Radiação na medicina é fonte principal de exposição humana a radiações ionizantes artificiais

Físico mede nível de radiação. Foto: ONU.O uso das radiações na medicina é a principal fonte de exposição humana à radiação ionizante não proveniente da natureza, segundo um relatório do Comitê Científico das Nações Unidas sobre os Efeitos da Radiação Atômica (UNSCEAR, na sigla em inglês).

O relatório foi publicado nesta segunda-feira (16) e por via eletrônica no mês passado. O documento serve de base para uma conferência de imprensa realizada nesta terça-feira (17) durante a 57ª sessão do Comitê, de 16 a 20 de agosto no Centro Internacional de Viena.

“As exposições médicas são responsáveis por 98% da contribuição de todas as fontes artificiais e são agora o segundo maior contribuinte para a dose da população mundial, representando cerca de 20% do total”, diz um resumo do relatório direcionado para a Assembleia Geral da ONU.

Os resultados de 1997 a 2007 dão conta de que mais de 3,5 bilhões de exames de raios-x foram realizados a cada ano, um aumento de mais de 40%, ou 1,1 bilhão, em relação à década anterior. A maior parte da dose da população recebida durante os procedimentos ocorreu em países com níveis elevados de tratamento de saúde, onde a exposição média de usos médicos equivale a cerca de 80% em relação à exposição de fontes naturais.

Nos Estados Unidos, de 1980 a 2006 a exposição médica cresceu a ponto de ser comparável com a exposição a partir de fonte natural, diz o relatório. O documento aponta ainda que a tomografia computadorizada foi o principal contribuinte, além de outros diagnósticos de raios-x, medicina nuclear, entre procedimentos.

Uma das mudanças mais marcantes durante a última década tem sido o forte aumento das exposições médicas, devido, por exemplo, à rápida expansão no uso da tomografia computadorizada, de acordo com o documento. “Em vários países, isto significou que a exposição médica deslocou a exposição a partir de fontes naturais de radiação como o maior componente em geral”.

O relatório define quatro níveis de cuidados de saúde. No mais alto – o nível um –, com base no número de médicos per capita, os exames médicos de raios-x são 65 vezes mais frequentes do que no nível três e do que nos quatro países com o menor índice de médicos per capita.
No entanto, segundo o relatório, conforme aumentam as técnicas de desenvolvimento e seus usos, utilizações médicas das radiações continuam a aumentar, independentemente do nível de cuidados de saúde que são fornecidos.

O relatório aponta que a exposição a fontes naturais de radiação incluem inalação do gás naturalmente radioativo radônio, que representa cerca de metade da média de exposição a fontes naturais de radiação; radiação cósmica; ingestão de ocorrência natural de elementos radioativos em alimentos e água; e irradiação externa de ocorrência natural de elementos radioativos no solo.

Além de usos médicos, as fontes artificiais de exposição, que compõem cerca de 2% do total de exposição a fontes artificiais, incluem testes atmosféricos de armas nucleares, cujos níveis continuam a cair; exposição ocupacional – as maiores exposições na população estão entre os trabalhadores de minas expostos ao gás radão, enquanto exposições em centrais nucleares têm diminuído de forma constante; efeitos decorrentes do acidente de Chernobyl, ocorrido em 1986; e o ciclo do combustível nuclear, incluindo a mineração, geração de energia e eliminação de resíduos (doses para o público variam muito, mas geralmente são muito pequenas).

Os resultados estão contidos no primeiro de dois volumes de provas que sustentam o relatório de 2008 do UNSCEAR, abrangendo exposições de radiação médica; o segundo trata das exposições do público e trabalhadores a partir de várias fontes de radiação.

A publicação das provas detalhadas foi adiada por problemas de financiamento e de pessoal, que já foram resolvidos. Um segundo volume com mais três anexos ao relatório de 2008 está programado para ser publicado no segundo semestre do ano. No total, os cinco anexos ao relatório possuem mais de mil páginas.

No futuro, o Secretariado das Nações Unidas prevê a publicação de provas detalhadas de suporte para as conclusões do Comitê em formato eletrônico e de forma mais frequente. A coleta de dados deverá se basear em relatórios nacionais de Estados-Membros da ONU e conduzida em coordenação com outras organizações como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Tal sistema de relatórios deve permitir a identificação de novas tendências, sobretudo na medicina, onde as mudanças tecnológicas ocorrem rapidamente e de forma contínua.

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