Capacitação profissional gera emprego para solicitante de refúgio em Manaus

Uma iniciativa conjunta entre o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e o Serviço Nacional do Comércio (SENAC) do Amazonas está capacitando solicitantes de refúgio em Manaus para o mercado de trabalho, com resultados positivos já alcançados: o colombiano Victor Ibarra (*) é o novo garçom de um recém-inaugurado bar da cidade.

Victor chegou ao Brasil há pouco mais de um ano, em busca de refúgio. Vivendo em Manaus, teve que trabalhar como autônomo para sobreviver. No mês passado, começou a frequentar as aulas do curso “Técnicas de Atendimento em Bares”, oferecido pelo SENAC. E acabou sendo contratado pela champanheria “A Viúva”, onde fez as aulas práticas.

Graças à iniciativa do SENAC e do ACNUR, o solicitante de refúgio colombiano Victor Ibarra consegiu emprego em uma champanheria de Manaus. Foto: ACNUR/ I.Pereira.

Graças à iniciativa do SENAC e do ACNUR, o solicitante de refúgio colombiano Victor Ibarra consegiu emprego em uma champanheria de Manaus. Foto: ACNUR/ I.Pereira.

A primeira edição do curso durou entre os dias 25 de abril e 06 de maio e disponibilizou vagas para solicitantes de refúgio atendidos pelo ACNUR e pela Cáritas Arquidiocesana de Manaus. Cinco colombianos e três haitianos participaram do curso.

“Estou muito feliz com a oportunidade e com as portas que foram abertas para mim. Agora trabalho formalmente, o que me dá mais estabilidade”, diz Victor, que está satisfeito com o emprego. “Como trabalho à noite, posso me dedicar a outras atividades de aperfeiçoamento durante o dia”, afirma o colombiano, que ainda está em contrato temporário. Ele espera efetivar sua contratação nos próximos meses.

As aulas do curso se dividiram em módulos práticos e teóricos, totalizando 40 horas. Durante o curso teórico, os participantes aprenderam regras de atendimento, elaboração de drinks e noções de etiqueta.

“É a primeira vez que esse tipo de parceria acontece, e o resultado foi muito positivo”, afirma a assistente do ACNUR de Manaus, Thaís Severo. De acordo com ela, o curso continuará sendo oferecido, envolvendo também refugiados já reconhecidos pelo governo brasileiro. As vagas fazem parte do Programa SENAC de Gratuidade.

Os aprendizes praticaram a teoria do curso em três bares conhecidos da capital amazonense. Ao término das aulas, todos receberam um certificado. “O SENAC é uma instituição reconhecida. Para nós, o certificado é muito valioso, pois abre portas”, revela Victor Ibarra.

Seguindo os passos da parceria com o SENAC, o Centro de Serviços de Psicologia Aplicada (CSPA) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) vai oferecer atendimento psicológico gratuito para solicitantes de refúgio e refugiados. A parceria entre a Cáritas Arquidiocesana de Manaus e o CSPA vale para este semestre, podendo ser renovada até o final do ano. Os atendimentos já começaram e estão sendo feitos por dois alunos, supervisionados por seus professores.

Além disso, solicitantes de refúgio e refugiados de Manaus também poderão participar de um curso de português oferecido pelo Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (CETAM). Inicialmente, as aulas acontecerão uma vez por semana, mas a expectativa é de que em breve esse número aumente para três encontros semanais. O curso tem uma carga horária de 40h/aula e o material que será utilizado foi elaborado pela Universidade Estadual do Amazonas (UEA).

“Muitos dos solicitantes de refúgio que chegam ao Brasil pela região amazônica começam seu processo de integração local em Manaus. Por isso, a capacitação profissional, os serviços de atendimento psicológico e as aulas de português são fundamentais para o acolhimento dessas pessoas”, avalia o representante do ACNUR no Brasil, Andrés Ramirez.

(Por Mariana Muniz, de Brasília, para o ACNUR)