Sri Lanka: Falha em garantir continuidade do trabalho da ONU é “inaceitável”, aponta Secretário-Geral

O Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu nesta quinta-feira (8) ao governo do Sri Lanka que garanta que a ONU possa realizar o seu trabalho no país, sem interrupção. O pedido veio depois que um ministro local anunciou que fará uma greve de fome do lado de fora de um dos escritórios da Organização em Colombo, local que tem sido palco de protestos há vários dias.

“O Secretário-Geral considera inaceitável que as autoridades cingalesas não tenham conseguido manter a ordem, prejudicando o funcionamento normal dos escritórios das Nações Unidas em Colombo, como resultado de protestos desordeiros organizados e liderados por um ministro do governo”, afirmou Ban Ki-moon, em declaração emitida por seu porta-voz.

Os protestos na capital, envolvendo centenas de pessoas, foram liderados pelo ministro da Habitação Wimal Weerawansa, que teria dito hoje (quinta 8) que não vai comer até que a ONU se desfaça de uma comissão consultiva criada no mês passado. Ban Ki-moon criou o referido painel com três membros para aconselhá-lo sobre questões relativas à responsabilização de violações de direitos humanos internacionais e do direito humanitário durante os estágios finais do conflito que terminou em maio de 2009, envolvendo o governo e rebeldes dos Tigres de Libertação do Tamil Eelam (LTTE, na sigla em inglês).

“O Secretário-Geral apela ao governo do Sri Lanka para atuar de acordo com suas responsabilidades para com as Nações Unidas, enquanto país de acolhimento, de modo a assegurar a continuidade do trabalho vital da Organização para ajudar o povo do Sri Lanka, sem qualquer obstáculo adicional”, disse o comunicado.

Ban Ki-moon acrescentou que, à luz dos últimos acontecimentos, chamará a Nova York para consultas o Coordenador Residente da ONU no Sri Lanka, Neil Buhne. Ele também decidiu fechar o Centro Regional de Colombo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Governo havia prometido segurança

Desde o início dos protestos, a ONU está monitorando de perto a situação em Colombo, após os protestos de terça-feira (06). A Organização havia recebido garantias pela segurança do seu pessoal, por parte do governo do Sri Lanka. Centenas de pessoas participaram dos protestos, que foram supostamente liderados pelo ministro da Habitação.

Segundo o porta-voz da ONU, Farhan Haq, o chefe de Pessoal do Secretário-Geral Ban Ki-moon, Vijay Nambiar, reuniu-se na terça-feira (6) com o Embaixador do Sri Lanka na ONU, Palitha Kohona, que havia dado “completas e claras” garantias para a segurança pessoal de membros da ONU no país. De acordo com Haq, o próprio ministro Weerawansa havia dito em uma conferência de imprensa que os funcionários das Nações Unidas seriam autorizados a entrar e sair do complexo em que trabalham. “Confiamos que o governo do Sri Lanka irá honrar os compromissos assumidos no sentido de garantir a segurança dos nossos funcionários, de modo que eles possam continuar o trabalho vital que está sendo realizado pelas Nações Unidas a cada dia para ajudar o povo do Sri Lanka” declarou Haq a repórteres em Nova York, na terça 6.

A equipe da ONU no país (conhecida como UN Country Team, UNCT) confirmou na quarta-feira (07) que a equipe essencial voltaria ao trabalho normal a partir de hoje (08). “No entanto, como existem algumas indicações de que manifestantes permanecem fora do complexo, a UNCT irá avaliar se todos os funcionários podem voltar em breve”, concluiu o porta-voz.