Pela primeira vez em três anos, comboio de ajuda humanitária da ONU parte da Turquia para a Síria

Família de refugiados sírios no sul da Turquia, para onde mais de 20 mil pessoas fugiram desde o início de 2014 para escapar dos conflitos. Foto: ACNUR
Família de refugiados sírios no sul da Turquia, para onde mais de 20 mil pessoas fugiram desde o início de 2014 para escapar dos conflitos. Foto: ACNUR

Um comboio das Nações Unidas transportando suprimentos humanitários vitais para centenas de milhares de pessoas em necessidade no norte da Síria está saindo nesta quinta-feira (20) da Turquia. Esta é a primeira vez em três anos de conflito que a ajuda está sendo transportado por esta rota.

O comboio está deixando a fronteira turca em Nusaybin e se dirigindo para a cidade de Qamishli, segundo o coordenador humanitário regional da ONU, Nigel Fisher.

É a primeira vez desde que o conflito começou, em março de 2011, que a ONU foi capaz de levar ajuda para a Síria através da Turquia, observou Fisher, que agradeceu às autorizações dadas por ambos os países – o que permitiu a travessia.

“A oportunidade de iniciar o envio de um comboio de 79 caminhões através da fronteira entre Nusaybin e Qamishli é um sinal de progresso. Sentimo-nos encorajados por este desenvolvimento, que, apesar de um pequeno passo, nos dá a esperança de que os pontos de passagem de fronteira adicionais sejam abertos, para que possamos prestar mais assistência humanitária aos inúmeros sírios que estão em necessidade desesperada de apoio para a sua própria sobrevivência.”

O comboio está levando alimentos, cobertores e colchões, kits familiares, kits de higiene, medicamentos e suprimentos médicos do Programa Mundial de Alimentos (PMA), do Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

O progresso vem quase um mês após a aprovação de uma resolução pelo Conselho de Segurança da ONU exigindo que todas as partes, especialmente as autoridades sírias, permitam imediatamente “o acesso humanitário seguro, rápido e sem obstáculos” para as agências da ONU e seus parceiros, inclusive em todas as linhas de conflito e além fronteiras.

Mais de 110 mil pessoas foram mortas no conflito, que entrou recentemente em seu quarto ano, enquanto que cerca de 9 milhões foram expulsas de suas casas. Além disso, existem atualmente mais de 2,4 milhões de refugiados da Síria registrados nos países vizinhos.

Especialistas que compõem o Grupo de Trabalho da ONU sobre Desaparecimentos Forçados ou Involuntários alertaram também na quinta-feira (20) para a questão dos desaparecimentos, observando que receberam um número crescente de casos desde o início do conflito na Síria.

“Os desaparecimentos forçados são perpetrados como um ataque sistemático e generalizado contra civis, sendo qualificados, assim, como um crime contra a humanidade”, observou o Grupo de Trabalho em um comunicado à imprensa. “A situação de desaparecimentos forçados na Síria é alarmante e merece atenção imediata das Nações Unidas.”

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) alertou para outra grave consequência do conflito sírio: um colapso dos serviços de saúde, escassez de pessoal qualificado e a interrupção dos serviços de saúde reprodutiva.

A agência da ONU pediu apoio urgente para proteger a vida de um número estimado de 200 mil mulheres grávidas no país que estão enfrentando desnutrição, falta de assistência médica e partos inseguros.