ACNUR busca 70 milhões de dólares para ajudar deslocados internos da República Democrática do Congo

A agência para refugiados das Nações Unidas lançou na terça-feira (5) um apelo para arrecadar recursos suplementares de 69,6 milhões de dólares para ajudar centenas de milhares de civis congolenses deslocados internamente neste ano da volátil região dos Grandes Lagos, na África.

O porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR), Adrian Edwards, informou em Genebra, na Suíça, que o dinheiro é necessário para ajudar pessoas deslocadas pelo conflito nas províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul, na RDC, como também para novos deslocamentos que deverão acontecer neste ano na RDC e em países vizinhos – além do retorno destes deslocados às suas comunidades de origem.

O orçamento extra inclui 22,6 milhões de dólares para a RDC; 17,7 milhões de dólares para o Burundi; 17,7 milhões de dólares para Ruanda e 22,3 milhões de dólares para Uganda. Os recursos adicionais se somam ao orçamento de 282,4 milhões de dólares aprovado em outubro passado pela Comitê Executivo do ACNUR para as operações nesses quatro países.

“O dinheiro é vital para atender as necessidades básicas de aproximadamente 453,6 mil civis congolenses deslocados dentro da RDC e além das fronteiras em função da violência no último ano nas províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul, incluindo 5,6 mil refugiados no Burundi, 23 mil em Ruanda e 35 mil em Uganda”, afirmou Edwards.

documento aponta que entre os beneficiários estão incluídos mais 50 mil novos deslocados internos e 50 mil retornados previstos para este ano, assim como 5,4 mil refugiados esperados para Burundi, 11 mil para Ruanda e 40 mil para Uganda.

Confrontos dificultam entrega de ajuda humanitária

Na quinta-feira (7), o Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) alertou os confrontos entre as tropas nacionais e o grupo armado Aliança dos Patriotas para um Congo Livre e Soberano, em Kitchanga, Kivu do Norte, colocam dezenas de milhares de congoleses em perigo.

Os confrontos mataram dezenas de civis – incluindo um trabalhador humanitário -, deixaram centenas de feridos e milhares de pessoas deslocadas desde o fim de fevereiro. A violência também afetou instalações humanitárias e o acesso a serviços básicos.

Cerca de 5 mil deslocados buscaram refúgio em torno da base da ONU. A cidade abriga mais de 799 mil deslocados internos, representando um terço da população deslocada no pais.

A assistência humanitária também foi afetada: armazéns foram queimados, instalações médicas foram destruídas e o sistema de abastecimento de água da cidade foi cortado.

“As agências humanitárias estão enfrentando uma situação de segurança muito instável para entregar ajuda e avaliar as necessidades”, disse comunicado da Agência. “No entanto, a violência constante impede quase todas as missões humanitárias de responder com maior eficácia às necessidades urgentes, em especial à proteção de civis.”