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ONU-Habitat Brasil recebe inscrições de eventos para Circuito Urbano 2020

O Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) recebe inscrições para a realização de eventos online em outubro no Brasil e em Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe).

Os encontros farão parte do Circuito Urbano 2020, cujo tema é “Cidades Pós-COVID-19: Diálogos entre o Brasil e a África lusófona”.

O ONU-Habitat é a agência da ONU responsável por promover o desenvolvimento urbano sustentável e realiza, todos os anos, o Outubro Urbano. A iniciativa, que se inicia com o Dia Mundial do Habitat (na primeira segunda-feira de outubro) e se encerra com o Dia Mundial das Cidades (31 de outubro), conta sempre com dois temas selecionados para refletir sobre uma diversidade de questões urbanas e compartilhar conhecimentos e experiências para promover um futuro urbano melhor. Além disso, é uma plataforma para debate e divulgação da Nova Agenda Urbana e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em especial o ODS 11 (“Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis”).

Para promover o debate sobre os temas do Outubro Urbano de cada ano em todo o Brasil, o escritório do ONU-Habitat no Brasil criou, em 2018, o Circuito Urbano: uma iniciativa para apoiar institucionalmente e dar visibilidade a eventos organizados por diversos atores.

Em 2020, a 3ª edição do Circuito Urbano será realizada de forma totalmente virtual, com eventos ao vivo ou gravados, devido às restrições impostas pela pandemia da COVID-19.

Para aproveitar as vantagens da modalidade online e aprofundar o intercâmbio de experiências e conhecimentos, o Circuito Urbano 2020 será realizado em parceria com os escritórios do ONU-Habitat em Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. Serão organizados eventos conjuntos entre os escritórios do ONU-Habitat e parceiros e a Chamada de Eventos também estará aberta para organizadores de todos esses países.

O Circuito Urbano 2020 se centrará no tema “Cidades Pós-COVID-19: Diálogos entre o Brasil e a África lusófona”. Baseado nos temas do Dia Mundial do Habitat e no Dia Mundial das Cidades, os eventos poderão abordar dois subtemas: “Habitação para todas e todos: um futuro urbano melhor” e “Valorizando nossas comunidades e cidades”.

O ONU-Habitat receberá, entre 26 de agosto de 2020 e 6 de setembro de 2020, inscrições de eventos para o Circuito Urbano 2020 que tenham interesse em receber apoio institucional da agência, que se adequem aos seguintes critérios de seleção:

  • Ocorrer entre os dias 2 e 31 de outubro de 2020;
  • Duração entre 1h30 e 5h;
  • Serem organizados por indivíduos (pessoa física) ou organizações que atuem no Brasil e/ou em países da África lusófona;
  • Os formatos podem ser diversos, como oficinas, webinários, painel de discussões, entrevistas, rodas de conversa, palestras, exibições, entre outros;
  • Serem online ao vivo através de uma plataforma de streaming ou, no caso de conexão limitada à internet, gravados em alta resolução para disseminação posterior.
  • Serem realizados em português. Caso haja a participação de apresentadores que não falam português, será necessária a disponibilização de tradução simultânea por parte dos organizadores;
  • É altamente recomendável que os eventos promovam, na composição da programação, a igualdade racial e de gênero e respeito à diversidade em seus espaços de debate;

Para ver todos os critérios de seleção e mais informações, acesse a Chamada de Eventos em: www.circuitourbano.org

ATENÇÃO: devido ao período eleitoral nos municípios brasileiros, candidatos(as) a algum dos cargos em disputa não poderão ser debatedores(as)/palestrantes e os eventos não poderão promover candidatos(as) e/ou partidos políticos.

APOIO INSTITUCIONAL

O apoio institucional do ONU-Habitat inclui: transmissão ao vivo e/ou gravação; facilitação gráfica (sujeita à quantidade de voluntários/as inscritos); guia de participação passo-a-passo e webinário de orientação sobre o apoio institucional e a realização dos eventos; mídia kit; kit informativo; divulgação dos eventos; conexão entre organizadores e palestrantes (opcional); participação de representantes do ONU-Habitat (sujeita à disponibilidade).

ATENÇÃO: o apoio institucional do ONU-Habitat aos eventos selecionados não envolve qualquer tipo de transferência de recursos financeiros à organização dos eventos.

CRONOGRAMA

26 de agosto a 06 de setembro Período de inscrição de eventos
14 de setembro Divulgação dos eventos selecionados e e-mail com resultado para eventos inscritos (selecionados ou não)
17 de setembro Webinário de orientação dos eventos
25 de setembro Divulgação da programação final
1º de outubro Evento de abertura
05 de outubro Dia Mundial do Habitat
02 a 31 de outubro Realização do Circuito Urbano 2020 e dos eventos selecionados
31 de outubro Dia Mundial das Cidades
03 de novembro Evento de encerramento
Até 15 de novembro Prazo de preenchimento e envio do Formulário de Avaliação e Relatoria dos eventos
Até 30 de novembro Envio dos certificados aos organizadores, palestrantes e ouvintes

 

Para mais informações, acesse www.circuitourbano.org ou entre em contato via e-mail [email protected].

ONU pede apoio ao setor de turismo, devastado pela pandemia; vídeo

O turismo é muito mais do que visitar marcos culturais ou nadar em praias tropicais. Trata-se de “um dos setores econômicos mais importantes do mundo”, disse nesta terça-feira (25) o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

Ao lançar o seu mais recente relatório, Guterres destacou que a indústria emprega uma em cada dez pessoas no planeta e fornece meios de subsistência a centenas de milhões de pessoas.

Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), de 100 a 120 milhões de empregos diretos no turismo estão em risco. E a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) prevê uma perda de 1,5 a 2,8% do PIB global.

Além disso, nos primeiros cinco meses do ano, as chegadas de turistas internacionais diminuíram em mais da metade e foram perdidos cerca de 320 bilhões de dólares em exportações neste setor.

“O turismo impulsiona as economias e permite que os países prosperem. Permite que as pessoas vivenciem algumas das riquezas culturais e naturais do mundo e as aproxima umas das outras, evidenciando a nossa humanidade comum. Na verdade, podemos dizer que o turismo é em si uma das maravilhas do mundo”, disse o chefe da ONU.

Destacando a situação dos trabalhadores do setor de turismo, Guterres lembrou que muitos deles se encontram na economia informal ou em micro, pequenas e médias empresas, que empregam uma elevada proporção de mulheres e jovens.

Segundo a ONU, a crise é um grande choque para as economias desenvolvidas, mas para os países em desenvolvimento é uma “emergência”, especialmente para muitos pequenos Estados insulares em desenvolvimento e países africanos.

“Para as mulheres, as comunidades rurais, os povos indígenas e muitas outras populações, historicamente marginalizadas, o turismo tem sido um veículo de integração, capacitação e geração de rendimento”, lembrou ele.

A ONU aponta ainda que o setor é um pilar fundamental para a conservação do patrimônio natural e cultural.

“A queda nas receitas levou ao aumento da caça predatória e à destruição de habitats dentro e ao redor das áreas protegidas, e o fechamento de muitos locais classificados como Patrimônio Mundial privou as comunidades de meios de subsistência vitais”, disse António Guterres, que disse ser “imperativo” a reconstrução do setor.

Apesar disso, ele lembrou que isso deve ser feito de forma segura, equitativa e favorável ao clima.

“As emissões de gases de efeito estufa relacionadas com os transportes podem subir acentuadamente se a recuperação não estiver alinhada com as metas climáticas. Apoiar os milhões de meios de subsistência que dependem do turismo significa construir uma experiência de viagem sustentável e responsável que seja segura para as comunidades anfitriãs, para os trabalhadores e para os viajantes”, disse.

A ONU identificou cinco áreas prioritárias para ajudar na recuperação: a mitigação dos impactos socioeconômicos da crise; a criação de resiliência em toda a cadeia de valor do turismo; maior uso de tecnologia no setor; promoção da sustentabilidade e do crescimento verde; e promoção de parcerias para permitir que o turismo apoie ainda mais os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

“Vamos assegurar que o turismo recupere a sua posição de criador de empregos dignos, de rendimentos estáveis e de protetor do nosso patrimônio cultural e natural”, concluiu.

ARTIGO: Como criar parques para a diversidade?

Parque da Orla do Guaíba, em Porto Alegre (RS), é um dos casos mencionados na publicação. Foto: PMPA/Luciano Lanes
Parque da Orla do Guaíba, em Porto Alegre (RS). Foto: PMPA/Luciano Lanes

Por Claudia Valenzuela e Fernando Pieroni*

Vivemos um momento de extrema complexidade, que tem nos exigido estar longe das pessoas e de lugares que nos fazem bem, como os parques. Se antes da pandemia esses espaços já exerciam um papel importante para a qualidade de vida da população, após o período de isolamento eles possivelmente assumirão um novo patamar no cotidiano e no imaginário social, ajudando a sociedade a se reconectar com a natureza e a novamente compartilhar o espaço público para as atividades de lazer, cultura e esporte.

Essa vocação democrática dos parques incide também sobre uma agenda que vem sendo cada vez mais necessária nos tempos atuais: a questão da diversidade. A promoção de áreas verdes que contemplem essa pauta está prevista em uma das metas globais da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que visa “proporcionar o acesso universal a espaços públicos seguros, inclusivos, acessíveis e verdes, particularmente para mulheres e crianças, pessoas idosas e pessoas com deficiência”.

Considerar a diversidade como uma das diretrizes para a gestão de parques é, portanto, condição essencial para garantir a plena função social dessas áreas e fortalecer outras formas de se apropriar do espaço público. Diante do cenário desafiador da administração dos parques e da eminente demanda de usuários e usuárias que desejam ou já utilizam esses espaços, como e por onde começar a implementar a perspectiva da diversidade? Vejamos algumas das orientações propostas pela publicação Parques para Todas e Todos, lançada recentemente por UNOPS e Semeia, em parceria com ONU Mulheres e UNAIDS.

O primeiro passo é entender justamente as diferentes necessidades que existem em nossa sociedade, cada vez mais plural. É preciso, então, que os parques ofereçam opções para todas as pessoas. Incluir a participação equitativa de todos os grupos envolvidos nesse espaço público, sobretudo durante os processos de elaboração dos projetos de infraestrutura e na tomada de decisão é, portanto, fundamental.

Um segundo passo diz respeito à própria estrutura organizacional dos parques, que também precisa refletir a diversidade em seu corpo técnico, em todos os níveis de cargos. Incentivar a candidatura de pessoas dos mais diversos grupos sociais em processos seletivos ou, ainda, priorizar a contratação de empresas comprometidas com a diversidade são exemplos concretos e possíveis de se alcançar no âmbito da gestão.

Além dessas orientações, existem muitas outras possibilidades de integrar a diversidade nesta agenda. O fato é que pensar a cidade e seus espaços para cidadãs e cidadãos exige escutar quem está ali. Esses espaços públicos podem ser áreas fundamentais para se fomentar a igualdade entre mulheres e homens de diferentes idades, orientação sexual, identidade de gênero, renda e raça —desde que esse seja seu objetivo. E isso pode ser feito sem o aumento de custos de execução ou manutenção, apenas com medidas simples, efetivas e inclusivas.

*Claudia Valenzuela é representante do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS) no Brasil e Fernando Pieroni é diretor-presidente do Instituto Semeia e especialista em parcerias público-privadas.

 

Sistemas agroflorestais no DF geram renda; protegem solo e mananciais

O plantio agroflorestal gera renda ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente. Foto: Gabriela Fonseca
O plantio agroflorestal gera renda ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente. Foto: Gabriela Fonseca

Lucas Rosa Duarte, de 19 anos, mora no assentamento Canaã, em Brazlândia, cidade satélite localizada a 50 km de Brasília. O local é uma das regiões onde estão sendo implantados Sistemas Agroflorestais (SAFs) Mecanizados, no Distrito Federal.

“Já pensei em ir embora, porque aqui a vida sempre foi muito dura. Mas a agrofloresta me incentivou a ficar e ajudar meus pais a ver isso tudo crescer”, revela.

Sua vizinha, Maria dos Reis, também está otimista. “Agora, com a agrofloresta, vamos ter a possibilidade de colher o ano todo e comer sem veneno. A vida vai ficar mais fácil”, afirma.

Além de gerar renda para pequenos agricultores como a família de Lucas e de Maria, os SAFs mecanizados contribuem para a proteção do solo e dos mananciais das bacias do Descoberto e do Paranoá.

Esta é apenas uma das ações do CITinova, um projeto multilateral realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) para a promoção de sustentabilidade nas cidades brasileiras.

“Por meio de investimentos em tecnologias sustentáveis e em planejamento urbano integrado, o CITinova busca melhorar a qualidade de vida e o bem-estar dos brasileiros”, explica Marcela Aboim Raposo, diretora nacional do projeto pelo MCTI.

Com abrangência nacional e ações específicas em Brasília e Recife (PE), o CITinova conta com recurso de 25 milhões de dólares do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês), está sendo implementado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e executado em parceria pela Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES) e Porto Digital, Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização social vinculada ao MCTI, Programa Cidades Sustentáveis (PCS) e Secretaria do Meio Ambiente (SEMA/GDF).

Enfrentamento às mudanças climáticas e segurança hídrica

Em Brasília, vários projetos-piloto estão em fase de implementação com o objetivo de incentivar e apoiar a conservação e recuperação ambiental.

Com foco na segurança hídrica e enfrentamento às mudanças climáticas, além dos SAFs mecanizados, que já capacitaram 80 agricultores e foram implantados em 16 hectares, somando um total de 20 hectares até final deste ano, a SEMA-GDF, no âmbito do CITinova, está à frente do Programa de Recuperação de Nascentes, que prevê a recomposição de vegetação nativa em 80 hectares no DF. Na primeira etapa, foram plantadas 3.878 mudas de mais de 40 espécies do cerrado.

Outro desafio do CITinova é contribuir à reparação dos danos ao meio ambiente causados pelo Lixão da Estrutural, atualmente desativado, mas já considerado o maior depósito a céu aberto da América Latina.

O projeto, por meio da SEMA-GDF, está financiando estudos de diagnóstico de contaminação e de remediação para testar a absorção de poluentes, que darão subsídio para a elaboração de estratégias de descontaminação da área.

Nos córregos Acampamento, Ribeirão Bananal e Cabeceira do Valo estão sendo coletadas águas superficiais para avaliar se o chorume chegou às nascentes próximas à área.

Também foi realizada perfuração de poços para medir o nível de contaminação de chorume e foram plantadas 400 mudas de espécies nativas e 100 mudas de eucalipto em um hectare do Lixão, para testar a retirada ou a estabilização de metais nos solos por meio de fitorremediação.

Transporte sustentável

Em Recife, o CITinova é executado pelos parceiros ARIES e Porto Digital e, entre as várias ações, está sendo desenvolvido um barco movido a energia solar para travessia do Rio Capibaribe.

Sem poluir o meio ambiente, o barco irá conectar as margens opostas, cujas características socioeconômicas e territoriais são muito distintas e fazem com que o rio se torne uma barreira e não um elo entre os moradores.

Também está em fase de elaboração um jardim filtrante para o tratamento, por fitorremediação, de 10% da vazão de um dos 14 canais que despejam água poluída no Rio Capibaribe.

O local terá ainda área de lazer e ações educativas para o público. Serão implementados, também na capital pernambucana, três microestações de monitoramento climático para monitorar clima, partículas suspensas, qualidade da água e do ar e nível da maré.

O objetivo do CITinova é que os projetos pilotos de Brasília e Recife sejam modelos passíveis de replicação em outros locais do país.
Plataformas para Cidades Sustentáveis

Outra importante frente de ação do projeto CITinova é o desenvolvimento e aperfeiçoamento de espaços virtuais para apoio e promoção de gestão pública integrada e sustentável, com participação social, acadêmica e do setor privado.

A nova plataforma do Programa Cidades Sustentáveis (PCS), com mais recursos e funcionalidades, e o Observatório de Inovação para Cidades Sustentáveis (OICS) do Centro de Gestão de Estudos e Estratégicos (CGEE), organização social do MCTI, estão no ar com abrangência nacional.

Complementares e em fase de ampliação, a plataforma do PCS disponibiliza conteúdos, indicadores, dados, metodologia, banco de boas práticas nacionais e internacionais e muitas outras ferramentas para suporte e fortalecimento dos gestores públicos no planejamento urbano integrado. Já o OICS monitora, organiza e exibe soluções sustentáveis e inovadoras contextualizadas no território nacional por meio de tipologias de cidades-região.

Outros dois sistemas de informação com abrangência local estão em fase de construção: o SISDIA, uma importante ferramenta para a gestão ambiental territorial integrada do Governo do Distrito Federal, e o Sistema de Gestão Georreferenciada Integrada, uma ferramenta de gestão, planejamento e execução de operações urbanas, com visão ampla das ações em andamento e planejadas na cidade de Recife.

Para saber mais sobre o CITinova, assista o vídeo:

E para conhecer todas as ações que estão sendo implementadas, visite o site www.citinova.mctic.gov.br

ONU e parceiros lançam apelo de US$565 milhões para Líbano

Apoiadores da comunidade limpam entulhos provocados pela explosão catastrófica na área de Gemmayze, em Beirute, no Líbano. Foto: UNICEF
Apoiadores da comunidade limpam entulhos provocados pela explosão catastrófica na área de Gemmayze, em Beirute, no Líbano. Foto: UNICEF

ONU e parceiros estão buscando 565 milhões de dólares para atender às necessidades do Líbano após as explosões mortais que arrasaram grandes áreas da capital, Beirute, há quase duas semanas.

O apelo lançado na sexta-feira (14) ajudará o povo libanês a passar do socorro imediato para a reconstrução e recuperação, incluindo o reparo da economia despedaçada a longo prazo.

“A escala das perdas com as explosões de Beirute é tão vasta que é provável que cada pessoa no Líbano tenha sido de alguma forma atingida por este terrível evento”, disse Najat Rochdi, o vice-coordenador especial da ONU para o país, que também é coordenador-residente e humanitário.

Quase 180 pessoas morreram e mais de 6 mil ficaram feridas nas explosões, que destruíram a maior parte do porto de Beirute e bairros vizinhos. Milhares estão desabrigados.

As explosões danificaram seis hospitais, 20 clínicas de saúde e 120 escolas, de acordo com o escritório de assuntos humanitários da ONU, o OCHA.

Agravando crises já existentes

A catástrofe estagnou enquanto o Líbano enfrenta várias crises, incluindo contração econômica, aumento da pobreza e a pandemia de COVID-19. Tanto os cidadãos quanto a grande população de refugiados do país, principalmente sírios e palestinos, foram afetados.

A transmissão da COVID-19 está sobrecarregando o sistema de saúde, com a Organização Mundial da Saúde (OMS) registrando mais de 7,7 mil casos no país até sexta-feira. Metade de todas as infecções até o momento foi diagnosticada nas últimas duas semanas, de acordo com o OCHA.

O apelo de 565 milhões de dólares visa quatro áreas: segurança alimentar, saúde, abrigo e educação.

Os planos imediatos incluem o fornecimento de refeições quentes e rações alimentares, bem como a entrega de grãos.

A resposta à saúde se concentrará na reabilitação de instalações danificadas e no fornecimento de kits para traumas e medicamentos essenciais.

Famílias forçadas a deixar suas casas receberão dinheiro para custear abrigo, e o financiamento também irá para o conserto das áreas comuns dos edifícios e instalações afetadas pela explosão.

A resposta educacional incluirá a reforma de escolas e o fornecimento de apoio psicossocial, entre outras medidas.

OIT cria empregos decentes para apoiar as operações de limpeza após explosões em Beirute

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) mobilizou recursos para dar uma resposta rápida à explosão que devastou partes da capital libanesa.

Mais de 100 empregos decentes de curto prazo para ajudar na remoção de escombros e destroços das ruas foram criados para cidadãos libaneses e refugiados sírios, no âmbito do Programa de Infraestrutura Intensiva em Emprego da OIT (EIIP) , financiado pela Alemanha por meio do Banco de Desenvolvimento Alemão (KfW).

Cerca de 60 trabalhadores participam das operações de limpeza em uma das áreas mais afetadas da capital libanesa. Omar Saidoun, de nacionalidade libanesa, é um deles:

“O apoio mais importante é o financeiro. Eu precisava muito desse apoio, pois não tinha qualquer trabalho antes. Além do trabalho remunerado, o trabalho em equipe que vivemos é fundamental ”, disse ele.

A equipe da EIIP está trabalhando em estreita colaboração com a Prefeitura de Beirute para garantir que o apoio chegue às áreas que foram duramente atingidas pela explosão. Está em coordenação com grupos de trabalho da agência da ONU, liderados pelo Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), com o objetivo de garantir que os esforços para criar uma Beirute mais segura sejam coerentes e apoiem todas as pessoas afetadas pela explosão.

“Em poucos dias, conseguimos realocar trabalhadores libaneses e sírios empregados no programa, para ajudar na resposta imediata às necessidades em Beirute, e esperamos aumentar este esforço nas próximas semanas ”, disse o Diretor Regional Adjunto da OIT para os Estados Árabes, Frank Hagemann.

“A OIT não é uma agência humanitária, mas há muitos anos trabalhamos na área de resiliência, no context de emergência e desenvolvimento. Desde o início da guerra na vizinha Síria, temos trabalhado com refugiados sírios e comunidades anfitriãs vulneráveis, e esse esforço continuará no futuro ”, acrescentou.