ONU pede que Haiti forme governo imediatamente

A Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti (MINUSTAH) exortou, em 22 de junho, as autoridades do país a formar imediatamente um governo que trabalhe com políticos, sociedade civil e comunidade internacional, depois que o Parlamento rejeitou o nome de Daniel-Gerard Rouzier para Primeiro-Ministro, como indicação do Presidente Michel Martelly.

Mais de um mês depois da posse do Presidente, a nação caribenha continua sem um governo completamente constituído e é necessário formular estratégias de educação, emprego, Estado de Direito e meio ambiente. A cada dia que passa sem pleno funcionamento, o governo frustra as aspirações que o povo registrou nas urnas. “Não há dúvidas que os haitianos estão unidos no desejo de ver projetos mais robustos acontecendo o mais rápido possível, incluindo aqueles para melhorar as condições de vida”, apontou nota da MINUSTAH.

A falta de acesso à água tratada e saneamento básico, por exemplo, e o combate à epidemia de cólera. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 18 mil novos casos da doença foram reportados recentemente na capital do país, Porto Príncipe. O crescimento pode ser parcialmente relacionado ao início da temporada de chuvas e às últimas enchentes. Entretanto, de outubro do ano passado até 12 de junho, foram registrados 344.623 casos e 5.397 mortes.

A comunidade internacional – pessoas físicas e jurídicas – pode ajudar o governo haitiano a prover serviços básicos por meio de investimentos diretos. O relatório “A ajuda mudou? Canalizando assistência ao Haiti antes e depois do terremoto”, elaborado pelo Enviado Especial e ex-Presidente americano Bill Clinton, afirma que “esta é a melhor maneira de garantir o fortalecimento dos sistemas públicos, melhorar a gestão de recursos, ampliar a responsabilidade do governo diante de seus cidadãos e gerar maior impacto dos nossos esforços”.

A ajuda ao Haiti triplicou entre 2009 e 2010, aumentando de 1,12 bilhão de dólares para, estima-se, 3,27 bilhões. Aproximadamente 99% da ajuda pós-terremoto foi desembolsada para agências humanitárias bilaterais e multilaterais, Cruz Vermelha e prestadores de serviço internacionais não estatais, incluindo ONGs e empresas. Antes do terremoto, a maior parte da ajuda era em subsídios diretos e cooperação técnica. Depois, mais de 60% da ajuda humanitária e de reconstrução vinda de doadores foi em subsídios para diferentes receptores. E 13% das doações tem sido canalizadas para o Fundo de Reconstrução do Haiti.

“Temos ouvido dos haitianos que a geração de empregos e o apoio ao governo para garantir acesso a serviços básicos são essenciais para restaurar a dignidade”, aponta o relatório. “E aprendemos que, para progredir nestas duas áreas, precisamos investir diretamente no povo e em suas instituições.”