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Projeto financiado pela ONU beneficia produtores rurais do Semiárido brasileiro

Projeto D. Helder Câmara busca reduzir os níveis de pobreza e de desigualdades no Semiárido, promovendo a articulação de políticas públicas federais, estaduais e municipais. Foto: ANATER
Projeto D. Helder Câmara busca reduzir os níveis de pobreza e de desigualdades no Semiárido, promovendo a articulação de políticas públicas federais, estaduais e municipais. Foto: ANATER

O Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) das Nações Unidas realizou no início de agosto uma missão online de supervisão ao Projeto Dom Helder Câmara, cujo objetivo é reduzir os níveis de pobreza e de desigualdades no Semiárido.

A iniciativa promove a articulação de políticas públicas federais, estaduais e municipais, e qualifica os produtores para desenvolver uma produção sustentável, estimulando a replicação de boas práticas.

Normalmente, as visitas às famílias beneficiadas são realizadas in loco, mas, em razão da pandemia de COVID-19, este ano atividade foi feita de forma remota.

O projeto é executado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio de um acordo de empréstimo firmado entre o governo brasileiro e o FIDA, e passa por missões periódicas de monitoramento para avaliação dos resultados alcançados.

A série de encontros contou a participação de representantes do FIDA, da unidade gestora do projeto, da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater); do diretor do Departamento de Estruturação Produtiva da Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo (DEP/SAF/Mapa), José Paulo de Almeida, área responsável pela coordenação do projeto.

Também participaram representantes de empresas públicas e privadas que realizam as atividades de Ater nos estados de Alagoas e Maranhão, unidades da Federação selecionadas para essa missão.

O Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas (Emater-AL) e a Associação de Orientação às Cooperativas do Nordeste (Assocene) realizam as ações no estado de Alagoas. Já a Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e de Extensão Rural do Maranhão (Agerp) e a GR Assessoria e Planejamento de Projetos Agropecuários executam as ações no estado do Maranhão.

Também foram feitas reuniões com o presidente da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer), Nivaldo Magalhães, e com representantes de Ministério da Cidadania, Universidade de Brasília (UnB), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Financiadora de Estudos e Projetos (Fndct/Finep) e Fundação Parque Tecnológico da Paraíba (PaqTcPB), instituições envolvidas em várias ações do projeto.

A assistência técnica e extensão rural (Ater) é o eixo central do projeto, com a qualificação dos sistemas produtivos locais, contribuindo com o compartilhamento de conhecimento, com a difusão de boas práticas, e otimizando as políticas públicas voltadas para a produção rural sustentável. Para a implementação do projeto, o Mapa possui importantes parcerias, entre elas com a Anater.

Durante os encontros, foram exibidos vídeos com depoimentos de produtores atendidos pelo projeto. A missão também contou com a participação remota de alguns beneficiários, que relataram os benefícios da iniciativa para suas famílias.

A agricultora Maria Benedita de Sousa, do município de Itapecuru-Mirim (MA), é uma das beneficiárias. Ela recebe assistência técnica e extensão rural da Agerp e por meio do projeto recebeu, no último ano, duas parcelas do fomento produtivo, viabilizado pelo Ministério da Cidadania, para implantar em sua propriedade a avicultura de corte.

Com orientação técnica, Benedita comprou aves e uma forrageira para auxiliar na produção da ração das aves. Atualmente, ela trabalha com dois tipos de aves e comercializa seus produtos no município.

“O projeto ajuda a aumentar a nossa renda e para a educação dos meus filhos. Com o que recebo da venda das aves, melhoramos a alimentação em casa e pude garantir a ida dos meus filhos à escola. Antigamente, quando o ônibus do município não vinha para levá-los, eles faltavam à aula. Agora, tenho dinheiro para colocar combustível na moto e garanto que eles não faltem. Pode parecer pouco, mas é de grande ajuda. Quero dar aos meus filhos a instrução que eu não tive”, ressalta.

Boas práticas

O agricultor Sérgio Oliveira, de 51 anos, do município Delmiro Gouveia, atendido pela Emater-AL, vive na propriedade com a mãe e um irmão. A família, que cria ovinos e caprinos, investiu o recurso do fomento produtivo na melhoria da estrutura para os animais e adquiriu novas ovelhas e cabras.

Por meio do Projeto Dom Helder Câmara, o agricultor recebeu orientações sobre manejo sanitário, calendário de vacinações, suporte forrageiro com plantio de palma e sorgo, e manejo nutricional, com balanceamento da ração, e produção de sal proteinado, para o período seco do ano.

Todas essas ações geraram maior desenvolvimento na gestão da atividade, mais produção e 20% de aumento de renda familiar. “Por meio do projeto pude plantar uma sementinha boa com as ovelhas. Foi um passo a mais na minha vida. Já vendi até uns carneirinhos, melhorando a renda da minha família”, contou Sérgio.

Lições apreendidas

A partir dos resultados aferidos, entre as recomendações da missão está a prorrogação do projeto, para que as ações de Ater possam ser concluídas, já que muitas delas tiveram que ser interrompidas devido à COVID-19.

Está previsto também o acréscimo de novas família atendidas, a partir do início dos trabalhos dos novos termos de execução descentralizada assinados com a Embrapa Caprinos, Codevasf e Fndct, antes da pandemia.

Para José Paulo, do DEP, a missão é oportunidade única para que se façam os ajustes necessários e sejam traçados novos objetivos. “Esta é sempre uma boa ocasião para trocarmos ideias com as instituições envolvidas no projeto.”

“O projeto possui um contexto social muito importante e está, inclusive, inserido do Agronordeste, plano de ação lançado pelo Mapa em 2019 para impulsionar o desenvolvimento econômico, social e sustentável do meio rural da região. Queremos levar inovação para esse público, que eles sejam difusores de boas práticas no campo”, ressaltou ele.

A gerente de Ater da Emater-AL, Graça Seixas, concordou com o diretor do Departamento de Estruturação Produtiva, ressaltando que o projeto está fazendo a diferença na vida das famílias beneficiadas, conforme os participantes puderam conferir nos vídeos e depoimentos apresentados.

No encerramento da missão, o oficial de programas do FIDA, Hardi Vieira, agradeceu o apoio da equipe da unidade gestora que preparou uma série de documentos para o encontro e destacou o papel da Ater para o projeto e o compromisso dos gestores do Mapa com a sua implantação.

Com informações da ANATER

Famílias com crianças e adolescentes são mais afetadas pela pandemia no Brasil, diz pesquisa do UNICEF

Brasileiros que vivem em domicílios com crianças e adolescentes foram os mais impactados pela redução da renda, pela insegurança alimentar e pela fome. Foto: UNICEF/Elias Costa
Brasileiros que vivem em domicílios com crianças e adolescentes foram os mais impactados pela redução da renda, pela insegurança alimentar e pela fome. Foto: UNICEF/Elias Costa

Famílias com crianças ou adolescentes foram as mais afetadas pela crise provocada pela COVID-19 no Brasil. É o que revela a pesquisa Impactos Primários e Secundários da COVID-19 em Crianças e Adolescentes, lançada na terça-feira (25) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

Realizada pelo Ibope em todo o país, a pesquisa mostra que os brasileiros que vivem com pessoas menores de 18 anos em casa foram a maioria entre aqueles que tiveram redução de rendimentos, ficaram sujeitos à insegurança alimentar e, inclusive, à fome, entre outros desafios.

“Embora crianças e adolescentes não sejam os mais afetados diretamente pela COVID-19, a pesquisa deixa claro que eles são as grandes vítimas ocultas da pandemia”, afirma Paola Babos, representante adjunta do UNICEF no Brasil.

“Suas famílias tiveram as maiores reduções de renda, a qualidade da alimentação que recebem piorou, e muitos de seus direitos estão em risco. É fundamental entender esses impactos e priorizar os direitos de crianças e adolescentes na resposta à pandemia.”

A pesquisa revela, também, que grande parte das crianças e dos adolescentes — tanto de escolas particulares quanto públicas — continuou tendo acesso à aprendizagem na pandemia.

No entanto, 9% não conseguiram continuar a aprendizagem em casa, ampliando a exclusão no país. Entre os 91% das crianças que seguiram com acesso à educação, uma percentagem significativa não consegue estudar de maneira regular.

“Os resultados deixam claro que o acesso a direitos ocorre de forma desigual no Brasil. Com a pandemia, as disparidades podem se agravar, impactando fortemente quem já estava em situação de vulnerabilidade”, explica Paola.

Diante desse cenário, o UNICEF reforça o apelo para que o país dê prioridade às crianças e aos adolescentes na resposta à COVID-19. Isso significa destacar e priorizar os direitos e necessidades de meninas e meninos nos orçamentos, programas e projetos, visando mitigar os impactos da crise — em curto, médio e longo prazos — na vida de crianças, adolescentes e suas famílias.

Confira, a seguir, os principais pontos da pesquisa:

Impactos na renda familiar

A crise provocada pela COVID-19 afetou diretamente a renda dos brasileiros. Segundo a pesquisa, 55% afirmam que o rendimento de seus domicílios diminuiu desde o início da pandemia. Os impactos foram maiores nas famílias com crianças e adolescentes. Dessas, 63% viram sua renda diminuir.

A redução também está mais presente nas camadas mais pobres: 67% daqueles com renda familiar de até um salário mínimo tiveram redução de rendimentos, contra 36% daqueles com renda familiar de mais de 10 salários.

O auxílio emergencial foi pedido por 46% dos brasileiros entrevistados. Entre quem vive com crianças e adolescentes, o percentual chegou a 52%. Dos que pediram o auxílio, 25% não foram considerados elegíveis ou ainda não receberam o auxílio. O desemprego também foi maior entre famílias com crianças e adolescentes.

“A pesquisa deixa claro que os impactos econômicos e sociais da pandemia afetam mais crianças, adolescentes e suas famílias. Para além dos benefícios temporários, é importante que os programas regulares de proteção social incluam, de maneira sustentável, todas as famílias vulneráveis”, afirma Liliana Chopitea, chefe de políticas sociais, monitoramento e avaliação do UNICEF no Brasil.

“Por isso, precisam ser focalizados nas que mais precisam, aquelas com crianças que já apresentavam altos índices de vulnerabilidades, acentuadas pela pandemia. Em momentos de planejamento fiscal e orçamentário, é fundamental olhar a proteção social não como um gasto e sim como um investimento no presente e no futuro do país.”

Segurança alimentar e nutricional

A pandemia tem afetado a segurança alimentar e nutricional no país. Quase metade da população brasileira (49%) reportou mudanças nos hábitos alimentares desde o início da pandemia da COVID-19. Entre as famílias que residem com crianças e adolescentes, o impacto foi ainda maior: 58%.

Entre as mudanças alimentares, o aumento do consumo de alimentos não saudáveis foi fortemente citado. Segundo a pesquisa, 31% das famílias com crianças e adolescentes passaram a consumir mais alimentos industrializados, tais como macarrão instantâneo, bolos, biscoitos recheados, achocolatados, alimentos enlatados, entre outros.

Entre as famílias que não residem com crianças e adolescentes, esse aumento no consumo foi de 18%. Outro destaque foi o aumento do consumo de refrigerantes e bebidas açucaradas e do consumo de alimentos preparados em restaurantes fast-food (hambúrgueres, esfirras ou pizzas).

Ao mesmo tempo, o cenário de insegurança alimentar e nutricional no país ficou acentuado. Segundo a pesquisa, um em cada cinco brasileiros (21%) passou por algum momento em que os alimentos acabaram e não havia dinheiro para comprar mais.

Novamente, a situação é mais preocupante entre aqueles que residem com crianças e adolescentes, em que o percentual chegou a 27%. Além disso, 6% disseram que tiveram fome e deixaram de comer por falta de dinheiro para comprar comida (9% entre quem vive com crianças e adolescentes).

“Estamos diante de um cenário preocupante de má nutrição. Por um lado, percebemos o aumento do consumo de alimentos não saudáveis, que contribui significativamente para o aumento do excesso de peso e das doenças crônicas não transmissíveis”, afirma Cristina Albuquerque, chefe de Saúde do UNICEF no Brasil.

“Por outro lado, vemos o aumento da insegurança alimentar e nutricional que pode levar à desnutrição e deficiência de micronutrientes. A má nutrição tem impactos preocupantes no desenvolvimento das crianças, em especial nos primeiros anos de vida.”

“Essa situação impacta prioritariamente as populações mais vulneráveis com efeitos a longo prazo. É fundamental atuar imediatamente para reverter esse cenário e garantir o acesso de meninas e meninos a uma alimentação adequada e saudável.”

Direito à educação

Na educação, a pandemia mudou a rotina de crianças, adolescentes e famílias. Com o fechamento das escolas, o UNICEF estima que 44 milhões de meninas e meninos ficaram longe das salas de aula no país.

O cenário, no entanto, não quer dizer que todos ficaram sem aulas. Segundo a pesquisa, 91% dos brasileiros que moram com crianças ou adolescentes de 4 a 17 anos que estavam matriculados na escola antes da pandemia afirmaram que eles continuaram realizando, em casa, as atividades escolares durante a pandemia (sendo 89% dos matriculados em escolas públicas e 94% nas particulares).

Há, no entanto, 9% de crianças e adolescentes que estavam na escola antes da pandemia e não conseguiram continuar as atividades em casa — ficando excluídos da escola.

Entre quem conseguiu, a maioria dos estudantes (87%) passou a realizar as atividades pela internet — 97% entre estudantes em escolas particulares e 81% nas escolas públicas. No entanto, o nível de frequência mostra divergências significativas. Nos cinco dias da semana anteriores à pesquisa, 63% dos estudantes receberam tarefas e atividades escolares, enquanto 12% não receberam tarefa nenhuma e 6% somente em apenas um dia — ficando assim à margem do processo de aprendizagem.

Tanto nas escolas públicas quanto nas escolas privadas, a comunicação com as famílias se manteve ativa. Segundo a pesquisa, 68% afirmam ter recebido contatos da escola para informar progressos das crianças nas atividades (71% nas particulares e 65% nas públicas). Além disso, 48% afirmam que a escola entrou em contato para saber como estava a situação da casa e das crianças e dos adolescentes. Nesse ponto, o contato foi maior para quem tem filhos em escolas públicas, 51%, versus particulares, 44%.

“A pesquisa reflete o esforço das escolas e redes de ensino em manter o direito de aprender. Mesmo com a pandemia, a maioria das escolas manteve o contato com as famílias, o que é fundamental para entender a situação dos estudantes e aprimorar as atividades oferecidas de forma remota”, afirma Ítalo Dutra, chefe de Educação do UNICEF no Brasil.

“Por outro lado, a pandemia aumentou as desigualdades. Isso se reflete nos percentuais de meninas e meninos que não conseguiram manter a aprendizagem em casa. Diante da crise provocada pela COVID-19, há que se ter um esforço ainda maior para que a exclusão escolar não aumente no país.”

Sobre a pesquisa

A pesquisa Impactos primários e secundários da Covid-19 em Crianças e Adolescentes foi realizada pelo Ibope para o UNICEF. A amostra contou com 1.516 entrevistas, representativas da população do País. As entrevistas foram realizadas por telefone, de 3 a 18 de julho de 2020. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

FAO e primeiras-damas latino-americanas destacam poder transformador das mulheres rurais

Mulheres que trabalham no plantio de hortaliças orgânicas no Assentamento Vista Alegre em Quixeramobim, no Ceará. Foto: FAO
Mulheres que trabalham no plantio de hortaliças orgânicas no Assentamento Vista Alegre em Quixeramobim, no Ceará. Foto: FAO

No âmbito da Campanha #MulheresRurais, Mulheres com Direitos — iniciativa que reúne 25 organizações e entidades públicas, privadas e multilaterais —, a Aliança de Cônjuges de Chefes de Estado e Representantes (ALMA) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) convocaram uma reunião de alto nível sobre experiências positivas no empoderamento das mulheres rurais no contexto da pandemia de COVID-19.

Durante a conversa, Silvana Abdo, primeira-dama do Paraguai e coordenadora geral da ALMA, destacou que “a Aliança promoveu, no curto espaço de um ano, inúmeras iniciativas coletivas, criando sinergias e apoiando as ações das autoridades na implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”.

Silvina Abdo destacou ainda que “o Paraguai está trabalhando para mudar a realidade das mulheres rurais, por meio da promulgação e regulamentação da Lei 5446 de Políticas Públicas para Mulheres Rurais”; esclarecendo que a referida lei permite um atendimento diferenciado à mulher, com enfoque integral em diferentes áreas como educação, saúde, crédito, habitação, agricultura, tecnologia, indústria e comércio e pesquisa.

Sobre o impacto da pandemia na pobreza extrema, o Representante Regional da FAO, Julio Berdegué, afirmou que “com nossas ações, podemos evitar que 6 milhões de mulheres rurais entrem em situação de pobreza extrema devido à pandemia. Para isso, precisamos unir forças e aumentar a colaboração entre os países de nossa região”.

Convidadas pela ALMA, participaram do encontro as Primeiras-Damas da Argentina, Brasil, Equador, Honduras, Paraguai, Panamá e República Dominicana, juntamente com ministros e autoridades governamentais desses países.

Ações transformadoras para garantir direitos econômicos e sociais

58 milhões de mulheres vivem em áreas rurais da América Latina e do Caribe; uma parte importante delas desempenha um papel central na produção e abastecimento de alimentos, mas ao mesmo tempo vivenciam múltiplas desigualdades, entre as quais estão a feminilização da pobreza e uma maior insegurança alimentar e nutricional, que é transferida para seus famílias.

Esse cenário adverso é agravado pela pandemia de COVID-19, pois além das atividades produtivas, as mulheres precisam dedicar grande parte do seu tempo ao cuidado de meninas e meninos que deixaram de frequentar a escola, além do cuidado com doentes e pessoas da terceira idade.

A este respeito, Fabiola Yáñez, primeira-dama da República Argentina, afirmou que “é fundamental que promovamos ações de sensibilização e conscientização, bem como nos enriquecer com os testemunhos e experiências de um intercâmbio regional que demonstra o papel produtivo da mulher. Temos que confiar no enorme potencial de contribuição que as mulheres têm ”.

Por sua vez, Michelle Bolsonaro, primeira-dama do Brasil, afirmou que “as mulheres são um motor fundamental da produção de alimentos em nosso país continental. Devemos a elas a igualdade de direitos e oportunidades”.

Rocío González, primeira-dama do Equador, destacou que em seu país, “mais de 2 milhões de mulheres se dedicam à agricultura e pecuária, contribuindo para a economia e a soberania alimentar. Por isso, o Governo Nacional desenvolve a Estratégia Agropecuária para Mulheres Rurais, construída de forma participativa com mulheres de todas as províncias e com uma perspectiva de gênero. Também desenvolvemos o crédito Súper Mujer Rural, que visa o empoderamento e a autonomia econômica das mulheres equatorianas”.

Ana García, primeira-dama de Honduras, indicou que, “desde o início desta pandemia, o compromisso do Governo de Honduras tem sido o de assegurar a vida e a saúde dos hondurenhos, bem como garantir o acesso à alimentação; Nesse sentido, diversos programas, como Famílias Melhores, Crédito Solidário e Bônus Produtivo Solidário, contribuem para a manutenção de nossos sistemas produtivos e proporcionam às mulheres melhores condições para enfrentar os efeitos da pandemia ”,

Por sua vez, Yazmín Colón, primeira-dama do Panamá, afirmou que “as mulheres rurais vivem uma dupla adversidade: são mulheres em uma sociedade dominada pelos homens, e também vivem em áreas rurais, em um sistema socioeconômico definido e dominado pelas grandes cidades. Por isso, o governo panamenho estabeleceu diversos programas, como o Banca de Oportunidades, dirigidos a microempresários e empresários que se reinventam. Até o momento, 70% das solicitações processadas são de mulheres rurais, indígenas e em situação de vulnerabilidade”.

A primeira-dama da República Dominicana, Raquel Arbaje, destacou que em seu país, por ordem do governo, “o Banco Agrícola terá US$ 86 milhões para financiamento a juros zero para o novo plantio, apoiará a comercialização e fornecerá assistência técnica para garantir a segurança alimentar. Com a medida, em meio à pandemia, serão beneficiadas diretamente 25% das camponesas com título legal e que são as únicas proprietárias das unidades produtivas”.

Em nome da primeira-dama do Chile, Paola Diez, Diretora Nacional da Fundação para a Promoção e Desenvolvimento da Mulher (PRODEMU), comentou que, “durante a pandemia no Chile, as mulheres rurais desempenharam um papel fundamental. Eles tiveram que sustentar suas famílias, muitas vezes sendo a única renda da casa. Eles trabalharam muito na lavoura, o que permitiu ao Chile nestes meses não ter carência de alimentos, preços excessivos de insumos básicos e cortes na cadeia produtiva”.

A ALMA e a FAO fizeram um apelo para continuar trabalhando lado a lado com as mulheres rurais para acabar com a fome e apoiar a reativação econômica com transformação. A FAO reiterou sua disposição de continuar promovendo instâncias de cooperação Sul-Sul para o empoderamento das mulheres rurais, indígenas e afrodescendentes, para avançar na visibilidade dos desafios à implementação de ações concretas que melhorem os meios de subsistência em grande escala e atividades produtivas das mulheres.

Participe da campanha

As instituições que trabalham para empoderar as mulheres rurais na América Latina e no Caribe podem aderir à campanha por meio do seguinte registro. Da mesma forma, eles podem acompanhar e divulgar as histórias e conteúdos no TwitterFacebook e Instagram.

Estudo em Brasília analisa benefícios do uso de água magnetizada na agricultura

Irrigação a partir do uso do tratamento magnético da água. Foto: Renata Leite /SEMA

Um projeto-piloto inovador sobre água estruturada aplicada à irrigação acaba de ser iniciado nas Bacias Hidrográficas do Descoberto e do Paranoá, em Brasília (DF).

O nome água estruturada refere-se às moléculas de água que se realinham de forma perfeita em grupos herméticos, fazendo com que a água se torne mais densa ou concentrada.

Aplicada à irrigação, ela pode trazer benefícios como aumento da germinação e peso seco de sementes; aumento da produção de folhas, frutos e comprimento de raízes; e aumento das propriedades bactericidas da água.

Inédita no Brasil, a ação é implementada pela Secretaria do Meio Ambiente (SEMA-GDF) e integra o Projeto CITinova, cujo objetivo é verificar o aumento de produtividade e/ou redução da necessidade de água para irrigação a partir do uso do tratamento magnético.

O início da experiência-piloto foi marcado pelo plantio de algumas espécies selecionadas (alface, milho e rabanete) na Chácara Colina, em Brazlândia (DF).

O teste será aplicado em duas áreas-piloto: em uma estufa da Fazenda Água Limpa, da Universidade de Brasília (sistema controlado), e na chácara localizada na área da Bacia do Descoberto (sistema aberto).

O secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal, Sarney Filho, ressaltou que o local escolhido é uma propriedade certificada para produção orgânica, que conta com uma vegetação nativa preservada envolta de todas as áreas de produção e com nascente afluente do Córrego Barrocão.

O plantio ocorre no período da seca para evitar a interferência da água da chuva na irrigação. “É uma alegria poder contribuir e participar do estudo. A falta de água é um problema grave em todo o mundo”, lembrou o produtor rural orgânico, Luís Carlos Pinagé.

Esta é uma das iniciativas do CITinova, um projeto multilateral realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) para a promoção de sustentabilidade nas cidades brasileiras por meio de tecnologias inovadoras e planejamento urbano integrado.

Com financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente, o projeto é executado, em Brasília, pela SEMA , com gestão do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).

O estudo iniciado é desenvolvido com o apoio da Universidade de Brasília (UnB) e do Centro Internacional de Água e Transdisciplinaridade (Cirat).

Benefícios

Tratamentos magnéticos estão sendo usados na agricultura, como técnica não invasiva, para melhorar a produtividade e a produção das culturas.

A água tratada magneticamente interfere na fisiologia de plantas e, alguns estudos apontam que ocorre a interação solo-água, apresentando maior umidade do solo, quando comparada com a água convencional.

Segundo os estudos já realizados, o uso da água tratada magneticamente pode reduzir os intervalos de irrigação, o que seria mais eficiente; aumentar a velocidade e o percentual de germinação das sementes; além de melhorar a produção e a produtividade das culturas agrícolas.

“Estamos testando por meio do projeto novas abordagens no uso da água e a eficácia dessas abordagens. Explorar a nano estrutura aplicada à irrigação tem como foco fazer uma melhor gestão da água. Temos um período crítico de seca no Distrito Federal, por isso é importante termos acesso a técnicas inovadoras que possam ser usadas na agricultura”, afirmou a coordenadora Executiva do Projeto GEF/CITinova, Nazaré Soares.

Metodologia

Os tratamentos serão constituídos por três níveis de indução magnética, a serem aplicadas na água de irrigação; além de um acompanhamento com água não magnetizada.

Segundo o professor João José da Silva Júnior, da Faculdade de Agronomia da UnB, para cada espécie foram definidos critérios específicos de avaliação. “Com a experiência, espera-se obter a intensidade que proporciona maior desenvolvimento vegetativo, produção de fitomassa e produtividade da cultura das espécies selecionadas (milho, rabanete e alface)”.

O coordenador do Cirat, Marcelo Giovani Alves, explicou que a indução magnética é feita dentro de tubos e que foram adquiridos três equipamentos: um brasileiro, um chinês e um americano, para uma melhor análise. “Desenvolver essa pesquisa no Brasil é muito importante porque seus resultados podem ajudar milhares de agricultores”.

Sistemas agroflorestais no DF geram renda; protegem solo e mananciais

O plantio agroflorestal gera renda ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente. Foto: Gabriela Fonseca
O plantio agroflorestal gera renda ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente. Foto: Gabriela Fonseca

Lucas Rosa Duarte, de 19 anos, mora no assentamento Canaã, em Brazlândia, cidade satélite localizada a 50 km de Brasília. O local é uma das regiões onde estão sendo implantados Sistemas Agroflorestais (SAFs) Mecanizados, no Distrito Federal.

“Já pensei em ir embora, porque aqui a vida sempre foi muito dura. Mas a agrofloresta me incentivou a ficar e ajudar meus pais a ver isso tudo crescer”, revela.

Sua vizinha, Maria dos Reis, também está otimista. “Agora, com a agrofloresta, vamos ter a possibilidade de colher o ano todo e comer sem veneno. A vida vai ficar mais fácil”, afirma.

Além de gerar renda para pequenos agricultores como a família de Lucas e de Maria, os SAFs mecanizados contribuem para a proteção do solo e dos mananciais das bacias do Descoberto e do Paranoá.

Esta é apenas uma das ações do CITinova, um projeto multilateral realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) para a promoção de sustentabilidade nas cidades brasileiras.

“Por meio de investimentos em tecnologias sustentáveis e em planejamento urbano integrado, o CITinova busca melhorar a qualidade de vida e o bem-estar dos brasileiros”, explica Marcela Aboim Raposo, diretora nacional do projeto pelo MCTI.

Com abrangência nacional e ações específicas em Brasília e Recife (PE), o CITinova conta com recurso de 25 milhões de dólares do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês), está sendo implementado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e executado em parceria pela Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES) e Porto Digital, Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização social vinculada ao MCTI, Programa Cidades Sustentáveis (PCS) e Secretaria do Meio Ambiente (SEMA/GDF).

Enfrentamento às mudanças climáticas e segurança hídrica

Em Brasília, vários projetos-piloto estão em fase de implementação com o objetivo de incentivar e apoiar a conservação e recuperação ambiental.

Com foco na segurança hídrica e enfrentamento às mudanças climáticas, além dos SAFs mecanizados, que já capacitaram 80 agricultores e foram implantados em 16 hectares, somando um total de 20 hectares até final deste ano, a SEMA-GDF, no âmbito do CITinova, está à frente do Programa de Recuperação de Nascentes, que prevê a recomposição de vegetação nativa em 80 hectares no DF. Na primeira etapa, foram plantadas 3.878 mudas de mais de 40 espécies do cerrado.

Outro desafio do CITinova é contribuir à reparação dos danos ao meio ambiente causados pelo Lixão da Estrutural, atualmente desativado, mas já considerado o maior depósito a céu aberto da América Latina.

O projeto, por meio da SEMA-GDF, está financiando estudos de diagnóstico de contaminação e de remediação para testar a absorção de poluentes, que darão subsídio para a elaboração de estratégias de descontaminação da área.

Nos córregos Acampamento, Ribeirão Bananal e Cabeceira do Valo estão sendo coletadas águas superficiais para avaliar se o chorume chegou às nascentes próximas à área.

Também foi realizada perfuração de poços para medir o nível de contaminação de chorume e foram plantadas 400 mudas de espécies nativas e 100 mudas de eucalipto em um hectare do Lixão, para testar a retirada ou a estabilização de metais nos solos por meio de fitorremediação.

Transporte sustentável

Em Recife, o CITinova é executado pelos parceiros ARIES e Porto Digital e, entre as várias ações, está sendo desenvolvido um barco movido a energia solar para travessia do Rio Capibaribe.

Sem poluir o meio ambiente, o barco irá conectar as margens opostas, cujas características socioeconômicas e territoriais são muito distintas e fazem com que o rio se torne uma barreira e não um elo entre os moradores.

Também está em fase de elaboração um jardim filtrante para o tratamento, por fitorremediação, de 10% da vazão de um dos 14 canais que despejam água poluída no Rio Capibaribe.

O local terá ainda área de lazer e ações educativas para o público. Serão implementados, também na capital pernambucana, três microestações de monitoramento climático para monitorar clima, partículas suspensas, qualidade da água e do ar e nível da maré.

O objetivo do CITinova é que os projetos pilotos de Brasília e Recife sejam modelos passíveis de replicação em outros locais do país.
Plataformas para Cidades Sustentáveis

Outra importante frente de ação do projeto CITinova é o desenvolvimento e aperfeiçoamento de espaços virtuais para apoio e promoção de gestão pública integrada e sustentável, com participação social, acadêmica e do setor privado.

A nova plataforma do Programa Cidades Sustentáveis (PCS), com mais recursos e funcionalidades, e o Observatório de Inovação para Cidades Sustentáveis (OICS) do Centro de Gestão de Estudos e Estratégicos (CGEE), organização social do MCTI, estão no ar com abrangência nacional.

Complementares e em fase de ampliação, a plataforma do PCS disponibiliza conteúdos, indicadores, dados, metodologia, banco de boas práticas nacionais e internacionais e muitas outras ferramentas para suporte e fortalecimento dos gestores públicos no planejamento urbano integrado. Já o OICS monitora, organiza e exibe soluções sustentáveis e inovadoras contextualizadas no território nacional por meio de tipologias de cidades-região.

Outros dois sistemas de informação com abrangência local estão em fase de construção: o SISDIA, uma importante ferramenta para a gestão ambiental territorial integrada do Governo do Distrito Federal, e o Sistema de Gestão Georreferenciada Integrada, uma ferramenta de gestão, planejamento e execução de operações urbanas, com visão ampla das ações em andamento e planejadas na cidade de Recife.

Para saber mais sobre o CITinova, assista o vídeo:

E para conhecer todas as ações que estão sendo implementadas, visite o site www.citinova.mctic.gov.br