ONU ajuda milhares de deslocados na Costa do Marfim

Mais de 16 mil pessoas no oeste da Costa do Marfim, expulsas de suas casas pela violência após o atual presidente recusar-se a deixar o posto, apesar da derrota eleitoral, precisam de ajuda médica imediata, alimentos, abrigo e proteção, de acordo com a ONU. “Ninguém pode ficar indiferente a este sofrimento humano”, disse o Coordenador Humanitário da ONU no país, Ndolamb Ngokwey, no seu regresso a Abidjan, a capital comercial, após uma visita de dois dias a pessoas deslocadas internamente (PDI), a maioria delas crianças e mulheres grávidas e lactantes. “Juntos, todos temos o dever e a obrigação de agir de forma coordenada para o benefício dos mais vulneráveis e das pessoas afetadas diretamente.”

Os deslocados foram forçados a deixar suas aldeias e se refugiar nas cidades de Duékoué, Man e Danané. Ngokwey lamentou as baixas humanas e a perda da propriedade, especialmente em Duékoué. O país africano, maior produtor de cacau do mundo, tem sido palco de tumultos desde dezembro, quando o atual presidente, Laurent Gbagbo, recusou-se a deixar o cargo apesar do reconhecimento internacional e certificado pela ONU da vitória eleitoral do líder oposicionista, Alassane Ouattara. Dezenas de milhares de pessoas já buscaram refúgio na vizinha Libéria, onde o número de refugiados já chega a 25 mil pessoas.

Ngokwey e sua delegação se reuniram com autoridades locais, civis e militares, chefes tradicionais, líderes religiosos, organizações da sociedade civil e os próprios deslocados. Durante a missão, medicamentos e itens não-alimentícios foram entregues à Missão Católica de Duékoué, que está fornecendo abrigo para milhares de deslocados. As autoridades locais se comprometeram a conceder o acesso e garantir a segurança de agentes humanitários, a fim de assegurar que os mais vulneráveis e afetados se beneficiem da ajuda humanitária de emergência.

Na Libéria, as agências da ONU estão ajudando os refugiados que apoiam tanto Ouattara – o Presidente eleito – quanto Gbagbo. Os números agora chegam a 22 mil refugiados, a maioria dos quais são mulheres e crianças que necessitam urgentemente de comida, abrigo e água potável, em falta no condado de Nimba, na Libéria, onde os refugiados estão chegando. O Secretário-Geral, Ban Ki-moon, deverá pedir ao Conselho de Segurança esta semana um efetivo aidicional para as tropas da Operação das Nações Unidas na Costa do Marfim (UNOCI), que tem realizado esforços nos últimos sete anos para reunificar um país dividido pela guerra civil de 2002.

Gbagbo exigiu a partida da UNOCI, que a ONU rejeitou, e agora a Missão está protegendo Ouattara e seu Governo no Golf Hotel, em Abidjan, cercado por forças regulares e irregulares leais a Gbagbo. O Sub-Secretário-Geral para Operações de Paz, Alain Le Roy, na semana passada, informou o Conselho sobre os conflitos étnicos na Costa Oeste do Marfim e o bombardeio constante de propaganda estatal contrária à UNOCI.