Próximos meses são críticos para futuro do Sudão

A votação de 2011 determinará se a região sul do Sudão fará parte de um Sudão unido ou se tornará um Estado separado. Foto: ONU.Os próximos meses serão cruciais para o Sudão, que se prepara para a realização de dois referendos sobre autodeterminação em janeiro, declarou a ONU nesta segunda-feira (25/10). A Organização pediu que todas as partes envolvidas redobrem seus esforços para garantir que as pesquisas sejam livres, justas, confiáveis e realizadas em tempo.

No dia 9 de janeiro, moradores do sul do Sudão votarão sobre a possibilidade de se separarem do resto do país, enquanto moradores da área central de Abyei votarão sobre a possibilidade de serem anexados ao norte ou ao sul. O referendo será a fase final da execução do Acordo de Paz Global (CPA), que foi assinado em 2005 para acabar com duas décadas de conflito entre o governo baseado no norte e o Movimento/Exército de Libertação do Povo do Sudão (SPLM/A, na sigla em inglês), do sul.

O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, destacou que, enquanto parceiros internacionais estão ansiosos e prontos para apoiar e assistir o povo sudanês por esta última fase de implementação do CPA, este processo é – e deve continuar a ser – um esforço sudanês. O Secretário-Geral criou um painel de três membros da ONU para acompanhar o referendo, a pedido do Governo sudanês. Além disso, a Missão da ONU no Sudão (UNMIS) está fornecendo assistência técnica, logística, entre outras, para os preparativos para o referendo.

O Subsecretário-Geral das Operações de Paz, Alain Le Roy, disse em reunião do Conselho de Segurança que houve progressos “palpáveis” nos preparativos para o referendo no sul do Sudão, mas havia uma falta de progresso sobre o referendo de Abyei, para o qual uma comissão ainda não havia sido configurada. Ele ressaltou que é essencial que as partes cheguem a um acordo, salientando que a falta de progresso está agravando as tensões no local. Le Roy lembrou que, durante missão recente do Conselho de Segurança no Sudão, o Presidente da região sul, Salva Kiir, alertou para o risco grave de violência durante o referendo e pediu a criação de uma zona tampão entre o norte e o sul. Le Roy acrescentou que, como a atenção da comunidade internacional cada vez mais se volta para os referendos iminentes, é importante não perder o foco nos desafios restantes em Darfur.

Durante o período, os casos de banditismo, roubos de carro, emboscadas e sequestros de funcionários da ONU e trabalhadores humanitários continuaram a ocorrer na região. Em seu recente relatório ao Conselho de Segurança sobre a missão de paz conjunta da ONU-União Africana em Darfur (UNAMID), Ban Ki-moon observou que confrontos entre governo e forças rebeldes desestabilizaram algumas áreas da região, causaram novos deslocamentos e impediram a entrega de assistência humanitária.