ONU corre contra o tempo para ajudar vítimas da inundação no Paquistão

Crianças deslocadas esperam por mantimentos no acampamento em Jalozai. Foto: ONU.Diversas agências das Nações Unidas estão correndo contra o tempo – e contra o clima – de modo a chegar ao máximo de pessoas, entre as 14 milhões afetadas pelas recentes inundações no Paquistão. O trabalho é intensificado com a ameaça de mais chuvas em grande parte da nação sul-asiática.

“As agências estão acelerando a sua resposta à crise”, afirmou Elisabeth Byrs do Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) a jornalistas em Genebra. Ela observou que 20% dos cerca de 460 milhões dólares solicitados pela ONU e seus parceiros para ajudar o Paquistão a combater as necessidades das famílias afetadas pelas cheias foi recebido até agora.

Os fundos solicitados no âmbito do plano de emergência lançado em Nova York na quarta-feira (11) abrange prioridades imediatas, tais como alimentos, água potável, tendas e outros abrigos e itens não-alimentares, bem como suprimentos médicos. As inundações começaram no final de julho, por conta das fortes chuvas de monção.

O Secretário-Geral Ban Ki-moon pretende viajar para o Paquistão para ver as áreas afetadas por enchentes e demonstrar o apoio da ONU e da comunidade internacional com o povo e o governo local, anunciou hoje (13) seu Porta-voz, embora nenhum detalhe da viagem tenha sido fornecido.

As agências humanitárias no Paquistão estão trabalhando dia e noite para entregar ajuda e salvar vidas, afirmou o OCHA, ressaltando que é necessário uma maior agilidade na liberação e execução do financiamento. “Suprimentos de ajuda devem chegar às mulheres, homens e crianças, logo que possível, a fim de evitar mais mortes causadas por doenças veiculadas pela água e escassez de alimentos”, disse Martin Mogwanja, coordenador humanitário da ONU para o Paquistão. “O número de mortos até agora tem sido relativamente baixo, se comparada a outras grandes catástrofes naturais, e queremos mantê-lo dessa maneira”.

Mais de 1.200 pessoas foram mortas e pelo menos 2 milhões ficaram desabrigadas pelo desastre, que também destruíu casas, fazendas e grandes infraestruturas em boa parte do país, sobretudo na província noroeste de Khyber Pakhtunkhwa (KPK). As chuvas que se aproximam são um motivo de preocupação da Organização.

Alternativas de transporte

Apesar do mau tempo e da destruição maciça de pontes e estradas, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) disse ter sido possível o fornecimento uma ração de comida no mês, para mais de 430 mil pessoas. O Programa espera atingir mais de 2 milhões de pessoas nos próximos 10 dias. “Estamos particularmente preocupados com as necessidades de 600 mil pessoas no norte da província de KPK”, disse o diretor do PMA no Paquistão, Wolfgang Herbinger. “Essas pessoas só podem ser alcançadas por helicóptero. Além disso, por alguns dias na semana nossos helicópteros não foram capazes de voar, por causa do mau tempo”.

Além de usar helicópteros para fornecer alimentos às pessoas em áreas de difícil alcance, a agência também está empregando burros de carga para o transporte de alimentos em terrenos de difícil acesso terrestre.

O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) anunciou hoje (13) que está procurando urgentemente repor materiais de abrigo e kits familiares de seus estoques mundiais, uma vez que se esforça para obter suprimentos em áreas isoladas, principalmente nas províncias de Baluchistão e Khyber Pakhtunkhwa.

A agência adquiriu mais de 69 mil tendas a partir de fornecedores locais para auxiliar na operação de socorro, com pelo menos 8 mil barracas chegando por semana. No entanto, lonas plásticas estão rapidamente se esgotando, devido às enormes exigências por abrigo em todas as áreas afetadas por enchentes, destacou o ACNUR em um comunicado à imprensa.

Cinco caminhões com material de socorro do ACNUR, que saíram há mais de uma semana de Peshawar em direção a Quetta, ainda estão presos nos deslizamentos de terra e inundações. Outros quatro caminhões chegaram ao destino com sucesso.

Mengesha Kebede, representante do ACNUR no Paquistão, disse que a crise que o país enfrenta é enorme e avisou que não vai acabar quando as águas recuarem. “Acreditamos que muitas comunidades e campos de refugiados terão casas destruídas ou seriamente danificadas, com fome e doenças expondo em particular mulheres e crianças a situações graves.”

Prioridade para mulheres e crianças

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) anunciou que um voo fretado transportando 100 toneladas de ajuda de emergência chegou à cidade portuária de Karachi nesta quinta-feira (12), trazendo consigo kits de saúde, mantimentos alimentares, kits de obstetrícia e lonas.

Alguns destes fornecimentos serão enviados para as zonas mais afetadas da província de Sindh, enquanto o restante será transferido para outras partes do país, com ênfase para as mulheres e crianças em extrema necessidade. “Esta é a primeira grande remessa de suprimentos de emergência e vamos esperar mais nos próximos dias”, disse o chefe do escritório do UNICEF no acampamento de Sindh, Andro Shilakadze. “Como o material que tínhamos foi perdido nas enchentes, os fornecimentos recebidos hoje são de necessidade urgente”. Nos últimos três dias, cerca de 13 mil crianças, mulheres grávidas e lactantes foram vacinadas contra o sarampo, poliomielite e tétano em diferentes áreas afetadas pelas cheias.

Uma das principais preocupações da Organização Mundial de Saúde (OMS) é o número crescente de pessoas que procuram tratamento para doenças veiculadas pela água. Entre 1 e 9 de agosto, a agência realizou 90 sessões de formação para agentes de saúde e supervisores de abastecimento de água em técnicas de desinfecção e cloração. A OMS destacou também a necessidade de estabelecer clínicas móveis para áreas sem acesso aos serviços de saúde. Até agora, existem 1.900 instalações operacionais em Punjab, incluindo 1.000 clínicas móveis.

Faça uma doação para a emergência no Paquistão no site internacional do ACNUR (em inglês).

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