Agenda humanitária para 2011 é definida

Valerie AmosCom as mudanças climáticas prenunciando megacatástrofes, agentes humanitários enfrentando crescentes ataques em zonas de conflito e a crise econômica encolhendo recursos, o escritório das Nações Unidas responsável pela coordenação da resposta humanitária global anunciou sua agenda para 2011: salvar mais vidas, mais rapidamente, com menos falhas e menos redundância. “Em um mundo em mudança, não pode haver status quo organizacional” disse a Subsecretária-Geral para a Coordenação dos Assuntos Humanitários, Valerie Amos, aos Estados-Membros, em reunião na sede da ONU em Nova York.

“Em 2011, a estrutura do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), em campo e na sede, será mais adaptável à evolução das crises”, disse ela, lembrando que 2010 foi um ano sem precedentes com mais de 250 desastres naturais. “Até o final de 2011, o OCHA será uma organização mais focada. Será melhor na gestão de seus recursos humanos e haverá maior clareza entre o campo e a sede, em termos de quem faz o quê.”

Amos salientou a necessidade de aprender as lições do Haiti e do Paquistão, onde atrasos e outras questões de logística impediram que as operações iniciais transcorressem com a eficácia desejada, e alertou para a complexidade da montagem de operações humanitárias no futuro, lembrando a continuidade das mudanças climáticas. “Padrões climáticos sem precedentes e imprevisíveis em toda a África, América Central e do Sul e no Leste Asiático desalojaram dezenas de milhões de pessoas,” disse ela. “Como a frequência e o aumento da intensidade de catástrofes naturais, megacrises, como as inundações em todo o Paquistão, podem se tornar o novo padrão de normalidade, fazendo-nos pensar novamente sobre a velocidade e a eficácia de nossa resposta.”

“O trabalho humanitário também se tornou mais perigoso. O nível de ameaças e do número de ataques deliberados contra organizações de ajuda – nossas equipes, equipamentos e instalações – tem aumentado drasticamente. Atingir populações para prestar serviços essenciais tem se tornado mais difícil,” acrescentou, apontando que 63 trabalhadores humanitários foram mortos em 2010. “Como se estes desafios não bastassem, a comunidade humanitária também está lidando com o aumento da pressão financeira. Estamos sendo incentivados a fazer mais com menos, não só por causa da desaceleração econômica global, mas também porque os países que nos dão suporte devem prestar contas à população pela forma como gastaram seu dinheiro.”

Amos elaborou uma ambiciosa lista de tarefas para o próximo ano para coordenar respostas, mobilizar recursos através de apelos internacionais, gerir fundos de resposta rápida, agir de maneira unânime para as vítimas, negociar o acesso às pessoas necessitadas e fornecer informações e análise crítica das crises. Indicou, também, os desafios globais aos quais o OCHA continuará a se dedicar: as mudanças climáticas, as crises de alimentos e de energia, o crescimento populacional e a urbanização.

O OCHA, com mais de 350 agências humanitárias participantes nos exercícios de planejamento conjunto, é financiado por 39 Estados-Membros. Valerie Amos pediu 208 milhões de dólares em contribuições voluntárias para 2011.