Ataque à aldeia síria teve como alvo desertores e ativistas, relata missão da ONU

Um comboio de observadores da ONU viaja na Síria. Foto: UNSMIS.
Observadores das Nações Unidas que retornaram à aldeia síria de Tremseh disseram no domingo (15) que, com base no que viram e nos relatos de testemunhas, o ataque ocorrido há três dias foi direcionado aos desertores do Exército e ativistas.
Funcionários da Missão de Supervisão da ONU na Síria (UNSMIS) verificaram mais de 50 casas queimadas ou destruídas, de acordo com um comunicado divulgado no mesmo dia. Eles notaram ainda que “poças de sangue e massa encefálica foram observados em uma série de casas.”
A investigação baseou-se em uma visita in loco e entrevista com 27 moradores da região, indicando com detalhes o ataque que começou nas primeiras horas do dia 12 de julho com o bombardeio da aldeia, seguido de operações terrestres.
“Segundo os entrevistados, o Exército estava realizando buscas casa a casa, perguntado por homens e por suas carteiras de identidade. Eles relataram que, depois de verificar a sua identificação, muitos foram mortos. Outros homens foram levados para fora da aldeia.”
“Com base na destruição observada na cidade e nos relatos de testemunhas, o ataque parece destinado a desertores do Exército e ativistas”, disse o comunicado. Observadores da ONU também confirmaram o uso direto e indireto de armas, incluindo artilharia, morteiros e armas de pequeno porte.
A Missão acrescentou que o número de vítimas ainda é incerto e que está fazendo a verificação completa.
O ataque de quinta-feira (12), que teria resultado em mais de 200 mortes, foi condenado por funcionários da ONU, bem como pelo Enviado Especial Conjunto da ONU e da Liga dos Países Árabes para a Síria, Kofi Annan, que disse que o ataque violou o compromisso do Governo com o plano de paz de seis pontos.
Esse plano prevê o fim da violência, o acesso de agências humanitárias para prestar socorro aos necessitados, a libertação dos detidos, o início de um diálogo político inclusivo e o livre acesso ao país para a mídia internacional.
Annan visita Moscou a partir de hoje (16) para dois dias de conversações com o presidente russo, Vladimir Putin, e Ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, sobre a crise na Síria.
Enquanto isso, o Vice-Secretário-Geral, Jan Eliasson, reuniu-se ontem (15) com o Secretário-Geral da Liga dos Países Árabes, Nabil Elaraby, paralelamente à Cúpula da União Africana em Adis Abeba, Etiópia. Eles compartilharam suas fortes preocupações com a situação na Síria e expressaram apoio ao trabalho de Annan e do plano de seis pontos.
A ONU estima que mais de 10 mil pessoas, a maioria civis, foram mortas na Síria, com dezenas de milhares de deslocadas desde o início do levante contra o Presidente Bashar Al-Assad, que começou em março de 2011. Leia o relato completo dos observadores da ONU clicando aqui.