Epidemia de cólera no Haiti deve aumentar

Um trabalhador humanitário argentino ajuda uma menina em Leogane, Haiti. Foto: ONU.Contagem oficial dos casos ultrapassa nove mil, porém muitos mais podem contrair a doença, alerta a OPAS.

Se a epidemia de cólera no Haiti seguir um padrão semelhante ao da última epidemia de cólera nas Américas, poderá ter dezenas de milhares de casos nos próximos anos, disse à imprensa nesta terça-feira (09/11) o Vice-Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Jon K. Andrus. Até essa data, o Ministério da Saúde do Haiti contabilizava 9.123 casos de cólera, com 583 mortes. Estes incluem os 73 casos relatados na capital, Porto Príncipe.

Outras organizações também estão relatando casos e a OPAS está trabalhando com o Governo haitiano para integrar os números adicionais no sistema oficial de vigilância. Andrus enfatizou, no entanto, que “o número de casos não é tão importante quanto as tendências subjacentes, e nossa prioridade é tratar o doente e prevenir novos casos”.

Embora o impacto do furacão Tomas não tenha sido tão imediato e grave como muitos temiam, Andrus disse que “temos todas as razões para esperar que as inundações aumentem o risco de cólera”. Os efeitos da passagem do furacão poderão tornar-se visíveis através de um aumento de casos nos próximos dias.

A última epidemia de cólera no hemisfério ocidental começou no Peru em 1991 e se espalhou para 16 outros países, da Argentina ao Canadá. Somente no Peru, a epidemia produziu mais de 650 mil casos ao longo de seis anos. Ajustando o tamanho da população, um padrão semelhante iria produzir mais de 270 mil casos no Haiti, disse Andrus.

Ele também disse que a epidemia de cólera não precisa interferir nas eleições gerais previstas no país para 28 de novembro. “Não há razão para esperar que as eleições tenham um impacto negativo sobre a epidemia de cólera”, disse Andrus. “De fato, o Ministério da Saúde está planejando usar a ocasião para divulgar mensagens de prevenção para a população.”