Ataques significam que ebola continuará se espalhando na RD Congo, diz OMS

Trabalhador de saúde cuida de criança em isolamento em centro de tratamento do ebola em Beni, Kivu do Norte, República Democrática do Congo. Foto: UNICEF/Guy Hubbard
Trabalhador de saúde cuida de criança em isolamento em centro de tratamento do ebola em Beni, Kivu do Norte, República Democrática do Congo. Foto: UNICEF/Guy Hubbard

O agravamento dos problemas de segurança no leste da República Democrática do Congo, marcado por ataques contra clínicas para tratamento do ebola, indica que o vírus mortal irá se espalhar ainda mais, afirmou a Organização Mundial da Saúde (OMS) no início deste mês (1º).

Em Genebra, o porta-voz Christian Lindmeier condenou na semana passada ataques contra duas instalações dos Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Katwa e Butembo.

Segundo Lidmeier, a OMS continua com suas operações para superar o atual surto de ebola.

Até o momento, a agência e seus parceiros dependem de proteção armada de forças de paz da Missão de Estabilização das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUSCO) para operar na região, que abriga mais de 100 grupos armados não estatais.

À luz dos ataques recentes e discussões intensificadas com forças da MONUSCO e com autoridades, Lidmeier afirmou que a agência continua trabalhando para melhorar a segurança e assim garantir a proteção de pacientes e funcionários.

Ele acrescentou que, considerando o agravamento da situação, existe a “possibilidade de um aumento em casos de ebola”. “Isto é um fato definitivo”, declarou.

De acordo com autoridades da saúde da República Democrática do Congo, o surto mais recente de ebola, que começou em 1º de agosto de 2018, deixou 555 mortos.

Houve 885 casos do vírus – que é endêmico no vasto país, causando febre alta, hemorragias e morte em cerca de 60% dos casos. No total, foram 820 infecções confirmadas e 65 prováveis casos.

Lidmeier confirmou que, após o ataque incendiário na instalação de Butembo na semana passada, quatro pacientes fugiram do local. Segundo Lidmeier, eles abandonaram o tratamento.

Funcionários da OMS e do MSF não ficaram feridos. No entanto, há membros da segurança entre vítimas.

“É uma reação muito compreensível que, sob fogo, você tente salvar sua própria vida mais do que qualquer coisa”, disse o porta-voz da OMS, em relação aos pacientes desaparecidos. “Três já retornaram voluntariamente, é preciso destacar – eles entenderam o quanto isso era importante –, e o quarto paciente, por qualquer razão que seja, ainda não voltou ou não foi encontrado”, disse.

Segundo o porta-voz, encontrar o paciente precisa ser uma prioridade no momento, assim como identificar todas as pessoas com as quais ele teve contato.

Além dos ataques contra centros de tratamento do ebola, agentes de saúde enfrentaram níveis variantes de resistência de algumas comunidades locais para tentar rastrear pessoas que podem ter entrado em contato com o vírus.

“Além de obstáculos que enfrentamos, há rumores nas comunidades de que o vírus nem mesmo exista”, disse Lidmeier. “Se esses rumores continuarem, isso facilita grupos não acreditarem no que veem e no que os pacientes estão passando. Prejudica as operações”.

Após o ataque mais recente em Butembo, pacientes foram transferidos para um centro em Katwa.