Ataque contra capacete-azul egípcio no Mali pode representar crime de guerra, diz ONU

As tropas da MINUSMA baseadas em Kidal, no extremo norte do Mali, garantem a segurança da população civil. Foto: MINUSMA / Harandane Dicko
As tropas da MINUSMA baseadas em Kidal, no extremo norte do Mali, garantem a segurança da população civil. Foto: MINUSMA / Harandane Dicko

Uma mina terrestre improvisada que explodiu e atingiu um comboio das Nações Unidas no Mali, matando um “capacete-azul” do Egito e ferindo quatro outros, pode constituir um crime de guerra, afirmou o chefe da Organização no sábado (20).

A mina foi colocada em uma estrada próxima à fronteira com a Burkina Faso e os veículos pertenciam à missão de paz da ONU no Mali, a MINUSMA.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, emitiu um comunicado no sábado à noite em Nova Iorque dando detalhes do ataque. Os veículos estavam em rota entre Douentza e Boni, na região de Mopti.

“Membros da MINUSMA responderam, matando um agressor e prendendo outros oito”, disse o chefe da ONU em mensagem emitida por seu porta-voz, Stéphane Dujarric. “O secretário-geral expressa suas mais profundas condolências à família da vítima e ao governo do Egito. Ele deseja uma rápida recuperação aos feridos.”

Ataques “mirando membros das forças de paz das Nações Unidas podem constituir crimes de guerra sob o direito internacional”, afirmou no comunicado.

Guterres pediu para autoridades do Mali tomarem ações rápidas para identificar os autores deste ataque e levá-los à justiça.

Em publicação no Twitter, o subsecretário-geral da ONU para Operações de Paz, Jean-Pierre Lacroix, também expressou condolências à família do soldado morto, destacando que ele e seus colegas do Egito estavam “realizando a tarefa crítica de proteger comboios”.

O mandato da MINUSMA do Conselho de Segurança começou após milícias extremistas tomarem controle do norte do país em 2012, Após uma tentativa fracassada de golpe, elas foram afastadas pela ação militar francesa no ano seguinte.

Um acordo de paz apoiado pela ONU em 2015, assinado entre o governo e diversos grupos armados, não conseguiu estabilizar as regiões centrais e setentrionais do país.

Mais cedo, nesta semana, de acordo com relatos da imprensa, o primeiro-ministro renunciou junto a seu gabinete na capital, Bamako, perante amplas críticas de todo o espectro político por conta do fracasso em acabar com a violência ao norte.

Desde 2013, quando a MINUSMA teve início, mais de 190 capacetes-azuis morreram no Mali, incluindo quase 120 mortos durante ataques.

Guterres reafirmou que as baixas mais recentes “não irão diminuir a decisão das Nações Unidas de continuar apoiando o povo e o governo do Mali em sua busca por paz e estabilidade”.