Aumenta a violência religiosa e étnica na República Centro-Africana

Menino de um ano de idade, que sofre de subnutrição, sentado debaixo de uma tenda onde ele e a sua família se abrigam, no Centro de Dom Bosco, em Bangui. Foto: OCHA/Phil Moore
Menino de um ano de idade, que sofre de subnutrição, sentado debaixo de uma tenda onde ele e a sua família se abrigam, no Centro de Dom Bosco, em Bangui. Foto: OCHA/Phil Moore

O diretor de operações do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), John Ging, afirmou, após a sua visita à cidade de Boda, no sul da República Centro-Africana (RCA), que a situação no país se “deteriorou a um nível alarmante”.

Ging se disse chocado com a profunda mudança no comportamento das pessoas desde a sua última visita ao país, há cerca de três meses. “Quando eu estive anteriormente aqui, as pessoas identificavam os grupos armados como o problema. Agora (…) cristãos e muçulmanos se acusam mutuamente. Esta é agora a face obscura do conflito.”

Ele explicou que “a dimensão étnica e religiosa resultou na segmentação e segregação das comunidades”, sendo que “civis estão sendo radicalizados… manipulados e fazem-lhes acreditar que a segregação é a solução para a crise”.

Dando como exemplo os 24 mil muçulmanos que, por serem minoria, tiveram de ser evacuados de Boda, o diretor de operações afirma que, “como trabalhadores humanitários, temos de ajudar nestas evacuações”, mas “este é o espelho do nosso fracasso enquanto comunidade internacional”.

“Esta não é realmente a solução porque as pessoas, em algum momento, vão ter de regressar para suas casas.”

Ging afirmou que a comunidade internacional tem que mobilizar proteção efetiva para as pessoas em qualquer parte do país, assegurando que o governo da RCA esteja presente na criação de confiança, apoiando o Estado de Direito e acabando com a impunidade.

Além da dimensão de segurança, ele pediu um foco na solução para a falta de financiamento. Ging lembrou que uma conferência de doadores em fevereiro gerou cerca de 200 milhões de dólares em promessas. No entanto, quatro meses depois, apenas 123 milhões de dólares foram fornecidos. E isso foi apenas parte de um total do apelo, de 500 milhões de dólares.

Com apenas 28% do pedido financiado, a RCA está sofrendo com a falta de medicamentos, alimentos e outros suprimentos humanitários necessários, uma terrível situação agravada porque a estação das chuvas está se aproximando.

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