Arquivo da tag: segurança pública

4º Fórum Violência, Participação Popular e Direitos Humanos no Rio de Janeiro

4º Fórum Violência, Participação Popular e Direitos Humanos no Rio de JaneiroEm comemoração ao Dia Internacional da Paz, o Centro de Informação das Nações Unidas do Brasil (UNIC Rio), o Movimento Rio de Paz e o Centro Cultural Justiça Federal têm a honra de convidar para o 4º Fórum Violência, Participação Popular e Direitos Humanos.

O evento será no dia 21 de setembro de 2010, no Rio de Janeiro. Local: Centro Cultural Justiça Federal (Av. Rio Branco, 241, Centro). Não é necessário confirmar presença.

Acesse a programação:

Clique aqui para acessar o convite (formato PDF).

A Segurança Pública no Estado do Rio de Janeiro nos anos 2007-2010

14:00h – Abertura

  • Márcia Helena Ribeiro Pereira Nunes – Juíza federal e conselheira do CCJF
  • Giancarlo Summa – Diretor do Centro de Informações das Nações Unidas do Brasil
  • Antônio Carlos Costa – Presidente do Rio de Paz

14:30h – UNIDADE DE POLÍCIA PACIFICADORA: fim do domínio territorial armado de facções criminosas?

  • Robson Rodrigues da Silva – Coronel da Polícia Militar do Rio de Janeiro e comandante das Unidades de Polícia Pacificadoras
  • Jacqueline Muniz – UCAM – Sócia fundadora da Rede Latino-Americana de Policiais e Sociedade Civil
  • Mediador: Jorge Antonio Barros – Jornalista e autor do blog Repórter de Crime

16:15h – Intervalo

16:30h – SISTEMA PRISIONAL: avanço na reintegração social do preso?

  • Elizabeth Sussekind – Professora de criminologia da Puc-Rio emembro do conselho consultivo do Departamento de Pesquisas Judiciárias do CNJ
  • Orlando Zaccone – Delegado de Polícia Civil do Rio de Janeiro e coordenador – Nucop / Polinter – Núcleo de Presos Polinter
  • Mediador: Giancarlo Summa, Diretor do Centro de Informações das Nações Unidas do Brasil

17:45h – Intervalo

18:00h – MORTES VIOLENTAS: tendência para a redução de homicídios?

  • Ana Paula Miranda – Antropóloga e coordenadora do Curso de Especialização em Políticas Públicas de Justiça Criminal e Segurança Pública
  • Ignacio Cano – Professor e coordenador da Pós-Graduação de Ciências Sociais daUERJ
  • Mediador: Elizabeth Sussekind – Professora de criminologia da PUC

19:45h – Encerramento

(Clique nas imagens abaixo para ampliá-las)


Relator Especial da ONU considera que as mortes causadas pela polícia brasileira continuam tendo taxas alarmantes

O governo tem falhado em tomar todas as medidas necessárias

Relator Especial do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas sobre Execuções Arbitrárias, Sumárias ou Extrajudiciais, Professor Philip Alston“O dia-a-dia de muitos brasileiros, especialmente aqueles que vivem em favelas, ainda é vivido na sombra de assassinatos e violência de facções criminosas, milícias, esquadrões da morte e da polícia, apesar de importantes reformas do Governo”, disse o Relator Especial do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas sobre Execuções Arbitrárias, Sumárias ou Extrajudiciais, Philip Alston, hoje (1/6), em Genebra, quando divulgou um Relatório de Acompanhamento sobre o progresso que o Brasil tem feito para reduzir mortes pela polícia desde a sua visita em 2007.

“Quando visitei o país, dois anos e meio atrás, constatei que a polícia executou supostos criminosos e cidadãos inocentes durante operações ‘de guerra’ mal planejadas e contraprodutivas dentro das favelas. Policiais, que operam fora de serviço em esquadrões da morte e milícias, também mataram civis, como ‘justiceiros’ ou para obter lucro”, disse o Professor Philip Alston, Relator Especial da ONU.

“Atualmente, a situação não mudou dramaticamente. A polícia continua a cometer execuções extrajudiciais em taxas alarmantes”, constatou o especialista da ONU. “E eles geralmente não são responsabilizados por isso.”

Através da revisão das ações do Governo Federal e Estadual nos dois últimos anos, o relatório do especialista destacou que o Brasil apresentou melhorias notáveis em algumas áreas. “Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco investigaram milícias e esquadrões da morte e o fato de que alguns policiais foram presos é muito positivo”, destacou. “Além disso, novos esforços de policiamento comunitário em algumas poucas favelas do Rio de Janeiro são muito bem vindos, como é também a promessa do Governo Federal de aumentar os salários para melhorar a segurança antes da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. Mas estes esforços exigirão um impulso muito maior se forem para trazer a segurança que se espera dentro dos próximos quatro anos”.

Em outras áreas-chave, no entanto, ele observou que muito pouco tem sido feito. “Autos de resistência continuam acontecendo a uma taxa muito elevada”, disse ele, referindo-se a mortes causadas pela polícia que são depois relatadas como tendo ocorrido em autodefesa. “Houve pelo menos 11 mil mortes registradas como ‘resistência seguida de morte’ em São Paulo e no Rio de Janeiro entre 2003 e 2009. As evidências mostram claramente que muitas dessas mortes na realidade foram execuções. Mas a polícia imediatamente as rotula de “resistência”, e eles quase nunca são seriamente investigadas. O Governo ainda não acabou com esta prática abusiva”.

O especialista concluiu que, de fato, as “resistências seguidas de morte” aumentaram em São Paulo desde 2007. Ele pediu ao Brasil para “abolir esta categoria que permite uma licença para atirar, para a polícia, e para investigar esses assassinatos como quaisquer outras mortes”.

Ele considera bem vinda a nova abordagem experimental da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Rio de Janeiro, que substitui intervenções violentas de curto prazo em favelas pela presença da polícia em longo prazo e de prestação de serviços sociais. “O conceito da UPP é um passo adiante muito bem vindo, pois traz a perspectiva de segurança real e sustentada”, disse ele. “Mas há também cada vez mais relatos de abusos cometidos contra moradores da favela pela UPP, e os serviços sociais prometidos nem sempre foram fornecidos”. O principal desafio é expandir o programa, já que “centenas de favelas continuam ou intocadas ou ainda sujeitas à velha mentalidade de que invasões ocasionais e violentas podem trazer segurança”.

“O Governo do Brasil merece muito crédito por sua cooperação e abertura ao escrutínio externo”, disse o Relator Especial. “Mas ainda há muito a ser feito se o Governo quiser atingir o seu objetivo de reduzir as execuções extrajudiciais cometidas pela polícia”.

Sobre o Relator Especial da ONU sobre Execuções Extrajudiciais, Philip Alston

O Professor Philip Alston foi nomeado Relator Especial da ONU em 2004 e apresenta seus relatórios para o Conselho de Direitos Humanos e para a Assembleia Geral das Nações Unidas. Ele tem uma vasta experiência no campo dos direitos humanos, incluindo oito anos como Presidente do Comitê das Nações Unidas sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, principal consultor jurídico para o UNICEF na elaboração da Convenção sobre os Direitos da Criança e Assessor Especial para o o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. Ele é professor de Direito e Diretor do Centro de Direitos Humanos e Justiça Global na Escola de Direito de Nova York. Para obter informações sobre o mandato do Relator Especial, consulte www.extrajudicialexecutions.org

Consulte o relatório
O relatório do Relator Especial – A/HRC/14/24/Add.4 – pode ser acessado, em inglês, em www.unicrio.org.br/execucoesextrajudiciais

Para mais informações:

Sarah Knuckey
[email protected]

Valéria Schilling
Assessora de Comunicação
Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio)
Tel.: 21-2253-2211
Celular: 21-8202-0171
[email protected]

Gustavo Barreto
Assistente de Comunicação
Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio)
Tel.: 21-2253-2211
Celular: 21-8185-0582
[email protected]

Atuação policial e políticas de segurança foram temas discutidos em Fórum no Rio

3º Fórum Violência, Participação Popular e Direitos HumanosO Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil (UNIC Rio) e o movimento Rio de Paz, em parceria com o Centro Cultural da Justiça Federal promoveram, no dia 28 de setembro de 2009, o 3º Fórum Violência, Participação Popular e Direitos Humanos. Organizado em comemoração ao Dia Internacional da Paz, o evento deste ano teve como tema O acesso à justiça, política prisional e violações de direitos, reuniu centenas de pessoas interessadas em melhor entender e solucionar o problema da segurança pública no Brasil.

Realizado no Centro Cultural da Justiça Federal, no centro do Rio, foi aberto pelo Presidente do Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, que lembrou que ”Foram 57.422 casos de homicídios dolosos entre 2000 e 2008 somente no Rio”. Costa reafirmou que a entidade irá lutar até o dia em que as estatísticas mostrarem o fim da violência na cidade.

Ele ainda citou a ONU como grande aliada nesta luta, dizendo se tratar “da primeira instituição que olhou para o nosso trabalho e nos deu confiança e apoio”. Antes do início da primeira mesa, Valéria Schilling, Assessora de Comunicação do UNIC Rio, falou sobre a paz como único meio de alcançar todos os direitos humanos. “Espero que nossos debates sejam permeados pela mensagem de que a paz é a única via”, disse.

Durante as mesas, os debates buscaram formas de entender e solucionar o problema da segurança na cidade do Rio e no Brasil. O Comandante de Unidades Operacionais Especiais da PM, Antonio Carballo Blanco, citou a politização partidária como grande impedimento na formação de políticas públicas sólidas. Jaqueline Muniz, professora da UNICAM, reiterou a opinião, afirmando que o problema está na formação de políticas sem continuidade. “O maior desafio para a segurança pública é político, é o de levar adiante os projetos pensados”, disse.

Sobre o sistema prisional brasileiro, tema da segunda mesa, Ignácio Cano, professor da UERJ, afirmou que as péssimas condições das prisões são uma grande barreira para a recuperação dos presos, comparando-as com as que os negros encontravam nos navios negreiros. Em relação à crescente taxa de encarceramento no nosso país (de 232 mil presos em 2000 para 422 mil em 2007), brincou dizendo que “se continuarmos nesse ritmo, em 2050 todos os brasileiros estarão presos”.

A hipocrisia da sociedade brasileira foi apontada como um dos problemas pelo também professor da UERJ, Jorge da Silva, na última mesa do dia. “Queremos que a polícia trabalhe respeitando os direitos humanos, mas ao mesmo tempo nossa sociedade espera, de fato, uma polícia discriminatória e truculenta”. Para Leonardo Chaves, professor da PUC e Subprocurador-Geral de Justiça dos Direitos Humanos, o Brasil de fato não vive numa democracia, “e isso fica ainda mais claro quando olhamos para a questão da segurança pública”, disse. Para ele, o Estado brasileiro se organiza como um Estado penal, o que cria uma lógica que contribui para o crescimento da violência.