ACNUR lamenta regresso forçado dos refugiados ruandeses em Uganda

Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) lamentou na última sexta-feira (16) o regresso forçado de ruandeses em Uganda em meio a relatos de brutalidade policial ter sido utilizada para deportar os requerentes de asilo.

Na quarta-feira (14), a polícia em Uganda realizou uma operação para prender e expulsar cerca de 1.700 refugiados ruandeses dos assentamentos Nakivale e Kyaka, no sudoeste de Uganda.

No assentamento Nakivale, os ruandeses que procuravam asilo foram reunidos sob pretexto de que eles seriam informados sobre os resultados dos seus pedidos de asilo, mas o pânico irrompeu quando a polícia atirou. De acordo com Melissa Fleming, porta-voz do ACNUR, a força foi usada para empurrar as pessoas para dentro de caminhões, e assim os refugiados foram levados para a fronteira com Ruanda.

Enquanto isso, no assentamento Kyaka, policiais e homens armados cercaram um armazém do Programa Mundial de Alimentos (PMA) cheio de refugiados, que acreditavam que estavam ali para receber alimentos. Aqueles que não conseguiram escapar foram forçados para dentro de caminhões, assim como em Nakivale, e Fleming acrescenta que muitos não tiveram permissão para levar seus pertences pessoais com eles. Além disso, dois homens que saltaram dos caminhões no caminho de volta para Ruanda morreram e algumas crianças foram separadas de seus pais.

Mais de duas dúzias de pessoas que não foram deportadas foram feridas, algumas por policiais. Entre os feridos há seis grávidas que foram tratadas em um hospital local e depois liberadas. O ACNUR está entrevistando os feridos nos assentamentos e rastreando os separados de suas famílias na deportação. “Embora o ACNUR tivesse amplo conhecimento de um acordo entre os dois países para retornar os que não conseguissem receber asilo, ele não foi informado sobre quando isso se daria, nem sobre a natureza desta operação”, disse Fleming. Ela acrescentou que as equipes de emergência nos assentamentos foram convidadas a deixar a cena no momento dos incidentes.

As operações foram orientadas para não oferecer asilo, mas o ACNUR recebeu confirmação de que refugiados reconhecidos estavam entre os que retornaram a Ruanda. Em Kyaka, uma mulher disse à agência que seus dois filhos estavam no grupo enviado de volta, apesar de ela e toda sua família terem sido reconhecidos como refugiados.