Uganda: importância da questão das crianças-soldado é destacada por enviada especial das Nações Unidas

A Representante Especial do Secretário-Geral para Crianças e Conflitos Armados, Radhika Coomaraswamy, discursando na Conferência de Revisão do TPI. Foto: Flickr Children and Armed ConflictA Representante Especial do Secretário-Geral para Crianças e Conflitos Armados, Radhika Coomaraswamy, passou a semana passada visitando as vítimas dos conflitos de Uganda. Na Conferência de Revisão do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (TPI), que ocorreu no dia primeiro de junho em Kampala, capital do país, ela falou a funcionários do governo e mídia sobre como fazer as vozes dessas crianças-soldado serem ouvidas pelo mundo e defendeu maior foco na capacitação da subsistência local.

No intervalo do War Victims Day Football Game (Jogo de futebol do Dia para as Vítimas de Guerra, em tradução livre), evento beneficente em prol dos afetados pelos conflitos no país, em Kampala, ela expressou sua admiração pela resistência desses jovens diante da incrível adversidade. “Eu tenho uma amiga, uma ex-criança-soldado do norte de Uganda, Grace Akallo, que semana passada se formou no mestrado. Eu sei do que vocês são capazes, conheço sua força. Nós estamos aqui para ajudar vocês”.

Na semana passada, Coomaraswamy se  reuniu com o general Aronda Nyakairima, chefe do exército de Uganda, para discutir os procedimentos operacionais para a libertação e a repatriação de crianças associadas ao Exército de Resistência do Senhor (LRA, em inglês) em toda a região, seguindo as recomendações do Grupo de Trabalho para Crianças em Conflitos Armados do Conselho de Segurança. Ela também apresentou a Nyakairima o Relatório Anual do Secretário-Geral sobre Crianças e Conflitos Armados.

Durante a Conferência de Revisão do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, ela deu uma palestra sobre o levantamento do impacto do Estatuto de Roma sobre as vítimas e as comunidades afetadas. “Aqueles que tem trabalhado na área viram os olhos de mulheres e crianças, vazios e imóveis, após experiências terríveis de violência. Qualquer um que tenha falado com essas vítimas, que tenha compartilhado sua dor, não pode fazer nada além de esperar que o Estatuto de Roma anuncie uma nova era para as vítimas ao redor do mundo”, declarou em seu discurso de abertura.

Seguindo sua visita ao país, a enviada especial da ONU se encontrou com sobreviventes e fugitivos das zonas de combate, em Gulu. Ela também se reuniu com autoridades ugandenses e defendeu um maior foco em programas que possibilitem a subsistência local, incluindo treinamento básico em informática.