Foto: ONU

Negociações globais sobre redução de risco de desastres serão retomadas esta semana

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A proposta de agenda para a primeira conferência mundial sobre desastres em dez anos foi publicada pelo Escritório das Nações Unidas para a Redução de Riscos de Desastres (UNISDR), pouco antes do início das negociações na próxima semana em Genebra para um quadro pós-2015 para a redução do risco de desastres, o primeiro dos três acordos internacionais interconectados esperado para este ano.
A Terceira Conferência Mundial das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres, a ser realizada na cidade japonesa de Sendai de 14 a 18 de março, deverá atrair até 8 mil delegados credenciados de governos, da sociedade civil e do mundo empresarial.
A conferência deverá adotar uma versão atualizada do primeiro modelo mundial compreensivo para reduzir risco, o Marco de Ação de Hyogo (MAH), acordado em 2005, após o tsunami do Oceano Índico.
Até 40 mil membros do público deverão convergir para os locais de conferência para assistir eventos paralelos organizados por ONGs e outras organizações da sociedade civil.
A vasta gama de questões que serão debatidas e discutidas ao longo dos cinco dias da conferência vão desde as lições de megacatástrofes, incluindo terremotos e tsunamis, até a redução do risco de pandemias como o ebola e a gripe aviária.
Crianças e jovens de todo o mundo se reunirão em uma sessão intitulada “Não decida o meu futuro sem mim”. Outros eventos abordarão o papel das empresas e do setor privado para reduzir as perdas econômicas dos desastres.
Enquanto isso, os delegados de dezenas de países deverão se reunir em Genebra, de 12 a 16 de janeiro, para tentar dar os últimos retoques no documento que estará sobre a mesa em Sendai.
O acordo irá traçar o caminho global para a próxima década e além em face ao crescimento da população, a rápida urbanização, mudança climática e outros promotores de risco.
Prejuízos de 190 bilhões de dólares em 10 anos
Os debates dessa semana em Genebra deverão incluir questões como metas e compromissos com prazos para limitar a mortalidade de desastres e prejuízos econômicos, que continuam a crescer, com uma média anual, ajustado pela inflação, atingindo 190 bilhões de dólares nos últimos 10 anos, em comparação com os 130 bilhões de dólares nos últimos 30 anos.
Outras áreas incluem o estímulo à cooperação bilateral, regional e internacional na área de redução de riscos, assegurando que todos os braços da comunidade estejam envolvidos, bem como a promoção da resiliência a choques.
Também entre os objetivos fundamentais do Marco de Ação de Hyogo atualizado estão a melhoria da compreensão do risco em todas as suas formas, seja em comunidades, setor privado, governos locais e nacionais, bem como a nível regional.
Além disso, deverá abordar a melhor forma de aproveitar o poder da base comunitária do conhecimento, da ciência e da tecnologia para reduzir o risco; permitir que os sistemas de alerta alcancem todos os afetados e resulte em ação; e garantir que os países que têm mais necessidade e são mais vulneráveis sejam capazes de implementar o marco.
A Conferência Mundial também vem em um momento único, uma vez que é a primeira das três reuniões internacionais de alto nível com todos perseguindo o mesmo objetivo: tornar o desenvolvimento sustentável. Reduzir o risco e reforçar a resiliência é um pilar essencial dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável pós-2015, o foco de uma cúpula de líderes mundiais em Nova York, em setembro.
Em seguida, em dezembro, a Conferência sobre Mudança Climática da ONU terá lugar em Paris. O objetivo primordial é fornecer soluções concretas para uma agenda de desenvolvimento abrangente e sensível ao risco, estabelecendo as bases para um planeta mais resiliente no século 21.
A Conferência Mundial de 2005 que adotou o MAH teve lugar na cidade japonesa de Kobe, atingida por um terremoto 10 anos antes. Não estranho a desastres, o Japão tem uma reputação de sempre atacar o problema de frente. O país também acolheu a primeira Conferência Mundial, em Yokohama, em 1994, lançando o esforço global para criar uma cultura de redução de riscos, preparação e prevenção.
Sendai é uma cidade anfitriã adequada. É a maior cidade da região de Tohoku, que foi duramente atingida pelo Grande Terremoto e Tsunami do Japão em março de 2011. A cidade se destacou pela restauração rápida de serviços públicos, ruas e casas, e da limpeza de detritos, tudo dentro de 18 meses do desastre e sempre com uma comunicação aberta com os residentes. Como resultado, em 2012 a UNISDR reconheceu Sendai como uma cidade-modelo para sua campanha ‘Construindo Cidades Resilientes’.
A agenda da Conferência Mundial está disponível no site da Conferência (clique aqui).
Para mais detalhes sobre as negociações desta semana em Genebra, clique aqui.