Dia Internacional da Não-Violência – 2 de outubro de 2011

Mensagem de Ban Ki-moon, Secretário-Geral das Nações Unidas

This sculpture is a gift from the Government of Luxembourg and was presented to the United Nations in 1988. It consists of a large replica in bronze of a .45-calibre revolver, the barrel of which is tied into a knot. It was created in 1980 as a peace symbol by Swedish artist Carl Fredrik Reuterswärd, and is located at the Visitors' Plaza, facing First Avenue at 45th Street. (UN Photo/Michos Tzovaras)

Nós marcamos este Dia Internacional da Não-Violência em um mundo dramaticamente alterado desde nossa última celebração. O poderoso motor por trás desta onda de mudanças – começando na Tunísia e depois se espalhando pelo Norte da África, pelo Oriente Médio e por outros lugares – não foi outro senão uma luta não-violenta por democracia e direitos humanos.

Os indivíduos – muitos deles jovens – no comando e no coração destes movimentos derrubaram regimes de longa data, repreenderam aqueles que fazem uso da violência e incentivaram outros povos oprimidos a pensar que o caminho da não-violência pode funcionar para eles também.

Há um alto risco para aqueles que olham para o cano de uma arma munidos apenas do conhecimento que eles têm direito. Mas indivíduos corajosos que acreditam e fazem uso da não-violência deixam os opressores diante do que é, para eles, uma opção desagradável – reprimir mais severamente ou negociar. A primeira opção simplesmente revela a falência dos sistemas que eles estão defendendo, enquanto a última pode muito bem definir a mudança em movimento. É por isto que a não-violência frequentemente confunde aqueles que a enfrentam; é por isto que a não-violência é tão poderosa.

A Carta das Nações Unidas claramente prioriza uma abordagem pacífica, não-violenta como seu primeiro recurso – utilizando meios como a negociação, a mediação, a arbitragem e a solução judicial.

Quando o Conselho de Segurança sancionou o uso de medidas coercivas, como foi feito no início desde ano na Líbia e na Costa do Marfim, foi para proteger os civis – e mesmo assim apenas como última medida, diante da violência.

Nosso trabalho de não-violência para construir sociedades pacíficas e estáveis assume diversas formas – da promoção de valores e normas ao estabelecimento de instituições. O Estado de Direito, o desenvolvimento sustentável, a construção e a manutenção da paz – estes são os elementos da agenda da ONU para uma mudança não-violenta. Nós estamos nos esforçando para intervir mais cedo, antes das tensões aumentarem, e mais rapidamente quando elas o fizerem. Estamos fortalecendo nossas parcerias estratégicas para que nós possamos responder mais rapidamente às crises, ao mesmo tempo em que apoiamos as instituições nacionais para o diálogo e a mediação.

O Dia Internacional coincide com o aniversário do nascimento de Mahatma Gandhi, líder do movimento histórico e não-violento da Índia por independência. Sua abordagem transformadora e transcendente tem raízes profundas no passado da Índia. Cerca de dois mil anos antes, o imperador Ashoka renunciou ao recurso da guerra e se dedicou ao desenvolvimento pacífico de sua sociedade. Sua ideia de paz e não-violência se estendeu à proteção de animais e árvores – a sustentabilidade à frente do seu tempo.

Outros pelo mundo também levantaram esta bandeira, de Chico Mendes, no Brasil, ao reverendo Martin Luther King Jr., nos Estados Unidos, de Nelson Mandela, na África do Sul, à professora Wangari Maathai, no Quênia. Todos estes líderes inspiraram movimentos globais aos quais se juntaram inúmeros outros, que abraçaram a não-violência como um valor fundamental e um princípio vital.

O valor atemporal da não-violência, que tanto já realizou no último ano, tem um papel vital a desempenhar em todos os países, inclusive em democracias estabelecidas. Neste Dia Internacional, vamos novamente nos comprometer em apoiar a não-violência. A não-violência não é apenas uma tática eficaz; é uma estratégia e uma visão definitiva. Fins duráveis como a paz só podem ser alcançados através de meios duráveis – a não-violência.