As Nações Unidas pediram aos líderes políticos do Iraque que trabalhem em conjunto para formar um novo governo, ainda pendente cinco meses após a realização de eleições legislativas. A ONU alertou que os atrasos podem ter um impacto negativo sobre a estabilidade do país, a transição democrática e o desenvolvimento.
“Estou preocupado com o fato de que os contínuos atrasos no processo de formação de governo estão contribuindo para um crescente sentimento de insegurança no país”, destacou o Secretário-Geral Ban Ki-moon, em seu último relatório ao Conselho de Segurança. “Não existe só o risco de minar a confiança no processo político, mas também o de dar força a opositores à transição democrática no Iraque, que poderão tentar explorar esta situação”.
No início de junho, a mais alta Corte de justiça do país aprovou os resultados das eleições parlamentares realizadas em março. Na ocasião, o partido liderado por Iyad Allawi, um ex-Primeiro-Ministro, recebeu mais votos que a coligação liderada pelo Primeiro-Ministro Nuri al-Maliki, para a eleição de 325 membros do Conselho de Representantes. Participaram do pleito pelo menos 12 milhões de eleitores e cerca de 6 mil candidatos.
Ban pediu a todos os dirigentes do bloco político que trabalhem em conjunto por meio de um processo amplamente participativo e inclusivo, de modo a acabar com o impasse atual. “Acredito firmemente que isso contribuirá para a estabilidade do país e as perspectivas de reconciliação nacional”.
Repercutindo as observações do Secretário-Geral, o Representante Especial da ONU para o Iraque, Ad Melkert, disse nesta quarta-feira (04) que o processo de formação de um novo governo representa “um verdadeiro teste” para a transição do país à democracia e para o compromisso de líderes iraquianos de cumprir a Constituição.
Melkert disse em uma reunião dos 15 membros do Conselho de Segurança que, apesar das persistentes divergências sobre quem tem o direito de formar o próximo governo e quanto à nomeação para postos-chave, tem havido alguns sinais encorajadores, como o acordo com os principais grupos políticos sobre a necessidade de um “governo de parceria” e discussão de possíveis acordos de partilha de poder.
“Eu acredito que, nesta fase, a formação do governo poderia se beneficiar da adesão a um calendário específico, bem como de um processo coletivo em que uma resolução poderia ser alcançada”. Melkert, que é o chefe da Missão de Assistência da ONU no Iraque (UNAMI), acrescentou que uma compreensão comum parece ter evoluído na semana passada entre todos os blocos políticos sobre se realmente o cenário de um “governo provisório” foi atingido. “Embora este seja um problema para os iraquianos, a preocupação é que um atraso prolongado possa ter impacto sobre os negócios do dia-a-dia do governo e afete todas as esferas da vida iraquiana”.