Restaurar ordem constitucional é chave para fim da crise em Guiné-Bissau, avalia Enviado da ONU

O Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas e Diretor do Escritório Integrado da ONU para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), Joseph Mutaboba, pediu ao Conselho de Segurança (CS), por vídeoconferência na quinta-feira (19/04), que a comunidade internacional assegure que qualquer solução para a atual crise política no país seja baseada num processo que reflita a vontade do povo.
“Acredito que os partidos do Parlamento deveriam estar plenamente envolvidos em qualquer solução baseada no compromisso de restaurar a ordem constitucional e abordar a questão da inclusão”, disse Mutaboba.
Soldados em Guiné-Bissau – um país com uma história de golpes de Estado, desgoverno e instabilidade política desde a independência de Portugal em 1974 – tomaram o poder uma semana atrás e detiveram o Presidente Interino, Raimundo Pereira, e o Primeiro-Ministro, Carlos Gomes Júnior.
O golpe aconteceu pouco antes da eleição presidencial, marcada para 22 de abril, entre Gomes Júnior e o ex-Presidente Kumba Yala.
Mutaboba afirmou que negociações sobre um acordo de poder entre a junta e alguns outros elementos excluiu o principal partido do Parlamento, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde.
Na reunião do CS, a Presidente da Comissão de Configuração para a Construção da Paz na Guiné-Bissau, Embaixadora brasileira Maria Luiza Ribeiro Viotti, disse que o Conselho e a comunidade internacional como um todo deve agir com determinação para assistir a Guiné-Bissau no rompimento, de uma vez por todas, do ciclo de violência, golpes de Estado, impunidade e instabilidade que têm atormentado o país há bastante tempo.
“A solução para a crise requer a libertação imediata de todas as autoridades detidas pelos perpetradores do golpe, o retorno das Forças Armadas aos quarteis e o recomeço do processo eleitora”, afirmou a Embaixadora.