Doenças são a nova ameaça no inundado Paquistão

As agências humanitárias nas Nações Unidas alertaram ontem (3) sobre a possibilidade de surtos de doenças transportadas pelas águas no noroeste do Paquistão, onde aproximadamente 1.400 pessoas já morreram na pior inundação de que se tem lembrança na região. Mais chuvas fortes estão previstas para os próximos dias.

As agências estão intensificando a ajuda para as milhares de pessoas que permanecem isoladas pelas águas, aguardando resgate e evacuação por barco ou helicóptero. Alimentos, água potável, tendas e assistência médica estão entre as prioridades para os sobreviventes.

Apoiando os esforços de ajuda do Governo do Paquistão, a Organização Mundial de Saúde (OMS) está despachando medicamentos e outros equipamentos capazes de tratar mais de 200 mil pessoas nas áreas afetadas. A OMS focou no controle de doenças de veiculação hídrica, como diarréia e infecções respiratórias, bem como no tratamento dos feridos, assegurando a qualidade da água potável e melhorando o acesso público aos serviços de saúde. A Organização também disse que pelo menos 39 instalações de saúde foram destruídas e toneladas dos medicamentos perdidos.

Um terço dos 135 distritos do Paquistão tem sido afetado pelas inundações, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pelo menos três milhões de pessoas, sendo mais de um terço são crianças, foram afetadas pelas chuvas de monções e inundações.

De acordo com o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA), há uma enorme necessidade de mais materiais médicos e afins para tratar pessoas afetadas pela situação de emergência humanitária, bem como para imunizar crianças, especialmente contra a poliomielite e o sarampo. Equipes médicas já estão chegando as áreas afetadas focando a saúde maternal, neo-natal, infantil, nutrição e assistência psicológica. Mais de 15 mil pessoas, muitas com diarréia, já foram tratadas.

Nas áreas de Peshawar, Mardan, Charsadda e Mowshera que estão entre as mais atingidas da Província Khyber Pakhtunkhwa (KPK), o PMA alcançou 40 mil com rações salva-vidas nos últimos três dias e está intensificando suas entregas de alimentos. O Programa também está trabalhando para identificar as comunidades afetadas em toda a província. Estima-se que aproximadamente 1.8 milhão de pessoas nesta província necessita assistência alimentar. Além disso, o PMA planeja começar a distribuir com seus parceiros em Swat e Dera Ismail Khan nos próximos dias.

As famílias que estão lidando com as piores enchentes em quase um século estão recebendo um fornecimento de um mês de alimentos, incluindo biscoitos de alta energia e comida pronta para as crianças.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) já entregou 10 mil tendas e outros itens de assistência nas Províncias KPK e Balochistão, e espera obter 20 mil tendas adicionais. A agência disse que pretende alcançar pelo menos 240 mil das vítimas das enchentes mais vulneráveis com fornecimento de abrigo, cobertores, baldes e outros itens.

A maioria das pessoas deslocadas pelas inundações, inclusive refugiados afegãos, estão amontoados em edifício públicos, tais como escolas. Sendo que os sobreviventes das enchentes ainda correm grave risco, de acordo com o Alto Comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres. Ele completou dizendo que os paquistaneses da região têm servido como hospedeiros generosos para mais de um milhão de refugiados afegãos e agora é a hora da comunidade internacional demonstrar o mesmo tipo de solidariedade para com os paquistaneses.

ACNUR e PMA, cujo armazém de estoque de alimentos foi inundado, apelam por recursos adicionais para cobrir a situação de emergência.