Conflito na Somália força saída de refugiados pelo Golfo de Aden

Situação humanitária na Somália tem se agravado e demanda atenção da comunidade internacional. Foto: UNHCR/E.HocksteinOs contínuos enfrentamentos  armados em Mogadício e na Somália Central estão forçando milhares de civis somalis a arriscarem suas vidas para atravessar o Golfo de Aden e buscar asilo no Iêmen, alertou hoje em Genebra o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).

Segundo o porta-voz do ACNUR, Ron Redmond, os parceiros da agência da ONU para refugiados na região relatam que cerca de 12 mil pessoas chegaram à cidade de Bossaso, no norte da Somália, desde o dia 7 de maio, onde aguardam uma oportunidade para cruzar o Golfo em embarcações clandestinas operadas por contrabandistas de pessoas. “Esses deslocados internos são parte dos cerca de 232.000 somalis forçados a deixar suas casas desde maio, quando o enfrentamento entre as milícias Al-Shabaab e Hisb-ul-Islam e as forças do governo irrompeu em vários distritos da capital somali”, afirmou Redmond.

“Nossos parceiros reportam que áreas onde as vítimas do conflito se concentram estão cada vez mais cheias e os criminosos estão recolhendo dinheiro daqueles que querem chegar ao Iêmen. Como o mar já está muito perigoso, é possível que a maioria das pessoas acampe em Bossaso e aguarde até setembro, quando os ventos são mais favoráveis”, disse o porta-voz do ACNUR.

Em 2008, mais de 50.000 mil pessoas da Somália atingiram a costa do Iêmen – um aumento de 70% em relação a 2007. A tendência continuou durante os seis primeiros meses de 2009, com cerca de 30.000 novas chegadas, o que corresponde ao total verificado em 2007. “É uma jornada perigosa. Mais de mil pessoas se afogaram no percurso em 2008, tendo caído das embarcações ou tendo sido forçadas a desembarcar a uma distância muito grande da costa por contrabandistas inescrupulosos. Até o momento, este ano, cerca de 300 pessoas morreram ou estão desaparecidas”, informou Ron Redmond.

Para o ACNUR, o fenômeno do contrabando de pessoas representa um problema adicional sobre os recursos limitados do Iêmen e um desafio para os esforços governamentais de balancear suas obrigações sob o Direito Internacional com a necessidade de proteger o país da migração ilegal.

À medida que novas pessoas atingem a costa do Iêmen, os  parceiros do ACNUR no país as conduzem a um dos quatro centros de recepção onde são registrados e recebem assistência básica (comida, abrigo, assistência médica) e apoio temporário enquanto se recuperam da travessia.

O Governo do Iêmen faz o reconhecimento automático aos somalis que solicitam refúgio e oferece alojamento em campos de refugiados. Há cerca de 13.000 pessoas, especialmente somalis, vivendo no campo de Kharaz, que é dirigido pelo ACNUR em cooperação com outras agências da ONU, bem como ONGs nacionais e internacionais. Além desta população, há dezenas de milhares de refugiados que optaram por permanecer em áreas urbanas pelo país.