Estudo mostra contribuição das UCs para a biodiversidade e economia nacional

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)Quando o assunto é biodiversidade, costuma-se pensar apenas em medidas de proteção e conservação das diferentes espécies biológicas existentes não só no Brasil como também no mundo. A criação de Unidades de Conservação (UCs) – áreas especialmente criadas pelo poder público com o intuito de, entre outras finalidades, proteger recursos naturais considerados relevantes – é uma das formas mais efetivas de se garantir a manutenção e o uso sustentável de ativos ambientais.

Estes espaços protegidos desempenham papel crucial na proteção de recursos estratégicos para o desenvolvimento do País e contribuem para o enfrentamento do aquecimento global. A novidade apresentada pelo estudo Contribuição das Unidades de Conservação Brasileiras para a Economia Nacional, lançado nesta quarta-feira (18/5) em Brasília, durante as comemorações do Dia Internacional da Biodiversidade, é que além de serviços ecossistêmicos, como garantia de água para a população e para diversas atividades produtivas, as unidades de conservação podem gerar benefícios lucrativos e atividades produtivas para populações tradicionais.

O estudo foi desenvolvido pelo Centro de Monitoramento de Conservação Mundial do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pelo MMA, sob coordenação das universidades fluminenses UFRJ e UFRRJ, e com o apoio técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da Agência de Cooperação Técnica Alemã da Sociedade Alemã de Cooperação Internacional (GIZ).

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirma que a discussão da biodiversidade não está restrita à proteção de plantas e animais, e que o papel das UCs ainda não foi muito explorado no cenário econômico nacional.

“É importante lembrar que criar áreas protegidas não é ir contra o desenvolvimento. Temos que mostrar à toda sociedade brasileira como o tema está presente na vida cotidiana do cidadão, como por exemplo, os produtos florestais, o uso público destes espaços, o estoque de carbono, o turismo, a garantia de água e a repartição de receitas tributárias. Somos o G1 da biodiversidade no planeta, e temos um pré-sal de petróleo e outro de biodiversidade. A sociedade brasileira tem que entender o que significa a conservação da biodiversidade no seu dia a dia”, afirma Izabella Teixeira.

De acordo com o secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, Bráulio Dias, as unidades de conservação são territórios importantes para promover a conservação e a provisão de serviços ambientais que contribuem para o crescimento e manutenção de diferentes cadeias econômicas. Ele explica que muitas áreas protegidas do mundo foram criadas com o objetivo de assegurar as condições para que, por exemplo, os mananciais hídricos atendam aos principais usos humanos, como abastecimento público, agricultura e geração de energia.

“Reduzir a perda da biodiversidade não se consegue apenas com ações de comando e controle, como fiscalização e apreensão. Temos que investir na construção de modelos alternativos de exploração sustentável. Se não conseguirmos fundamentar a ideia da floresta em pé como ativo econômico de valor, não conseguiremos proteger nossa biodiversidade”, afirma o secretário.

Dias ressalta também que um dos objetivos do MMA é criar novas possibilidades para as comunidades que vivem dentro das unidades de conservação. “Nosso compromisso é ter uma nova estratégia para a biodiversidade consolidada e aprovada para a Rio+20, com o planejamento para esta década. Nosso maior desafio é promover uma estratégia de desenvolvimento sustentável do Brasil”.