Darfur: relatório recente de Ban Ki-moon mostra que violência continua

UNAMID patrulha o campo de Kalma para pessoas deslocadas internamente em Nyala, Sul de Darfur, Sudão. Foto: ONU.Embora o número de confrontos em Darfur tenha diminuído, combates mortais entre comunidades da região continuam, declarou o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, em um novo relatório. O ataque ocorrido em 2 de setembro por um grupo não identificado de homens armados supostamente vestidos em uniformes militares, em um mercado na aldeia de Tabarat, deixou cerca de 40 pessoas mortas e feriu outras 35. Cerca de 3 mil pessoas fugiram para uma aldeia vizinha após o incidente.

Este incidente e a violência nos campos de Kalma e Hamadiya a pessoas deslocadas internamente (PDI) é “indicativo da fragilidade contínua da situação de segurança”, afirmou Ban em seu último relatório ao Conselho de Segurança sobre a missão de paz conjunta das Nações Unidas-União Africana em Darfur (UNAMID). Ele condenou o “hediondo” ataque de Tabarat, elogiando os esforços do Governo sudanês de investigar, processar e punir os responsáveis. Confrontos entre governo e forças rebeldes desestabilizaram algumas áreas de Darfur, causaram novos deslocamentos e impediram a entrega de ajuda humanitária.

A prevalência de armas de pequeno porte, a disputa pela terra e a tensão envolvendo recursos hídricos da região estão entre as muitas razões pelas quais os confrontos intercomunitários continuarão no futuro, alertou o relatório. Ban destacou “sinais encorajadores” mostrados pela nova estratégia do Governo sudanês para alcançar a paz em Darfur, que será complementada por um investimento de 1,9 bilhão de dólares destinados para o desenvolvimento socioeconômico da região. O processo de paz deve ser inclusivo e amplo para ser bem sucedido, mas os líderes dos dois grupos-chave – a facção de Abdul Wahid do Exército de Libertação do Sudão (SLA Abdul-Wahid, na sigla em inglês) e o Movimento Justiça e Igualdade (JEM) – continuam a abster-se de participação nas conversas sobre paz.

De acordo com o relatório, que será discutido no Conselho na próxima semana, o governo ainda não mostrou disposição para fazer concessões suficientemente atraentes para essas partes, impedindo que as negociações sejam inclusivas. A UNAMID foi estabelecida pelo Conselho de Segurança em 2007 para proteger os civis em Darfur, onde um número estimado de 300 mil pessoas foram mortas e outras 2,7 milhões perderam suas casas desde que a violência eclodiu em 2003, colocando rebeldes contra as forças do Governo e seus aliados milicianos Janjaweed.