Jornalistas presos em Mianmar receberão prêmio mundial de liberdade de imprensa

Jornalistas da agência internacional Reuters, Kyaw Soe Oo e Wa Lone, de Mianmar, compartilharão prêmio de liberdade de imprensa da UNESCO. Foto: UNESCO
Jornalistas da agência internacional Reuters, Kyaw Soe Oo e Wa Lone, de Mianmar, compartilharão prêmio de liberdade de imprensa da UNESCO. Foto: UNESCO

Os jornalistas Kyaw Soe Oo e Wa Lone irão receber o Prêmio Mundial de Liberdade de Imprensa UNESCO – Guillermo Cano, após escolha de um júri internacional de profissionais da mídia. Os repórteres da agência de notícias Reuters estão presos desde 12 de dezembro de 2017 por relatarem violações de direitos humanos no estado de Rakhine, em Mianmar.

“Wa Lone e Kyaw Soe Oo simbolizam um país emergente após décadas de isolamento”, disse Wojciech Tochman, presidente do júri, em comunicado na quarta-feira (10). “Ambos de origem modesta, trabalharam duro para seguir carreiras que seriam impossíveis no período em que nasceram”.

“Eles foram presos porque documentaram um assunto considerado tabu a respeito de crimes cometidos contra rohingyas. A escolha final de Wa Lone e Kyaw Soe Oo presta uma homenagem à coragem, à resistência e ao compromisso com a liberdade de expressão”, acrescentou.

Os jornalistas foram acusados por um tribunal de Mianmar sob a Lei de Segredos Oficiais, da era colonial, e sentenciados em setembro de 2018 a sete anos de prisão.

Em agosto de 2018, investigadores da ONU afirmaram que comandantes militares em Mianmar precisam ser investigados e processados por crimes contra civis sob a lei internacional, incluindo genocídio.

A afirmação foi feita depois da publicação de um relatório sobre as circunstâncias do êxodo em massa de mais de 700 mil rohingyas de Mianmar, a partir de meados de agosto de 2017. Os crimes cometidos incluem assassinato, estupro, tortura, escravidão sexual, perseguição e escravidão, segundo a Missão Internacional Independente de Inquérito sobre Mianmar.

O prêmio UNESCO – Guillermo Cano será entregue em 2 de maio como parte das celebrações do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, lembrado em 3 de maio. O tema escolhido para a celebração deste ano, que irá ocorrer na Etiópia, é “Mídia para Democracia: Jornalismo e eleições em tempos de desinformação”.

O prêmio reconhece contribuições excepcionais à defesa ou à promoção da liberdade de imprensa, especialmente em situações de perigo. O nome do prêmio é uma homenagem a Guillermo Cano Isaza, jornalista colombiano assassinato em dezembro de 1986 em frente ao escritório do jornal El Espectador, em Bogotá.

O prêmio de 25 mil dólares é financiado pela Fundação Guillermo Cano Isaza, da Colômbia, pela Fundação Helsingin Sanomat, da Finlândia, e pela Namíbia Media Trust.