Agência da ONU insta países das Américas a livrar continente da malária

Criança sob mosquiteiro para prevenir malária. Foto: OMS
Criança sob mosquiteiro para prevenir malária. Foto: OMS

O Paraguai foi certificado por ter eliminado a malária de seu território em junho deste ano. A Argentina está trilhando o caminho para obter sua certificação em 2019. Belize, Costa Rica, Equador, El Salvador, México e Suriname têm o potencial de alcançar a eliminação até 2020. Outros países, no entanto, registraram aumento no número de casos, o que põe em risco a consecução das metas de redução e eliminação da doença na região até 2030.

No Dia de Luta contra a Malária nas Américas (6 de novembro), a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) insta os países da região a tomar medidas urgentes para conter o aumento de casos, manter as conquistas e libertar o continente da doença que, durante o último século, foi a principal causa de morte em quase todas as nações do mundo.

“A eliminação da malária está mais próxima do que nunca”, disse a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne. No entanto, ela também advertiu que “não podemos confiar nem relaxar nas ações já tomadas”. “Os esforços devem ser intensificados onde a incidência da doença aumentou”, acrescentou.

Desde 2015, os casos de malária nas Américas aumentaram em 71%; 95% do número total destes casos estão concentrados em cinco países, principalmente em áreas específicas onde os esforços contra a doença estão enfraquecidos. Muitos dos afetados são populações indígenas, pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade, trabalhadores mineiros e migrantes.

“Se queremos eliminar a malária, precisamos melhorar o investimento e ampliar o acesso à prevenção, diagnóstico e tratamento oportunos da doença em comunidades onde a maioria dos casos está concentrada”, afirmou Marcos Espinal, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis e Determinantes Ambientais da Saúde na OPAS.

Muitos países da região estão expandindo seus esforços para controlar e eliminar a malária com o apoio da OPAS, Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e outros parceiros. Em 2013, foi lançada a iniciativa com objetivo de eliminar a malária em nove países da Mesoamérica até 2020.

Desde então, a Zero Malaria Alliance, lançada em 2015, uniu esforços para eliminar a doença em dois países: Haiti e República Dominicana. Neste ano, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), juntamente com outros colaboradores e tendo a OPAS como principal parceira técnica, lançou outra iniciativa para acelerar os esforços de eliminação da malária na Mesoamérica.

Nesta semana, a OPAS se reunirá em sua sede, em Washington D.C., com membros e representantes dos dez municípios da região onde a carga da doença é mais concentrada para analisar as melhores práticas de controle. Representantes dos municípios de Cruzeiro do Sul (Brasil), Quibdo (Colômbia), La Gomera (Guatemala), Les Anglais e Les Irois (Haiti), Puerto Lempira (Honduras), Puerto Cabezas (Nicarágua), Andoas (Peru), Bermudez e Sifontes (Venezuela) devem participar.

Nesta terça-feira (6), será feita a entrega do prêmio “Campeões contra a malária nas Américas”, que neste ano premiará programas de controle da doença em dois municípios brasileiros: Alto Rio Solimões e Machadinho D’Oeste. Além disso, homenageará o Programa de Malária do Ministério da Saúde de Suriname e o Programa de Controle da Malária do Paraguai por seus esforços para a eliminação da malária e para a prevenção de seu restabelecimento.

O Dia de Luta contra a Malária nas Américas foi criado pelos Estados-membros da OPAS durante o Conselho Diretor de 2008, com o intuito de destacar a necessidade de investimento na prevenção e controle da doença nas Américas. Estima-se que os esforços regionais coordenados pela OPAS e seus parceiros tenham salvado centenas de vidas ao reduzir as taxas de mortalidade em 30% entre 2000 e 2017.