Mais de 2 milhões de pessoas já fugiram da Síria por causa do conflito, alerta ONU

Enviada especial do ACNUR, Angelina Jolie conversa com refugiados sírios no campo Za’atri, Jordânia, em junho/2013. Foto: ACNUR/O. Laban-Matte

O número de refugiados sírios ultrapassou nesta terça-feira (3) a marca de dois milhões de pessoas, sem sinal de que esse fluxo humano se encerre. O conflito já entrou em seu terceiro ano, com uma multidão de mulheres, crianças e homens deixando a Síria e cruzando suas fronteiras com pouco mais do que a roupa do corpo.

O novo número é alarmante, pois representa um aumento de quase 1,8 milhão de pessoas saindo da Síria em apenas 12 meses. Há um ano, o número de sírios registrados como refugiados ou esperando pelo registro era de 230.671 pessoas.

“A Síria tornou-se a grande tragédia deste século, uma calamidade humanitária com um grau de sofrimento e deslocamento de pessoas sem precedentes na história recente”, afirmou o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres. “O único conforto é a postura humanitária demonstrada pelos países da vizinhança em receber e salvar as vidas de tantos refugiados.”

Mais de 97% dos refugiados sírios estão abrigados por países no entorno da Síria, o que tem sobrecarregado sua infraestrutura, economia e dinâmica social. Esses países precisam urgentemente de expressivo apoio internacional para lidar com a crise.

Em reação ao trágico marco de dois milhões de refugiados, a Enviada Especial do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR), Angelina Jolie, expressou seu pesar pelo número de mortos, estragos e pelo perigo que tem forçado tantos sírios a deixar o país para salvar suas vidas.

“O mundo corre o risco de ser perigosamente complacente com o desastre humanitário sírio. O sofrimento humano causado por este conflito tem consequências catastróficas. Se a tendência de deterioração da crise se mantiver como agora, o número de refugiados aumentará e alguns países poderão entrar em colapso”, disse Jolie.

“O mundo está tragicamente desunido sobre como colocar um fim ao conflito na Síria. Mas não pode haver dúvida sobre como aliviar o sofrimento humano e sobre a responsabilidade do mundo em fazer mais. Temos que apoiar os milhões de civis inocentes arrancados de suas casas, assim como ampliar a capacidade dos países da vizinhança de lidar com o grande fluxo de pessoas”, acrescentou.

Com uma média diária de 5 mil sírios fugindo para países vizinhos, as necessidades de se aumentar significativamente a ajuda humanitária e o apoio de infraestrutura nos países de acolhida chegaram a um estágio crítico. Diante da pressão que o êxodo de refugiados tem provocado na região, incluindo a deterioração econômica, ministros do Iraque, Jordânia, Líbano e Turquia se reunirão nesta quarta-feira (4) com o ACNUR, em Genebra, Suíça, numa tentativa de acelerar o apoio internacional.

Os 2 milhões de sírios representam as pessoas já registradas como refugiadas ou em processo de registro. Até o fim de agosto, o número de refugiados nos países do entorno era de: 110 mil no Egito; 168 mil no Iraque; 515 mil na Jordânia; 716 mil no Líbano; e 460 mil na Turquia. As crianças e adolescentes com menos de 17 anos representam 52% desta população. Na semana passada, o ACNUR havia divulgado que número de crianças sírias refugiadas havia ultrapassado a marca de 1 milhão.

Mais de 4,25 milhões de pessoas estão deslocadas internamente na Síria, de acordo com a estatística de 27 de agosto do Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Com um total de mais de 6 milhões de pessoas arrancadas de suas casas, os sírios representam hoje a nacionalidade com maior situação de deslocamento forçado no mundo.

O ACNUR atua internamente na Síria, além de liderar a resposta humanitária para a crise dos refugiados em cada país da região. As agências humanitárias receberam até o momento apenas 47% dos fundos necessários para atender às necessidades emergenciais.

1 pensou em “Mais de 2 milhões de pessoas já fugiram da Síria por causa do conflito, alerta ONU

  1. Realmente o mais sensato no momento para a populacao eh sair com os jovens e criancas da area de conflito. Os orgaos que realizam os trabalhos humanitarios devem convocar ajuda internacional em carater emergencial para aliviar o sofrimento dessa gente e outros paises tambem devem abrir suas fronteiras para aliviar a sobrecarga dos paises que ja estao em seus limites. Enfim o mundo deve se unir para resolver o problema mais urgente que eh manter a vida dessas pessoas!

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