Arquivo da tag: igualdade de gênero

Foto: Pixabay

Mulheres defensoras de direitos humanos devem ser protegidas, dizem relatores da ONU

Foto: Pixabay
Foto: Pixabay

Os Estados devem cumprir seus compromissos de proteger mulheres defensoras dos direitos humanos, que estão cada vez mais sob ataque e inadequadamente protegidas, disse um grupo de especialistas em direitos humanos da ONU nesta quarta-feira (28), em comunicado publicado às vésperas do Dia Internacional das Defensoras dos Direitos Humanos das Mulheres (29 de novembro).

“O atual contexto global de autoritarismo descontrolado, bem como de ascensão do populismo, do poder corporativo e de grupos fundamentalistas, está contribuindo para reduzir o espaço da sociedade civil. Isso está sendo feito por meio da promulgação de leis e práticas que efetivamente impedem o trabalho de direitos humanos, incluindo a aplicação incorreta de certas leis, como de antiterrorismo e as leis sobre reuniões públicas”, declararam os especialistas.

Segundo eles, neste contexto, as mulheres defensoras dos direitos humanos enfrentam barreiras adicionais à discriminação econômica e estrutural, assim como desafios únicos, impulsionados pela profunda discriminação contra mulheres e pelos estereótipos enraizados nas sociedades patriarcais relacionadas ao gênero e à sexualidade.

Além dos riscos de ameaças, ataques e violência enfrentados por todos os defensores dos direitos humanos, as mulheres ativistas estão expostas a riscos específicos, como violência sexual, difamação, intimidação, inclusive contra seus familiares, para impedi-las de continuar seu trabalho. Em 2017, a Front Line Defenders registrou o assassinato de 44 mulheres defensoras dos direitos humanos, um aumento na comparação com 40 registrados em 2016 e 30, em 2015.

Os especialistas afirmaram que aquelas que trabalham com direitos contestados por grupos fundamentalistas — como o direito à saúde sexual e reprodutiva — e aquelas que denunciam as ações de indústrias e empresas extrativas — que freqüentemente levam à violação dos direitos de grupos específicos, como indígenas, minorias raciais e étnicas, comunidades rurais e outras marginalizadas — estão sob maior risco de ataques e violência.

Mulheres defensoras dos direitos humanos também enfrentam ameaças específicas em situações de conflito e pós-conflito. Situações de conflito armado e o subsequente colapso do Estado de Direito criam um ambiente perigoso para mulheres e meninas. Mulheres defensoras dos direitos humanos são fundamentais na promoção da paz sustentável, mas são constantemente excluídas dos processos de paz e da política, muitas vezes criminalizadas, e experimentam violência baseada em gênero, o que dificulta sua participação nos processos de tomada de decisão, salientaram.

“As mulheres defensoras dos direitos humanos enfrentam frequentemente abusos perpetrados por atores não estatais, incluindo membros da sua própria família, grupos comunitários e religiosos, grupos armados não estatais, agências de segurança privadas, empresas e crime organizado”, declararam.

De acordo com os especialistas, mulheres defensoras dos direitos humanos fazem contribuições essenciais para a efetiva promoção, proteção e realização do direito internacional dos direitos humanos e desempenham um papel importante na conscientização e mobilização da sociedade civil na identificação de violações e na contribuição para o desenvolvimento de soluções genuínas que incorporem a perspectiva de gênero.

“Mulheres defensoras dos direitos humanos lideram movimentos que varreram o mundo pedindo igualdade e o fim da violência baseada em gênero. Eles inundaram as ruas, as rádios e a Internet com sua energia e seus depoimentos, trazendo à luz verdades que muitas vezes são enterradas na escuridão”, disseram.

“Elas estão fazendo contribuições imensuráveis para o avanço dos direitos humanos em todo o mundo. Estão levantando suas vozes, frequentemente com grande risco pessoal, para defender os direitos humanos e a justiça para todos. Muitas vezes, essas mulheres estão na vanguarda do desafio às normas sociais e culturais que limitam os direitos humanos das mulheres. Eles tomam posições que são necessárias para progredir, mas que são impopulares, desafiando os mais poderosos e apoiando os mais vulneráveis.”

Os especialistas das Nações Unidas condenaram todos os ataques contra mulheres defensoras dos direitos humanos. “Estamos particularmente preocupados com aquelas que sofreram represálias por seus esforços para trabalhar com as Nações Unidas e organismos regionais. A participação no trabalho do sistema internacional de direitos humanos é, em si, um direito e nunca deve ser encarada com intimidação ou ataques”.

Os relatores da ONU pedem ainda que os Estados cumpram seu compromisso de proteger o trabalho das defensoras de direitos humanos, proclamado há quase 20 anos na Declaração sobre os Defensores dos Direitos Humanos e reafirmado há cinco anos na resolução 68/181 da Assembleia Geral sobre a proteção das mulheres defensoras dos direitos humanos.

Para pôr fim a todos os ataques contra mulheres defensoras dos direitos humanos, os especialistas pediram reconhecimento público, pelas mais altas autoridades do Estado, da importância e legitimidade do trabalho das defensoras e defensores de direitos humanos, e um compromisso de que nenhuma violência ou ameaças contra eles serão toleradas.

Também pediram a revogação ou eliminação de qualquer legislação ou medidas destinadas a penalizar ou obstruir o trabalho das defensoras; o fortalecimento das instituições do Estado responsáveis pela salvaguarda do trabalho das defensoras; investigar e punir qualquer forma de violência ou ameaça contra defensoras, inclusive em relação a represálias por envolvimento com o Sistema das Nações Unidas.

Recomendaram ainda a devida diligência dos Estados na proteção das mulheres defensoras dos direitos humanos ameaçadas por atores não estatais e, acima de tudo, manifestaram sua “gratidão e admiração pelas ações dessas mulheres, por sua coragem, força, dedicação, efetividade e luta incansável pelos direitos humanos”.

O comunicado foi assinado por Comitê da ONU para a Eliminação da Discriminação contra Mulheres; Agnes Callemard, relatora especial da ONU para execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias; Michel Forst, relator especial da ONU para a situação dos defensores de direitos humanos; Dubravka Šimonovic, relatora especial da ONU para a violência contra mulheres, suas causas e consequências; Elizabeth Broderick, Alda Facio, Ivana Rada?i? (presidente), Meskerem Geset Techane (vice-presidente) e Melissa Upreti, do grupo de trabalho para o tema da discriminação contra mulheres na lei e na prática.

ONU Mulheres celebra hoje (24/2) sua inauguração como entidade impulsora da igualdade de gênero

Nova York, 24 de fevereiro de 2011 – A ONU celebra hoje, no Salão da Assembleia Geral, a inauguração histórica da sua mais nova organização: a ONU Mulheres. Uma noite que terá a participação de importantes personalidades do mundo político, do entretenimento, dos negócios e da mídia, além da música e do cinema.

ONU Mulheres, conhecida oficialmente como Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, é resultado da fusão de quatro órgãos da ONU e representa o esforço mais ousado das Nações Unidas até o momento, para acelerar as ações para a igualdade de gênero. Em todo o mundo, este momento era bastante aguardado pelas pessoas que defendem os direitos das mulheres.

“Com o nascimento da ONU Mulheres, recebemos uma energia extra para o progresso da igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres”, diz o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon. “Os desafios são grandes. Mas acredito que a nova energia, o novo impulso e a nova hierarquia que a ONU Mulheres traz consigo vão superar esses desafios. A verdadeira igualdade de gênero deveria ser o nosso legado comum para o século 21”.

O Secretário-Geral designou a ex-presidenta do Chile Michelle Bachelet para ser a primeira diretora-executiva da ONU Mulheres. Enquanto descreve a inauguração como o primeiro dos muitos ritos importantes na busca global pela igualdade de gênero, Bachelet enfatiza que a criação da ONU Mulheres responde ao descontentamento geral com o ritmo lento da superação da desigualdade de gênero. Os Estados-Membros da ONU acordaram de maneira unânime pela criação da nova organização, em resposta às constantes demandas e reivindicações apresentadas pelas ativistas dos direitos das mulheres.

“Imaginem o quanto poderemos fazer, quando as mulheres tiverem o pleno empoderamento como agentes ativas de transformação e progresso das suas sociedades”, diz Michelle Bachelet. “Historicamente, vivemos um momento de grandes potenciais e mudanças para as mulheres. Chegou a hora de agarrar essa oportunidade”. E completa: “A minha própria experiência me ensinou que não existem limites para as conquistas das mulheres”.

Trabalho da ONU Mulheres no mundo

ONU Mulheres prestará apoio aos países de forma individual para o alcance da igualdade de gênero na economia e na política e para a eliminação do fenômeno mundial da violência contra as mulheres. Ajudará a estabelecer pautas internacionais de progresso e liderar iniciativas coordenadas da ONU para converter as novas oportunidades para as mulheres e as meninas em elementos centrais de todos os programas de paz e desenvolvimento da ONU.

A embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres e vencedora do Oscar Nicole Kidman descreve a sua experiência pessoal de ter visto as mulheres mudarem o mundo. “Há depoimentos incríveis sobre o poder de recuperação, força e dignidade, de esperança no final das contas”, declarou. “É por isso que digo que as mulheres e as meninas que conheci são minhas heroínas. Para mim, é um prazer e um orgulho estar com a ONU Mulheres, a nova e forte voz das mulheres de todo o mundo”.

A Sua Alta Real, a Infanta Dona Cristina da Espanha, na qualidade de presidenta do Instituto da Saúde de Barcelona, acredita de forma cabal que o investimento nas mulheres é um investimento nas famílias, comunidades e nações. Ao mencionar o progresso desigual em alguns aspectos dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, como a redução da mortalidade materna, ela faz um chamado a “todas as partes interessadas e responsáveis – governos, fundações, setor privado, sociedade civil, instituições acadêmicas e indivíduos – a investir no empoderamento das mulheres como estratégia fundamental para cumprir os ODM”.

Christiane Amanpour, da ABC News, será a apresentadora da cerimônia de inauguração da ONU Mulheres. São oradores do evento: o presidente da Assembleia Geral da ONU, Joseph Deiss; a presidenta da Junta Executiva da ONU Mulheres e ex-ministra das Relações Exteriores da Nigéria, embaixadora Joy Ogwu; a ativista nepalesa Bandana Rana; e a ex-comandante da Unidade de Polícia da Libéria formada totalmente por mulheres, Rakhi Sahi.

O fundador da CNN e presidente da Fundação da ONU, Ted Turner, convoca a todos os homens e ao setor privado a se envolverem no alcance da igualdade de gênero A atriz Geena Davis destaca o papel dos meios de comunicação na promoção de imagens positivas das mulheres. E a cantora Shakira gravou uma mensagem especial, em que destaca a importância da educação.

A cerimônia se encerrará com a interpretação da canção “One Woman”, com letra de Beth Blatt e música composta por Graham Lyle y Clay para a ocasião.

O evento de inauguração da ONU Mulheres terá transmissão multimídia no site http://bit.ly/unwomenlaunch.

Para uma transmissão de qualidade superior, faça contato com a UNTV, James Ludlam, [email protected].

As fotografias registradas em momento prévio à cerimônia estarão disponíveis em torno das 7pm EST (21h de Brasília); as do evento, por volta das 9pm EST (23h de Brasília): http://bit.ly/unwomenlaunchphotos.

Atendimento à imprensa (global): Gretchen Luchsinger, especialista em Comunicação da ONU Mulheres , +1.212.906.6506, +1.201.736.2945 (celular), [email protected].

Apoio Assessoria de Comunicação da ONU Mulheres Brasil e Cone Sul: Isabel Clavelin, 55 61 3038.9287 / 8175.6315, [email protected]www.unifem.org.br