Darfur: Missão de Paz fica mais um ano

Membros do batalhão nigeriano da UNAMID em patrulha.  Foto: ONUO Conselho de Segurança votou na sexta-feira (30) a extensão, por mais um ano, do mandato da Missão de Paz conjunta das Nações Unidas e da União Africana em Darfur (UNAMID), no Sudão, onde a violência novamente atingiu um grande campo para pessoas deslocadas pelo conflito na região sudanesa devastada pela guerra.

Em resolução adotada de forma unânime, o Conselho condenou firmemente todos os ataques contra a Missão e denominou qualquer ofensiva ou ameaça como “inaceitável”. Somente na última semana, um grupo de capacetes azuis sofreu uma emboscada no oeste de Darfur, enquanto no sul da região um piloto de helicóptero da UNAMID foi encontrado a salvo, no dia 29 de julho, após ter sido preso por três dias por combatentes locais.

O Conselho afirmou na sexta-feira (30) que “exige que não haja recorrência de tais ataques”, sublinhando a importância de reforçar a segurança do pessoal da UNAMID e de acabar com a impunidade daqueles que atacam a missão de paz. Ainda, disse para todas as partes envolvidas nos conflitos de Darfur para terminarem imediatamente com a violência, bem como com todos os ataques a civis, membros das Forças de Paz e trabalhadores humanitários.

Estima-se que cerca de 300 mil pessoas foram assassinadas e outras 2,7 milhões foram deslocadas de suas casas desde que se iniciaram os combates em Darfur, em 2003. As forças do governo, aliados rebeldes milicianos, conhecidos como Janjaweed, e grupos rebeldes foram acusados de violações graves aos direitos humanos.

A resolução votada no dia 30 ressaltou que “não pode haver nenhuma solução militar para o conflito em Darfur, e que um acordo político inclusivo e a bem sucedida implementação da UNAMID são essenciais para reestabelecer a paz”.

A Missão relatou, na sexta-feira, que mais de sete mil pessoas deslocadas internamente (IDP) se reuniram ao redor da Comunidade Central de Policiamento (CPC), da UNAMID, fora do campo de Kalma, no sul de Darfur, após demonstrações fatais de violência no dia 29.
As tensões têm aumentado em Kalma depois do final da última rodada de conversas de paz em Doha, no Qatar, com alguns grupos alegando que não foram representados. Essas tensões se intensificaram no dia 29, quando centenas de IDP – algumas em apoio ao processo de Doha, outras contra – foram às ruas em Kalma. Muitos manifestantes estavam armados com pedaços de madeira e facões, e tiros esporádicos foram ouvidos no campo, de acordo com a UNAMID, que acrescentou que várias mortes foram registradas.

A Missão tem aumentado suas medidas de segurança para garantir o bem-estar daqueles reunidos ao redor da CCP, e está também trabalhando com grupos de ajuda locais para fornecer assistência médica aos necessitados, incluindo diversas mulheres que tiveram filhos.

Dentro do campo, as Unidades Formadas de Polícia (FPU) – compostas por oficiais da polícia treinados para lidar com operações de alto risco – estão realizando patrulhas constantes, enquanto os membros civis da Missão estão mediando o diálogo entre líderes das comunidades.

“A violência vai apenas aumentar o sofrimento das pessoas”, disse o Vice-Representante Especial Adjunto da UNAMID, Mohammed Yonis. “Somente através do trabalho em conjunto e do diálogo haverá paz nessa região”.

Em declaração emitida por seu porta-voz, no dia 29, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu a “todos os relacionados com a questão a resolverem suas diferenças por meio do diálogo político e a se absterem de qualquer ação capaz de incitar a violência”.