Coreia do Norte possui cerca de 100 mil presos políticos, aponta relatório da ONU

Mercado de Tongil, Pyongyang, Coreia do Norte. Foto: Instagram/Drew Kelly (instagram.com/drewkelly)
Mercado de Tongil, Pyongyang, Coreia do Norte. Foto: Instagram/Drew Kelly (instagram.com/drewkelly)

Relator especial da ONU sobre a Situação dos Direitos Humanos na Coreia do Norte, Marzuki Darusman, finalizou sua visita ao Japão nesta quinta-feira (10). Darusman afirmou que o objetivo desta visita foi colocar em prática um acompanhamento imediato ao trabalho realizado pela Comissão de Inquérito – aprovada em março pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas – sobre as violações de direitos humanos na Coreia do Norte.

O relator especial se reuniu com autoridades do governo, famílias das vítimas e sociedade civil para discutir qual deverá ser o próximo passo a ser tomado. Darusman disse que muitos agradeceram o relatório da Comissão, mas afirmou que “o relatório da Comissão não é um relatório da Comissão, mas um relatório das vítimas, que sobreviveram e corajosamente denunciaram as atrocidades indescritíveis”.

Darusman relatou que durante muitos anos a Coreia do Norte conseguiu ocultar a verdadeira magnitude e gravidade de suas atrocidades contra seu próprio povo e vítimas no exterior. Ele acrescentou que está “particularmente preocupado com os cerca de 80 mil a 120 mil presos políticos que permanecem dentro do sistema de detenção da Coreia Norte. Estes campos devem ser fechados e os prisioneiros deve ser libertados imediatamente”.

“Agora o mundo sabe. O relatório da Comissão forneceu uma imagem mais holística das graves e generalizadas violações de direitos humanos que vêm ocorrendo no país, e esses crimes contra a humanidade continuam acontecendo enquanto falamos”, afirmou.

“Vou mais longe do que isso. Não só nós sabemos, a Coreia do Norte sabe que nós sabemos. E isso é poderoso e pode atuar tanto como um impedimento quanto um incentivo para mudar o curso [das violações de direitos humanos]. Esta é uma das muitas razões pelas quais eu acredito que as mudanças são possíveis. E devemos aproveitar o momento e trabalhar em conjunto para trazer mudanças concretas.”

A Comissão concluiu que mais de 200 mil pessoas, incluindo crianças, foram levadas de outros países para a Coreia do Norte e muitas nunca mais foram vistas. Darusman deverá desenvolver uma estratégia envolvendo todos os mecanismos de direitos humanos da ONU que estão interessados, para abordar a questão do rapto internacional, desaparecimentos forçados e assuntos relacionados de maneira coerente e eficaz.

“Estou profundamente encorajado pelo senso de unidade e com o compromisso de buscar respostas e trazer mudanças concretas. É neste espírito de esperança e de solidariedade que devemos trabalhar juntos conforme embarcamos nesta nova fase de trabalho sobre os direitos humanos na Coreia do Norte”, disse Darusman após seu encontro com famílias das vítimas e uma ampla gama de atores da sociedade civil.