Secretário-geral pede mais cooperação entre ONU e Estados árabes

Secretário-geral da ONU faz discurso durante Cúpula da Liba Árabe em Túnis no fim de março (31). Foto: Reprodução
Secretário-geral da ONU faz discurso durante Cúpula da Liba Árabe em Túnis no fim de março (31). Foto: Reprodução

Na Cúpula da Liga Árabe, na Tunísia, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, reconheceu no domingo (31) a importância da região para o cenário internacional, e pediu cooperação ainda maior entre a ONU e os Estados árabes.

“O Norte da África e o Oriente Médio são lar de memorável dinamismo e potencial. É uma região que há tempos busca construir paz e prosperidade. Acredito ser vital para esta região assumir este destino”, disse ao salão repleto de líderes políticos dos 22 Estados-membros da Liga. “As Nações Unidas não têm outra agenda além de apoiar estas aspirações, em espírito de solidariedade e união”.

Citando as muitas contribuições do mundo árabe à civilização global ao longo da história, ele também expressou admiração pela maneira com a qual muitos países estão “estendendo memorável hospitalidade às ondas e ondas de refugiados, em um contexto em que, infelizmente, muitas outras fronteiras estão se fechando”.

O secretário-geral então destacou os “ventos turbulentos” que afetaram a região, das “guerras no Iêmen e na Síria”, à “ascensão e queda do Estado Islâmico” e “a persistente negação do direito à autodeterminação do povo palestino”.

“Peço fortemente união do mundo árabe como uma condição fundamental para paz e prosperidade na região, e para evitar deixar a região vulnerável à interferência de partes estrangeiras com efeitos desestabilizadores”, disse, pedindo uma visão regional enraizada em cooperação, respeito e interesse mútuo.

Guterres mencionou a necessidade de “desfazer o nó da insegurança, não permitir espaço para sectarismo, e entregar paz, estabilidade e governança eficaz que o povo da região merece”.

Ele também enfatizou a necessidade de “criar empregos e oportunidades econômicas, manter direitos humanos para todos, avançar com igualdade de gênero e empoderamento de mulheres e promover o Estado de Direito, a diversidade, as liberdades fundamentais e os valores democráticos”.

Quatro imperativos para combater os “ventos turbulentos”

O chefe da ONU falou também dos quatro assuntos específicos na região que podem se beneficiar de uma abordagem abrangente, começando pelo imperativo para uma solução de dois Estados, para Israel e Palestina.

“Vivendo lado a lado em paz dentro de fronteiras seguras e reconhecidas, e com Jerusalém (Al-Quds) como capital de ambos os Estados”, disse.

“Não há Plano B: sem dois Estados, não há solução”, afirmou, destacando que a violência atual em Gaza é um lembrete trágico da fragilidade da situação.

A segunda questão específica mencionada foi o conflito no Iêmen. “Após avanços de dezembro em Estocolmo, continuamos trabalhando de perto com as partes para alcançar progresso em direção à remobilização de forças em Hodeida e à abertura de corredores humanitários no caminho para uma solução política para o Iêmen”.

Em terceiro lugar, a respeito do conflito de oito anos na Líbia, ele elogiou o recente progresso em direção à construção de um consenso político para convocação da Conferência Nacional. “Tenho esperança de que maior progresso pode ser alcançado com um processo político liderado pela Líbia, com apoio da comunidade internacional, dentro do quadro do Plano de Ação da ONU”.

Por fim, ele mencionou que, à medida que “milhões de sírios permanecem deslocados e em necessidade, e dezenas de milhares são arbitrariamente detidos, precisamos continuar trabalhando para criar um caminho político à paz sustentável, na qual todos os sírios sejam escutados e suas necessidades, atendidas”.

“Qualquer resolução do conflito sírio precisa garantir unidade, integridade territorial da Síria, incluindo a região ocupada de Golã”, destacou.

As Colinas de Golã foram tomadas por Israel após a guerra de 1967 e anexadas em 1981. O ato é considerado ilegal pelo Conselho de Segurança da ONU.

Cooperação ainda mais forte entre ONU e Estados árabes

“A região árabe e seu povo fizeram sacrifícios enormes para combater o terrorismo e pagaram o preço mais alto por isso”, disse Guterres, garantindo que “as Nações Unidas estão intensificando apoio aos esforços de Estados árabes nesta luta”.

Ele anunciou que a ONU irá inaugurar em breve no Cairo um novo escritório com a Liga Árabe, buscando cooperação em questões como melhoria das condições de vida para iraquianos e apoio à estabilidade no Líbano.