FAO e União Europeia promovem agricultura de clima inteligente

Agricultores do projeto da FAO para manejo do solo e da água testam novo sistema de irrigação por gotejamento na ÍndiaA Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e a Comissão Europeia anunciaram hoje (16/01) um novo projeto de 5,3 milhões de euros para ajudar Malauí, Vietnã e Zâmbia na transição para uma abordagem de “clima inteligente” para a agricultura.
A agricultura – e as comunidades que dela dependem para a sua subsistência e segurança alimentar – são altamente vulneráveis aos impactos das alterações climáticas. Ao mesmo tempo, a agricultura, uma importante fonte de gases de efeito estufa, contribui para o aquecimento global.
A “agricultura de clima inteligente” é uma abordagem que busca transformar o setor agrícola em uma ferramenta de solução para estes grandes desafios.
Trata-se de fazer mudanças em sistemas agrícolas para atingir objetivos múltiplos: melhorar a contribuição para a luta contra a fome e a pobreza; torná-los mais resistentes às mudanças climáticas, reduzir as emissões e aumentar o potencial da agricultura para a captura e sequestro de carbono atmosférico.
“Temos de começar a colocar em prática uma agricultura de clima inteligente, em estreita colaboração com os agricultores e comunidades”, afirmou o Diretor-Geral Adjunto da FAO do Departamento de Desenvolvimento Econômico e Social, Hafez Ghanem. “Mas não há soluções universais. Práticas agrícolas mais sustentáveis devem responder às diferentes condições locais, à geografia, clima e base de recursos naturais”, acrescentou.
“Este projeto vai analisar de perto três países e identificar os desafios e oportunidades para a agricultura de clima inteligente e produzir planos estratégicos adaptados à realidade de cada país”, disse Ghanem. “Embora nem todas as soluções identificadas venham a ser universalmente aplicáveis, podemos aprender muito sobre como os países podem tomar medidas semelhantes e começar a aplicar esta abordagem na agricultura.”
Soluções sob medida
A União Europeia forneceu 3,3 milhões de euros para apoiar o esforço, enquanto a contribuição da FAO é de 2 milhões de euros.
Trabalhando em estreita colaboração com o Ministério da Agricultura, bem como outros ministérios, em cada um dos países parceiros, e colaborando com organizações locais e internacionais, o projeto de três anos irá:

  • Identificar as oportunidades específicas de cada país para a expansão das atuais práticas sustentáveis ou a implementação de novas;
  • Estudar os obstáculos que precisam ser superados para promover uma implementação mais ampla da agricultura de clima inteligente, incluindo os custos de investimento;
  • Promover a integração das estratégias nacionais para as alterações climáticas e para a agricultura de forma a apoiar a implementação de uma agricultura inteligente face ao clima;
  • Identificar mecanismos inovadores que liguem o financiamento climático com os investimentos necessários à transição para uma agricultura inteligente;
  • Fornecer capacitação para planejamento e implementação de projetos inteligentes face ao clima capazes de atrair investimentos internacionais.

A FAO vai assumir a liderança global do projeto, trabalhando em parceria com a política nacional e as instituições de pesquisa, bem como organizações internacionais, como a Global Crop Diversity Trust.
Segundo Ghanem, ao abordar a necessidade urgente de incorporar preocupações com as alterações climáticas no planejamento do desenvolvimento agrícola, o novo projeto representa um passo concreto. “Os desafios impostos pelas alterações climáticas são cada vez mais sentidos na prática. Portanto ações de precaução para resolver os problemas são necessárias, bem como as negociações internacionais em busca de um acordo global em relação ao clima”, disse.