ONU registra aumento massivo de número de pessoas recebendo tratamento para AIDS

Dois novos relatórios da ONU apontaram que o número de pessoas recebendo tratamento contra o AIDS aumentou de cerca de um milhão para 5,2 milhões, registrando o maior salto da história. No entanto, a contribuição dos doadores foi estagnada por causa da crise global.

O enorme aumento do número de pessoas recebendo tratamento é “um avanço extremamente encorajador”, disse o Subdiretor para AIDS, Tuberculose, Malária e Doenças Tropicais da Organização Mundial da Saúde (OMS), Hiroki Nakatani, no lançamento de um dos relatórios. A agência destacou a necessidade de realizar um diagnósticos e tratamentos de modo mais ágil, para pessoas que vivem com o vírus e que ainda não apresentam a doença. “O tratamento inicial nos dá a oportunidade de permitir que as pessoas vivam com HIV e permaneçam saudáveis, prologando o tempo de vida”, disse o Diretor de HIV/AIDS da OMS, Gottfried Hirnschall.

As mortes relacionadas ao vírus da AIDS podem ser reduzidas em 20% entre 2010 e 2015 se as diretrizes para o tratamento forem amplamente implementadas, ajudando a prevenir doenças como a tuberculose, causa número um das mortes de pessoas portadoras de AIDS. A OMS observou que, iniciando o tratamento mais cedo, as mortes por tuberculose podem ser reduzidas até em 90%.

Apesar do surto no número de pessoas recebendo tratamento, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) observou, num novo relatório, que os esforços na luta contra a AIDS se estagnaram por causa da recessão global. No ano passado, o G8, a Comissão Européia e outros órgãos governamentais doaram 7,6 bilhões de dólares a países em desenvolvimento, diminuindo levemente a doação de 2008, que foi de 7,7 bilhões.

“A redução nos investimentos está prejudicando a resposta contra a AIDS”, disse Michel Sidibé, Diretor Executivo do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS). Sidibé ressaltou que cinco milhões de pessoas “estão vivas por causa do tratamento”. Adicionalmente, as taxas de infecção caíram 17% desde 2001. Porém, “10 milhões de pessoas estão esperando por qualquer tipo de tratamento e temos evidências de que em muitos países, muitas clínicas que oferecem tratamento e esperança estão tendo que dispensar pessoas, incluindo mulheres grávidas que correm o risco de passar a doença a seus filhos.”

O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, também manifestou por meio de um vídeo sua preocupação com os obstáculos para vencer a epidemia. “Devemos assegurar que nossas conquistas recentes não sejam invertidas”, disse. Ban Ki-moon destacou a necessidade de recursos adicionais em áreas que “têm sido negligenciadas por muito tempo”, especialmente a saúde materna. Também sublinhou os fortes laços entre os esforços contra a AIDS e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).

O UNICEF identificou a alarmante intensificação da epidemia no Leste da Europa e na Ásia Central, estimulada pelo uso de drogas e pelo comportamento sexual de alto risco. Na sua nova publicação, o UNICEF apontou que os jovens marginalizados estão diariamente expostos a múltiplos riscos, incluindo uso de drogas, sexo comercial e outras formas de exploração e abusos, colocando-os num risco muito maior de contrair HIV. Vivem na região 3,7 milhões de usuário de drogas injetáveis, quase um quarto do total do mundo.