrem uma carga desproporcional vinda das mudanças climáticas, já que compõem a maior parte do1.5 bilhão de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia.

”Com a possibilidade de uma catástrofe climática à vista, não podemos nos dar ao luxo de relegar 3.4 bilhões de mulheres e meninas para o papel de vítimas”, disse a Diretora Executiva do UNFPA, Thoraya Ahmed Obaid. “Não faria mais sentido termos 3.4 bilhões agentes de mudança?”

O relatório do UNFPA também demonstrou que o investimento nas mulheres e meninas – especialmente em educação e saúde – impulsiona o desenvolvimento econômico, reduz a pobreza e traz benefícios para o meio ambiente. Segundo ele, as meninas com mais educação tendem a ter famílias menores e mais saudáveis já que possuem acesso a serviços de saúde reprodutiva – incluindo planejamento familiar.