“Grupo dos 77” deve desempenhar papel no avanço de prioridades da ONU

O bloco dos países em desenvolvimento conhecido como “Grupo dos 77 e China” deve fazer ouvir a sua voz na realização de um amplo espectro de objetivos das Nações Unidas, de metas globais antipobreza ao combate às alterações climáticas, passando pela capacitação de mulheres, disse o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon.

“Novos tempos exigem mudanças nas instituições,” disse Ban em cerimônia na sede da ONU em Nova York, marcando a entrega da presidência do G77 do Iêmen para a Argentina. Instituído em 1964 por 77 Estados, mas agora representando mais de 130 países, geralmente incluindo a China, o grupo fornece os meios para os países do Sul articularem e promoverem seus interesses econômicos coletivos e reforçarem sua capacidade de negociação conjunta de todas as principais questões econômicas internacionais no âmbito das Nações Unidas.

“Foram-se os dias em que alguns podiam alegar falarem por muitos. Reformar e reforçar a governança econômica e financeira internacional continuará sendo difícil. Mas é essencial “, disse o Secretário-Geral. “As Nações Unidas tem o papel importante de garantir que isso seja feito e estabelecer o caminho para a prosperidade e a justiça social para todos. A voz do G77 e da China também deve ser ouvida conforme avança a questão”, acrescentou, destacando “nossos esforços conjuntos” para combater a pobreza e assegurar a prosperidade para todos.

Ban Ki-moon disse que os esforços para combater as mudanças climáticas também devem continuar sendo uma prioridade para 2011, com o G77 e a China, ajudando a construir sobre os ganhos já alcançados na criação de um fundo de 100 bilhões de dólares ao ano para o clima verde e o auxílio de atenuação das mudanças climáticas para países em desenvolvimento, bem como nos esforços para prevenir o desmatamento e nas áreas de adaptação e cooperação tecnológica.

“Também peço colaboração para manter o ritmo na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”, disse, referindo-se às oito metas que visam a reduzir a fome e a pobreza, mortalidade infantil e materna, uma série de doenças e falta de acesso à educação e à saúde, com prazo para 2015.

“Em particular, conto com o Grupo dos 77 para apoiar fortemente a Quarta Conferência de Países Menos Desenvolvidos, a ser realizada em maio, em Istambul (Turquia). Na verdade, os mais vulneráveis devem ter nossa atenção especial – não só porque enfrentam as maiores necessidades, mas porque, investindo neles, garantindo empregos, segurança alimentar e oportunidade, nós podemos fazer os maiores avanços contra a pobreza extrema.”

Ele ressaltou que o fortalecimento das mulheres deve estar no cerne da abordagem e observou que o ano passado viu marcos políticos, com a eleição da primeira Presidenta do Brasil e da primeiras mulheres eleitas Primeiras-Ministras na Austrália e em Trinidad e Tobago.

“Ao olharmos para o próximo ano, quero enfatizar a necessidade de reforçar o multilateralismo”, concluiu. “A cooperação multilateral é o elemento-chave para enfrentar os desafios de nossa era, sobretudo conforme os recursos se tornam mais escassos e aumentam as demandas da ONU. Temos de fazer alianças amplas e novas formas de cooperação pioneira, se quisermos vencer a pobreza, as doenças e as mudanças climáticas.”