África precisa de ajuda da comunidade internacional para alcançar metas de desenvolvimento, diz ONU

Mulheres deslocadas internamente recebem ajuda da agência da ONU para refugiados em Uganga, RCA. Foto: ACNUR/ P. Djerassem

O continente africano só conseguirá atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) se a comunidade internacional atender às necessidades e crises humanitárias da região, afirmou o vice-secretário-geral da ONU, Jan Eliasson, nesta terça-feira (1).

“A África é particularmente vulnerável à ameaça representada pela mudança climática. Secas, inundações e clima imprevisível estão deslocando populações, devastando áreas e gerando competição por recursos escassos, que poderão até induzir a um conflito”, disse.

Eliasson lembrou que as crises humanitárias afetam milhares de pessoas todos os anos e os mais vulneráveis são mulheres, crianças e idosos. Ele ressaltou que para alcançar as metas do milênio e não perder o que já foi desenvolvido até agora, a comunidade internacional deve ajudar a reduzir a vulnerabilidade dos países africanos e reforçar as capacidades regionais.

O vice-secretário-geral da ONU afirmou ainda que está particularmente interessado em impulsionar a criação de sistemas de alerta precoce e respostas rápidas em regiões, países e comunidades africanas, já que essas tecnologias têm um enorme potencial para salvar vidas.

Crise humanitária na República Centro-Africana piora, dizem consultores da ONU

Os consultores especiais das Nações Unidas sobre a prevenção de genocídios, Adama Dieng, e sobre a responsabilidade de proteção, Jennifer Welsh, pediram na terça-feira (1) que as autoridades da República Centro-Africana (RCA) tomem medidas urgentes para proteger a população contra a violência e restaurar o Estado de Direito.

O país sofre com instabilidade política e conflitos há décadas e em dezembro do ano passado viu a situação piorar após uma série de ataques da coalizão rebelde Séléka. Apesar do acordo de paz estabelecido em janeiro deste ano, o grupo tomou a capital Bangui em março e obrigou o presidente François Bozizé a fugir do país. Desde então, um governo provisório foi instaurado e em agosto a região nordeste voltou a sofrer com conflitos armados.

A RCA está enfrentando uma crise humanitária que atinge toda a população de 4,6 milhões de habitantes e há relatos de contínua violação dos direitos humanos desde que a Séléka tomou o poder em março, incluindo assassinatos de civis, violência sexual contra mulheres e crianças e a destruição de propriedades, incluindo hospitais, escolas e igrejas.

Os consultores especiais da ONU disseram que o agravamento da crise aconteceu devido a uma incapacidade do governo provisório de lidar com os rebeldes, combinado com outros fatores de risco que incluem as tensões religiosas no país.

Eles pediram que a comunidade internacional apoie iniciativas regionais, como a União Africana e a Comunidade Econômica dos Estados Centro-Africanos, para proteger a população e evitar novos abusos.

Enquanto isso, o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) disse também da terça-feira (1) que uma missão para a avaliar a situação do noroeste do país constatou que 170 mil pessoas haviam sido recém- deslocadas pela recente luta entre ex-rebeldes Séléka e vários grupos armados.

Equipes do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estão prestando assistência de emergência para cerca de 5 mil famílias deslocadas pela recente violência na região, incluindo água potável, lonas, cobertores, colchonetes, mosquiteiros, galões e sabão.