Síria: Mulheres e crianças poderão sair imediatamente da cidade de Homs, diz enviado da ONU

Em Genebra, autoridades sírias, cujos soldados sitiam a cidade desde o ano passado, autorizaram parte da evacuação. Acesso humanitário também está sendo negociado na conferência.

Parte da cidade de Homs já foi destruída. Foto: ONU /Atiqul Hassan
Parte da cidade de Homs já foi destruída. Foto: ONU /Atiqul Hassan

As autoridades sírias concordaram em permitir que mulheres e crianças deixem imediatamente a cidade de Homs, sitiada por forças a favor do governo desde o ano passado, afirmou no domingo (26) o representante especial conjunto das Nações Unidas e da Liga dos Estados Árabes, Lakhdar Brahimi, após o segundo dia de conversas diretas com membros do governo e da oposição em Genebra.

Ele disse que os funcionários da ONU em Damasco serão informados sobre a decisão o mais rápido possível para que a retirada comece logo na segunda-feira (27). Brahimi espera que, em um futuro próximo, toda a população possa sair.

O acesso humanitário a Homs também é uma das pautas de discussão em Genebra. O prefeito local se reuniu com seus assessores no domingo (26) para chegarem a um acordo sobre como receber a ajuda humanitária necessária e, segundo Brahimi, há negociações para que os grupos armados em Homs não ataquem os comboios.

Além das preocupações humanitárias, detenções, prisões e sequestros também foram tópicos das conversar de domingo.

“O governo pediu que a oposição lhes dê a lista das pessoas que estão detidas nas mãos dos vários grupos armados”, disse Brahimi. A oposição concordou em tentar fazer a lista, porém, como há muitos grupos e alguns deles estão incomunicáveis, não será possível saber com precisão quem está detido e quem já morreu, acrescentou.

As negociações continuam nesta segunda-feira (27) com as duas partes fazendo “algumas afirmações gerais sobre o futuro”.

O objetivo da conferência é alcançar uma solução política para o conflito através de um acordo global entre os dois lados para a plena implementação do comunicado de Genebra, adotado após a primeira reunião internacional sobre o assunto no dia 30 de junho de 2012.

O comunicado estabelece passos-chave para acabar com a violência. Dentre eles, o estabelecimento de um governo de transição com plenos poderes executivos e composto por membros do atual governo, da oposição e de outros grupos.

Mais de 100 mil pessoas foram mortas e cerca de 9 milhões expulsas de suas casas desde o início do conflito em março de 2011, quando vários grupos opositores começaram a lutar pela derrubada do presidente Bashar al- Assad.

Atualmente, mais de 9,3 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária, sendo que mais de 2,5 milhões delas vivem em áreas onde o acesso é seriamente limitado ou inexistente.