Massacre em igreja deixa deslocados centro-africanos sem lugar para se abrigar, diz ONU

Deslocados se abrigam em uma igreja de Bossangoa, na República Centro-Africano. Foto: ACNUR/B. Heger

O ataque a uma igreja que abrigava 9 mil pessoas, nesta quarta-feira (28) na capital da República Centro-Africana (RCA), Bangui, coloca em risco alguns um dos últimos refúgios para aqueles que fogem da violência desenfreada no país assolado pela guerra, afirmou o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) nesta sexta-feira (30). Em Bangui, 32 dos 43 locais de refúgio para os deslocados são instituições religiosas.

“Igrejas, mosteiros e mesquitas eram, até agora, considerados refúgios seguros para pessoas deslocadas internamente em toda a RCA”, afirmou a porta-voz da ACNUR, Fatoumata Lejeune.

Segundo o ACNUR, os agressores chegaram em caminhões e lançaram granadas na igreja antes de abrir fogo com armas de pequeno calibre. Dezessete pessoas morreram, incluindo o sacerdote, e 27 civis estão desaparecidos, podendo ter sido sequestrados. Duas crianças e dois adultos não resistiram aos ferimentos e morreram um dia após o massacre. No momento do atentado, o local hospedava 9 mil pessoas deslocadas internamente.

“O ACNUR condena veementemente este ataque contra civis inocentes. Chamamos novamente todos os envolvidos no conflito armado para proteger os civis, de acordo com suas obrigações sob o direito internacional”, disse Lejeune. “Também apelamos a todos para permitir a entrega de ajuda humanitária e livre acesso às pessoas que necessitam de proteção e ajuda.”

Este ataque em Bangui está entre os piores aos locais que abrigam pessoas deslocadas, desde que os rebeldes Séléka foram expulsos do poder em janeiro de 2014. As violações dos direitos humanos e os confrontos deixaram 2,2 milhões pessoas necessitando de ajuda humanitária, o que representa metade da população do país.