ONU tem o dever de falar em defesa dos direitos humanos, afirma Ban

A Organização das Nações Unidas, criada na sequência da Segunda Guerra Mundial, tem o dever de erguer a sua voz em defesa dos direitos humanos e de proporcionar a quem não a tem uma oportunidade de expressar as suas opiniões, disse, o Secretário-Geral das Nações Unidas em um evento em que foram recordadas as vítimas do Holocausto.

“A Organização das Nações Unidas foi criada com esperança e esperança é aquilo que representa hoje”, disse Ban Ki-moon na Sinagoga de Park East, em Manhattan, Nova York, na véspera do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, celebrado mundialmente no dia 27 de janeiro.

“Trabalhemos juntos para fazer da ONU tudo aquilo que a Organização pode ser, tudo o que deve ser – uma força a favor da democracia, uma defensora da liberdade, uma luz de esperança para a dignidade humana, os direitos humanos e as aspirações humanas”.

Secretário-Geral reúne com sobreviventes de Auschwitz e líderes do Comitê. Foto: ONU/Mark Garten.

Secretário-Geral reúne com sobreviventes de Auschwitz e líderes do Comitê. Foto: ONU/Mark Garten.

“Acima de tudo, renovemos a nossa determinação coletiva de nunca permitir que uma passagem tão terrível da história volte a se repetir”, disse o Secretário-Geral aos presentes, entre os quais se incluíam alguns sobreviventes do Holocausto. “Para mim, para muitas pessoas no mundo, vocês são símbolos – símbolos de resistência humana, símbolos de esperança, símbolos do poder redentor da memória”.

Em 2005, a Assembleia Geral designou o dia 27 de janeiro, aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz, como Dia Internacional em honra das vítimas do Holocausto, e instou aos Estados-Membros a criarem programas educacionais destinados a inculcar a memória daquela tragédia nas gerações futuras.

“É um dia para recordar os mortos – os milhões de pessoas que morreram durante o capítulo mais obscuro da história humana”, observou o Secretário-Geral. “É um dia para celebrar a vida dos que sobreviveram. É, acima de tudo, um dia para fazermos ouvir a nossa voz, para condenarmos aqueles que negam o Holocausto, que o minimizam ou que tentam racionalizá-lo”.

“Não esqueçamos também que a ONU foi criada, em parte, para impedir que voltasse a acontecer algo semelhante. No melhor sentido, a Organização das Nações Unidas foi fruto do sofrimento e da tragédia humana. Como Secretário-Geral das Nações Unidas, tenho sempre presente a sua missão fundamental: erguer a voz em defesa dos direitos humanos e da dignidade humana. Proteger as pessoas inocentes do mundo. Falar em defesa daqueles que, de outro modo, não seriam ouvidos. Oferecer ajuda àqueles que dela necessitam”.

Ban Ki-moon também se encontrou na Sede da ONU em Nova York com um grupo de jovens membros do Comitê Internacional de Auschwitz, oriundos de países diferentes e com religiões diferentes e que estavam acompanhados de vários sobreviventes do Holocausto. Os jovens disseram ao Secretário-Geral que, para eles, o mundo tem dois corações: “Um é Auschwitz, o outro as Nações Unidas”. “Um representa a recordação do passado. O outro a determinação de nunca deixar que esse passado se repita. Jamais”, disse Ban Ki-moon.

Evento no Rio

Amanhã, dia 26 de janeiro, o Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), em parceira com a Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (FIERJ), organiza uma cerimônia para marcar o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, que em 2011 tem como tema “As mulheres e o Holocausto: coragem e compaixão”.

O evento será realizado no Palácio Itamaraty do Rio de Janeiro, às 11h30, e contará com a presença da Ministra-Chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário Nunes; do Ministro Carlos Martins Ceglia, Diretor da Divisão do Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores; do Governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral; do Prefeito do Cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e muitas outras autoridades, além de líderes comunitários e lideranças religiosas.

Na ocasião também será aberta a exposição “Des-humanize-se”, organizada pelo Instituto Hillel – organização de jovens judeus presente em vários países do mundo, com sede no Rio. A mostra reúne fotos, textos, vídeos e instalações inspirados nos campos de concentração de Awschyvitz-Birkenau, concebida por jovens judeus.

Outras atividades estão previstas no mundo inteiro. Os eventos em Nova York incluirão a abertura, na segunda-feira, da exposição “The Memories Live On” (As Recordações Subsistem), em que figurarão desenhos de Auschwitz feitos por um prisioneiro desconhecido do campo de concentração. Na terça-feira, será apresentado o filme Daring to Resist, que relata as histórias de três jovens mulheres judias que descobriram formas inesperadas de combater os nazistas.

Saiba mais sobre o evento desta quarta-feira (26/1) no UNIC Rio clicando aqui.